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Como estilista, Clodovil acrescentou humor e ousadia à moda

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Antes de ser o apresentador ferino e o político extravagante, Clodovil foi um dos principais estilistas brasileiros.

Quando começou sua carreira, nos anos 50, a moda não era nada disso que se vê hoje. Não existia o prêt-à-porter --essa facção do design feito em escala industrial--, mas ateliês, que criavam roupas exclusivas e sob medida, às vezes luxuosas.

04.fev.1962/Acervo UH

Clodovil Hernandes em imagem de
1962; carreira marcada pela
moda, TV e política
 
"Quando Clodovil apareceu, era ainda a época das roupas mais clássicas, que ele fazia muito bem", diz a consultora de moda Costanza Pascolato, que conheceu o estilista no início dos anos 60. Ela conta que, naquela época, ele dividia com Dener a preferência das mulheres da elite brasileira.

A consultora de moda Gloria Kalil acrescenta Guilherme Guimarães. "Os três eram os mais brilhantes da nossa alta costura, mas Clodovil foi o mais ousado. No início dos anos 70, ele fez uma coleção belíssima, em que vestiu as modelos de saias de tafetá coloridas e camisetas justas estampadas com os símbolos dos times de futebol."

Para Gloria, Clodovil colocou um pouco de brasilidade na "alta costura" do país. "Ele acrescentou uma irreverência e um humor que não existiam. Com a mudança industrial, ele tentou fazer prêt-à-porter e até jeans, mas não deu certo. Acho que isso o deixou meio amargurado, e ele partiu para a televisão", diz.

Costanza recorda que tanto Clodovil quanto Dener --rivais no mundo da moda-- ganharam notoriedade popular graças à TV.

"É um fato muito atípico, pois ambos, que faziam roupas para gente rica, ficaram famosos entre as classes média e baixa."

Na opinião do designer e pesquisador Marco Sabino, autor de "Dicionário da Moda", Clodovil "quis transmitir conhecimento ao público e buscou valorizar ao máximo a moda feita no país".

 
Herchcovitch

O estilista Alexandre Herchcovitch vê no trabalho televisivo a principal contribuição de Clodovil à moda. "A presença dele na TV, fazendo croquis, mas também discutindo outros assuntos além da moda, fez com que o público começasse a prestar atenção nos estilistas."

Uma das únicas vezes --ou a única vez-- em que Clodovil pôs os pés na São Paulo Fashion Week foi em 2003, para ver um desfile de Herchcovitch. "Ele criticava muito a SPFW e a moda brasileira contemporânea. Então achei interessante convidá-lo", conta o DJ Johnny Luxo, amigo de Herchcovitch.

Clodovil gostou do desfile e, no final, entregou ao estilista um buquê de rosas. Um gesto que acabou aproximando dois estilistas de gerações e estilos tão diferentes.
 
 
 
 
Fonte: Folha Online
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