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'Nomadland' é o grande vencedor do Oscar 2021; veja premiados

Foto: Reprodução Instagram @nomadlandfilm

A temporada pandêmica de prêmios hollywoodianos chegou ao fim neste domingo, com a 93ª edição do Oscar, que foi bastante previsível até seus minutos finais. Quebrando a tradição, o prêmio de melhor filme foi anunciado antes dos de ator e atriz, e fez desta a grande noite de "Nomadland", que levou a estatueta máxima e as de direção, para Chloé Zhao, e de atriz, para Frances McDormand.

Logo após a protagonista do longa receber o prêmio, no entanto, uma grande surpresa. Chadwick Boseman, que parecia destinado a receber um Oscar póstumo por "A Voz Suprema do Blues", perdeu para Anthony Hopkins, de "Meu Pai", que se tornou o ator mais velho a vencer, aos 83 anos.

A cerimônia e a mudança na ordem de categorias pareciam pensadas para um encerramento catártico, em homenagem ao astro de "Pantera Negra", mas os votantes quiseram um desfecho diferente.

Também foi um Oscar de marcos históricos. Ao levar a estatueta de direçkão, a chinesa Chloé Zhao se tornou apenas a segunda mulher na história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas a sair vitoriosa na categoria, ao lado de Kathryn Bigelow, por "Guerra ao Terror", em 2009.

Ela também foi a primeira mulher não branca indicada e, portanto, vencedora. Ao lado do sul-coreano Bong Joon-ho, que ganhou no ano passado por "Parasita", e da leva de cineastas mexicanos vitoriosos nos últimos anos, Zhao mostra que a Academia está, mais do que nunca, de olho nos talentos internacionais.

Esses fatos, sozinhos, foram responsáveis por fazer desta uma cerimônia histórica, dando força aos ventos de mudança que sopram sobre a organização desde a adoção de políticas pró-diversidade e a eclosão de movimentos como o MeToo e o #OscarsSoWhite.

Não foi tão histórica, no entanto, a trajetória das plataformas de streaming, neste ano em que a Academia mudou suas regras para tornar longas lançados diretamente no sob demanda elegíveis –uma exceção pandêmica.

A Netflix tinha duas fortes chances de finalmente faturar o troféu de filme, com "Mank" e "Os 7 de Chicago", mas ambos vinham perdendo força nos últimos meses. O último, aliás, acabou totalmente esquecido, apesar de ser o tipo de história que tradicionalmente agrada à Academia. Com isso, a Netflix triunfou apenas em categorias técnicas. Ainda assim, foi o estúdio mais celebrado da noite.

A festa de entrega dos homenzinhos dourados começou no tapete vermelho, que ocorreu em paralelo a um pré-show com performances das músicas indicadas a canção original. Regina King, então, entrou na Union Station para começar os anúncios.

Ela fez questão de deixar claro que a noite de gala, cheia de exceções por causa da pandemia, era à prova de Covid –os que estavam presentes no amplo saguão da estação de trem, sem máscara, foram vacinados, testados, testados novamente e orientados a manter distância dos colegas.

Foi uma cerimônia com pouco glamour e espetáculo, mas muito mais intimista e calorosa do que poderíamos ter imaginado em meio a uma pandemia. Também foi um evento de celebração da diversidade, que deixou claro que Hollywood quer mudanças. Várias menções foram feitas ao assassinato de George Floyd, vale ressaltar.

Quando McDormand e Hopkins receberam os prêmios de atriz e ator, no entanto, uma marca histórica importantíssima deixou de ser alcançada. Este poderia ter sido o primeiro Oscar com apenas atores não brancos triunfando nas quatro categorias de atuação.

McDormand recebeu seu terceiro Oscar e ficou à frente de Carey Mulligan, de "Bela Vingança", que ganhou o Spirit, de Viola Davis, de "A Voz Suprema do Blues", que conquistou o SAG, de Andra Day, de "The United States vs. Billie Holiday", que levou o Globo de Ouro, e de Vanessa Kirby, de "Pieces of a Woman", que embolsou a Coppa Volpi no Festival de Veneza. Era uma corrida dificílima.

Entre os coadjuvantes, no entanto, a diversidade falou alto. Youn Yuh-jung, de "Minari", dominou a temporada e a encerrou com o Oscar de atriz coadjuvante. A escolha fez dela a segunda atriz de ascendência asiática e a primeira sul-coreana a levar a estatueta –antes, apenas a nipo-americana Miyoshi Umeki, em 1958, havia conseguido.

Glenn Close, enquanto isso, bateu um recorde ruim. Indicada pela oitava vez por "Era uma Vez um Sonho", ela empatou com Peter O'Toole como o ator ou atriz com mais nomeações frustradas na história.

Na categoria de ator coadjuvante, Daniel Kaluuya também confirmou o favoritismo, levando o prêmio pelo trabalho em "Judas e o Messias Negro". Mesmo que o quarteto fantástico da diversidade não tenha se formado, as duas vitórias já sugerem mudanças na Academia e na indústria.

Entre os roteiros premiados, "Bela Vingança", escrito e também dirigido por Emerald Fennell, ficou com a estatueta entre os originais. A vitória foi a primeira para uma mulher na categoria em 13 anos. O roteiro adaptado vencedor foi o de "Meu Pai", numa disputa na qual "Nomadland" vinha forte. A produção é uma releitura da peça escrita e agora adaptada pelo dramaturgo francês Florian Zeller.

Categoria na qual o Brasil mais uma vez ficou de fora, a de melhor filme internacional premiou o dinamarquês "Druk - Mais uma Rodada". Thomas Vinterberg, também indicado em direção, recebeu o troféu e o dedicou à filha, morta num acidente. Foi a quarta vitória da Dinamarca.

