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"Preocupação do mundo é controlar as variantes", diz Carlos Henrique Nery Costa

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O médico infectologista Carlos Henrique Nery Costa informou em entrevista no Jornal do Piauí, nesta quarta-feira (14), que o surgimento das variantes do novo coronavírus já era esperado devido a mutação natural dos vírus.

Ontem (13), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) confirmou a presença de duas variantes no Piauí. Carlos Henrique explica o processo de mutação e que os cientistas já estudam a possibilidade de vacinação periódica contra a Covid-19.  À medida que as variantes sofrem mutação elas passam a ser mais transmissíveis entre as pessoas, alerta o médico.

“A preocupação no mundo é o controle das variantes”, disse o infectologista. 

"A nossa preocupação maior com essas variantes é se elas são capazes de conferir uma doença pouco mais grave ou mais grave, como parece ser o caso da variante inglesa; e se elas têm a capacidade de escapar da proteção das vacinas uma vez que as vacinas são feitas, desenhadas, da variante que circulava há um ano mais ou menos. Agora, surgem novas variantes fazendo com que o reconhecimento dos anticorpos não seja tão fácil como foi originalmente planejado”, diz. 

Carlos Henrique ressalta que as variantes tratam da mesma doença. “É a mesma doença, clinicamente não tem diferença nenhuma. Na verdade, quem mata na covid não é exatamente o vírus, mas a reação da gente à presença do vírus”. 

“Diante da emergência dessas variantes com a capacidade de replicação maior ou menor, eventualmente com maior mortalidade, escape das vacinas, exige que seja planejado, estudado, a possibilidade de fazer anualmente, periodicamente, campanhas de vacinação, como fazemos hoje com a influenza”. 

Processo de mutação 

Carlos Henrique Nery explica como acontece a mutação de um vírus. “A cepa é uma variante, que ocorre normalmente na vida do vírus. O mecanismo de replicação do vírus é imperfeito: nunca uma geração seguinte é igual aos pais, há um pequeno erro, uma pequena mutação. As letrinhas que dão o código genético são modificadas.  Então, os vírus são diferentes uns dos outros. A grande parte das vezes são vírus inviáveis, eles morrem. Eventualmente surge uma variante que tem a capacidade de replicação maior do que a anterior. Então, ela passa a dominar a transmissão”, explica. 

O médico cita o seguinte exemplo: a variante inicial que surgiu a cidade de Wuhan, na China, segundo o infectologista, não existe mais nos dias de hoje; “várias variantes já a substituíram”, diz. “Recentemente surgiu a variante inglesa, da África do Sul e essa variante brasileira identificada em um japonês que passou por Manaus (AM) diagnosticado no Japão”. 

“Nós não sabemos se a variante P1 (brasileira) suscita uma reação mais grave. Temos visto muitos jovens adoecendo agora. Isso está provavelmente ligado ao comportamento dos jovens ou uma capacidade de replicação maior do vírus, que também são incógnitas a serem respondidas no futuro”.  

Carlos Henrique também comenta os dados envolvendo a morte de pessoas sem comorbidades por Covid-19. Ele cita que pode ser uma ação das variantes como também o fato de as pessoas de risco para a doença já estarem recebendo a vacina. “Isso é notório em vários quadros internacionais: a mortalidade dos idosos está diminuindo porque os idosos estão sendo vacinados. É o primeiro sinal que a vacina está protegendo as pessoas. A mortalidade relativamente está deslocando para as faixas mais jovens”. 

“No Piauí, nós temos a plena capacidade técnica de construir uma vigilância genômica das variantes e, com isso, informar os gestores sobre as medidas a serem tomadas em relação à prevenção do vírus”. 

Carlienne Carpaso
[email protected] 

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