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Família de jovem morto em cerco policial nega confronto e pede Justiça

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Foto: Arquivo Pessoal

O morador morto no último sábado(17), no povoado Matões, em União (a 59 km de Teresina), foi identificado como o agricultor Walvestre Alves Mendes, de 26 anos. O crime aconteceu quando a polícia procurava por supostos bandidos do assalto ao Banco do Brasil de Miguel Alves, cidade vizinha ao povoado. A família nega que o tiro fatal, que acertou o tórax no lado esquerdo, tenha sido durante o confronto entre polícia e bandidos e pede justiça.

De acordo com o primo da vítima, Geison Ferreira de Oliveira, Walvestre foi morto, por volta das 22h, quando retornava para casa com umas cascas de laranja secas dentro do bolso para fazer um chá. Ele estava de bicicleta. 

“Ele tinha ido buscar umas folhas de boldo na casa de uma tia, que é vizinha, mas mora um pouco distante. Quando chegou lá não tinha boldo e ele voltou com as cascas de laranja. No caminho, a polícia abordou e deu ordem de parada e como ele nunca tinha visto aquele movimento, não obedeceu e atiraram. Ele vivia livre e de repente chega 30 viaturas, ele se sentiu acuado e sua reação foi correr”, explica o primo. 

A versão da família é diferente da polícia, que afirma que estava em confronto com bandidos do assalto ao banco, que teriam fugido cerco e ido para a região. 

O delegado Júlio Castro, coordenador da Coordenadoria Operacional de Recursos Especiais (Core) do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), informou que na área havia mais de 40 policiais militares, inclusive do Ceará, em cerco aos bandidos. E que havia um pedido para os moradores ficarem em casa, mas que segundo ele, estavam insistindo em sair.

“Foram três confrontos em dois dias naquela região. Fiz as primeiras oitivas sobre o fato (morte) e ouvi algumas pessoas da comunidade e policiais militares. Tinham mais de 40 policiais por lá, até força do Ceará. Segundo informações, já havia tido uma troca de tiros por volta das 17 horas e teria tido um novo confronto e que o morador passou correndo nesse momento. A versão realmente está divergente da família, mas a própria família disse que tinham bandidos na região”, afirmou o delegado ao Cidadeverde.com. 

Ele disse que a família deverá ser ouvida pelo delegado que assumir a investigação, já que está voltado para a investigação do assalto. 

O primo de Walvestre disse que tentou prestar boletim de ocorrência ainda no sábado, mas que precisava do atestado de óbito e ficou de retornar à Delegacia de União. “Nós queremos justiça. Ele era um menino inocente, alegre, que vivia sozinho com a avó, era agricultor, não tinha maldade, nunca foi preso. Nós não vamos deixar impune”, disse Geison Oliveira. 

Geison também reclamou como a polícia "recolheu" o corpo da vítima. "Jogaram ele em cima de uma viatura e botaram a bicicleta por cima. Um absurdo! Ele não merecia isso. Filmaram a chegada no hospital", ressaltou.  

 

O secretário de Segurança, coronel Rubens Pereira, que esteve na região neste domingo(18) disse que quer a apuração transparente dos fatos. “A família deve ser ouvida. E a conclusão da investigação deve apurar o que aconteceu. Queremos que todos os esclarecimentos sejam feitos de forma clara e transparente”, declarou.  

O corpo da vítima foi liberada no final da tarde deste de ontem e levada para o sepultamento em União. 


Caroline Oliveira
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