Provavelmente a mais previsível das categorias deste ano, a de melhor animação laureou "Soul", primeiro filme da Pixar com um protagonista negro. Um esforço em prol da diversidade que foi bem recompensado –mas, no palco, foram produtores brancos que aceitaram o tão cobiçado troféu.

A animação também ficou com o troféu de trilha sonora, enquanto o de canção original foi para a nova estrela do R&B H.E.R., que compôs e cantou "Fight for You", de "Judas e o Messias Negro". A decisão da Academia foi um choque para Diane Warren –que não disfarçou o incômodo–, que estava em sua 12ª indicação ao Oscar, mas nunca encostou num dos homenzinhos dourados.

Na seção técnica da premiação, a equipe de "A Voz Suprema do Blues" foi a primeira composta por artistas negros indicada e, agora, vencedora do Oscar de cabelo e maquiagem, fato destacado e aplaudido no discurso de agradecimento. O longa também levou o Oscar de figurino.

"Tenet" saiu vitorioso em melhores efeitos especiais. "Mank", em direção de arte e fotografia, desapontando a equipe de "Nomadland", filme que com suas belas paisagens era o grande favorito. "O Som do Silêncio" ficou com melhor montagem e som.

Houve poucas surpresas na seção de curtas-metragens, muito politizada. "Dois Estranhos", sobre violência policial, foi escolhido em melhor curta, enquanto "Se Algo Acontecer... Te Amo", que fala sobre tiroteios em escolas, e "Colette" ganharam nas categorias equivalentes de animação e documentário, nesta ordem. O documentário em longa-metragem premiado foi "Professor Polvo".

Veja a lista com os indicados e os vencedores do Oscar 2021:

MELHOR FILME

Meu Pai

Judas e o Messias Negro

Minari

Mank

Nomadland

Bela Vingança

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

MELHOR ATRIZ

Viola Davis - A Voz Suprema do Blues

Andra Day - Estados Unidos vs Billie Holiday

Vanessa Kirby - Pieces of a Woman

Frances McDormand - Nomadland

Carey Mulligan - Bela Vingança

MELHOR ATOR

Riz Ahmed - O Som do Silêncio

Chadwick Boseman - A Voz Suprema do Blues

Anthony Hopkins - Meu Pai

Gary Oldman - Mank

Steven Yeun - Minari - Em Busca da Felicidade

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Maria Bakalova - Borat: A Fita de Cinema Seguinte

Glenn Close - Era Uma Vez um Sonho

Olivia Colman - Meu Pai

Amanda Seyfried - Mank

Yuh-Jung Youn - Minari - Em Busca da Felicidade

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Sacha Boron Cohen - Os 7 de Chicago

Daniel Kaluuya - Judas e o Messias Negro

Leslie Obom Jr. - Uma Noite em Miami

Lakeith Stanfield - Judas e o Messias Negro

Paul Raci - O Som do Silêncio

MELHOR DIREÇÃO

Chloé Zhao - Nomadland

Lee Isaac Chung - Minari - Em Busca da Felicidade

Emerald Fennell - Bela Vingança

David Fincher - Mank

Thomas Vinterberg - Druk - Mais uma Rodada

MELHOR FILME INTERNACIONAL

Druk - Mais uma Rodada (Dinamarca)

Better Days (Hong Kong)

Collective (Romênia)

O Homem Que Vendeu a Sua Pele (Tunísia)

Quo Vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Borat

Meu Pai

Nomadland

Uma Noite em Miami

Tigre Branco

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Judas e o Messias Negro

Minari - Em Busca da Felicidade

Bela Vingança

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

MELHOR FIGURINO

Emma - Alexandra Byrne

Mank - Trish Summerville

A Vos Suprema do Blues - Ann Roth

Mulan - Bina Daigeler

Pinóquio

MELHOR TRILHA ORIGINAL

Destacamento Blood - Terence Blanchard

Mank - Trent Reznor, Atticus Ross

Minari - Em Busca da Felicidade - Emile Mosseri

Relatos do Mundo - James Newton Howard

Soul - Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste

MELHOR ANIMAÇÃO

Soul

Wolfwalkers

Dois Irmãos

A Caminho da Lua

Shaun, o Carneiro: A Fazenda contra-ataca

MELHOR CURTA

Feeling Through

The Letter Room

The Present

Two Distant Strangers

White Eye

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

Se Algo Acontecer... Te Amo

Genius Loci

Yes People

Opera

Toca

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Time

Crip Camp: Revolução pela Inclusão

Professor Polvo

Collective

The Mole Agent

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM

Colette (Time Travel Unlimited)

A Concerto Is a Conversation (Breakwater Studios)

Do Not Split (Field of Vision)

Hunger Ward (MTV Documentary Films)

A Love Song for Latasha (Netflix)

MELHOR FOTOGRAFIA

Nomadland

Mank

Relatos do Mundo

Os 7 de Chicago

Judas e o Messias Negro

MELHOR MONTAGEM

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

Meu Pai

Nomadland

Bela Vingança

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM

A Voz Suprema do Blues

Pinóquio

Mank

Era uma Vez um Sonho

Emma

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Speak Now - Uma Noite em Miami

Io Si (Seen) - Rosa e Momo

Fight for You - Judas e o Messias Negro

Hear my Voice - Os 7 de Chicago

Husavik - Eurovision Song Contest

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

Mank

Relatos do Mundo

Tenet

Meu Pai

A Voz Suprema do Blues

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

Tenet

O Céu da Meia-Noite

Love and Monsters

Mulan

O Grande Ivan

MELHOR SOM

O Som do Silêncio

Relatos do Mundo

Soul

Mank

Greyhound

 

 

Folhapress

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