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Motoristas voltam a parar 100% dos ônibus; Strans cadastra veículos alternativos

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Fotos: Cidadeverde.com

Atualizada às 10h55

Uma nova greve no transporte coletivo atinge todas as linhas de ônibus em Teresina nesta segunda-feira (08). A categoria alega que não recebeu pagamento referente ao mês de janeiro e protesta ainda contra a redução no salário, o não pagamento do ticket alimentação, plano de saúde e demissão de 50% dos cobradores.

Segundo Francisco Sousa, secretário de Previdência e Assistência do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro), motoristas e cobradores estão prontos para cumprir os 30% da frota em circulação determinado por lei,  mas estariam sendo impedidos. 

"Além de todas essas questões, ainda não fechamos o acordo coletivo de 2021 e a data base janeiro. Nenhuma das empresas pagou o salário referente ao mês de janeiro. Estamos na porta das garagens para cumprir os 30% de ônibus rodando, mas as empresas não querem escalar quem está aqui. Alguns companheiros que estavam escalados aderiram ao movimento e temos que respeitar. Por isso, de algumas garagens saíram quatro ônibus, de outras apenas um. Mas estamos aqui", explica o Sousa.

A categoria reinvindica também o aumento e renovação da frota. "O que a população quer é ônibus na rua. Outro ponto é que com a demissão de 50% dos cobradores, os motoristas vão ter que dirigir e receber a passagem. Isso não vamos aceitar", reitera. 

Francisco Sousa informou que os empresários não estão dando as ordens de serviços.

“Não estão escalando os trabalhadores para manter os 30% da frota dos ônibus”, disse Francisco.

Segundo ele, os motoristas e cobradores ainda não receberam o salário de janeiro, e vários trabalhadores estão sem o plano de saúde e outros benefícios.

A situação se agravou, segundo o Sindicato, já que a proposta do Setut é demitir 50% dos cobradores e reduzir em 50% o salário do motorista de ônibus. Atualmente, a categoria tem 1.400 motoristas e cobradores com salário base de R$ 1.941,00 

A greve é por tempo indeterminado. 

ÔNIBUS CADASTRADOS

Para diminuir os transtornos à população, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) está cadastrando ônibus alternativos. Até o momento, 160 já procuraram o órgão. Mesmo com a medida paliativa, a população tem enfrentado muitos problemas, uma vez que, além da lotação, os veículos não contam com o sistema de bilhetagem eletrônica e o pagamento da passagem só pode ser feito em dinheiro. 

"O número ainda é insuficiente em relação ao transporte público que roda normalmente. Continuamos cadastrando de 7h30 às 13h30. A pessoa que tem um transporte alternativo pode procurar o protocolo da Strans para fazer o cadastro e em seguida será realizada uma vistoria. Temos 160 ônibus alternativos rodando e outros que vão entrar em operação ainda hoje para que seja suprida a necessidade dos ônibus que estão parados. Lembrando que os ônibus cadastrados vão ter que rodar com 70% da sua frota na hora de pico e 30% no entrepico", explica Valdir Lima, diretor de Transporte Público da Strans. 

No transporte regular são cerca de 300 ônibus circulando diariamente pela cidade. 

O Cidadeverde.com entrou contato com o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), que informou, através de nota, que tentou acordo com o Sintetro, mas não conseguiu. Confirmou que os salários dos trabalhadores estão atrasados e justificou dizendo que o repasse da Prefeitura ainda não aconteceu.

Os empresários alegam ainda que a arredacação caiu 75%, com a queda de usuários, devido a pandemia e ao atraso nos repasses da Prefeitura, por causa de ações judiciais e alega que por isso não tem como reajustar os salários. 

A nota termina lamentando os transtornos causados aos usuários. Veja nota na íntegra:

POSICIONAMENTO DO SETUT

O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (SETUT) informa que tentou acordo com o Sintetro a fim de evitar o movimento grevista, contudo não houve um entendimento efetivo entre as partes. 

Na última reunião, o Setut explicou aos representantes a impossibilidade de fechamento de acordo da convenção coletiva, devido aos problemas financeiros enfrentados pela empresa. Também foi explicado aos trabalhadores, que o pagamento que deveria ter sido realizado no último dia 05 não foi feito em decorrência do não repasse da Prefeitura de Teresina referente aos valores devidos, conforme prevê edital do sistema de transporte. 

Atualmente, o setor de transporte público está passando por dificuldades, com condições financeiras precárias, tanto devido à redução na queda de passageiros em função da pandemia, gerando consequente queda de receita como também às dificuldades geradas pelos recorrentes atrasos nos repasses da Prefeitura, que só ocorreram após intervenção através de ações judicias.   

A entidade ressalta ainda que hoje o faturamento das empresas se concentra somente em ¼ do que se arrecadava e não há condições de aumento salarial aos trabalhadores.

A entidade lamenta a mobilização, que causa prejuízos e transtornos aos teresinenses que necessitam, diariamente, utilizar o transporte público.
 

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Graciane Sousa
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