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Médicos intensivistas fazem apelo por medidas restritivas severas

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Médicos da Sociedade de Terapia Intensiva do Piauí (Sotipi) fazem um alerta às autoridades em saúde no estado e um apelo à população para tentar barrar o avanço da Covid-19. Com média de 100 pacientes na fila por um leito de UTI e uma espera que pode durar até sete dias, a médica pneumologista Jyselda Duarte enfatiza que, neste momento, "o que temos para salvar vidas são medidas restritivas mais severas". 

"A população tem que entender que já começamos a pandemia com deficit de leitos de UTI, especialmente, para a população do SUS. Nessa nova onda, a saúde colapsou totalmente. Estamos com deficit, inclusive, nos hospitais privados. A fila de pacientes pra UTI ultrapassa 100 pacientes. Mesmo a gente aumentando leitos de UTI, não podemos garantir um tratamento de excelência, uma vez que não temos profissionais capacitados. Os leitos emergenciais que estão sendo criados não têm profissionais com a capacitação adequada, por isso a mortalidade tão alta. É importante que a população se proteja, independente de decreto", disse a pneumologista. 

O alerta e o apelo da médica também fazem parte de um documento enviado por médicos intensivistas à Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). Um dos trechos cita: "Faltam leitos, equipamentos, profissionais e insumos. Já temos relatos de hospitais com falta de analgésicos e sedativos e com o risco real de falta outros insumos essenciais tais como oxigênio".

Jyselda Duarte acrescenta ainda que a falta de profissionais especializados tem impactado diretamente no grau de mortalidade de pacientes. 

"A mortalidade destes casos em leitos emergenciais é estarrecedora e chega a 80%. E não! não é apenas pela gravidade da doença! em centros médicos onde a equipe é especializada e os cuidados são adequados a mortalidade relatada desses pacientes encontra-se entre 20 a 40%", diz trecho do documento. 

"É de extrema importância esclarecer que mesmo o acréscimo de leitos, equipamentos e insumos, sem que se tenha equipes capacitadas para o atendimento destes pacientes, não será capaz de diminuir a mortalidade. Infelizmente, não temos mais profissionais e não temos como formar intensivistas de forma emergencial. Também não podemos esperar vacinação eficaz em pouco tempo", segue o documento. 

"Para que estes pacientes tenham chance de sobreviver precisamos sair da situação de colapso da saúde. O índice de transmissibilidade precisa ser controlado de forma enérgica e imediata evitando mortes desnecessárias". 

Em entrevista ao Notícia da Manhã, a médica pneumologista frisa que o desabastecimento na rede de saúde é real e reforça o apelo para que a população fique em casa. 

"É real, é nacional, faltam insumos, faltam medicações, faltam sedativos, faltam bloqueadores neuromusculares. Então, nesse momento, é importante cada um se proteger ficando em casa e adotando medidas mais restritivas", orienta a médica. 

 

Graciane Sousa
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