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Em depoimento na CPI, empresário culpa pandemia e diz que prefeitura atrasa repasses

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Fotos: Roberta Aline/Cidadeverde

No segundo dia de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transportes, na Câmara de Teresina, os vereadores ouvem os depoimentos de empresários do consórcio Poty e Urbano. O primeiro a ser ouvido é o representante da empresa Emvipi, Afrânio Euclides Sousa, que bateu boca com o presidente da CPI, o vereador Dudu (PT), durante seu depoimento, que ainda está em andamento.

O consórcio Poty é formado pelas empresas Emvipi, Piauiense, Prêmio e Cidade Verde. A Strans reduziu a frota devido a pandemia. 

Segundo ele, até 2014 o sistema vivia por conta própria e que a situação começou a piorar depois da licitação. 

"Antes de 2014, quem mantinha o transporte era o passageiro. Depois da licitação, mudou. Existia a integração da passagem: forças que me obrigam a trabalhar para fazer a quantidade de passageiros para manter a empresa. Se não bater, a prefeitura tem que cobrir. Se passar do limite, tenho que devolver. Nunca houve pagamento normal, mês a mês, da prefeitura nunca foi em dia. Se houvesse esse pagamento, mês a mês, as empresas estariam em situação melhor", afirmou Afrânio Euclides.

No depoimento, o empresário disse não ter condições de afirmar quando a empresa recebeu da Prefeitura. Ele afirma que a empresa já fez entre quatro a cinco acordos judiciais, em cinco anos da licitação em curso. 

Bate-boca

O clima é de tensão na CPI do Transporte Público. Os vereadores Dudu e Deolindo Moura (PT) cobraram do empresário Afrânio Sousa os valores dos repasses feitos pela Prefeitura à empresa Emvipi.

Dudu acusa o empresário de não cumprir com o que diz o edital da licitação, sobre as melhorias nos ônibus. Ele se irritou com o fato do empresário afirmar que só poderá cumprir se receber aporte da Prefeitura.

"Todas as empresas estão com as pernas ruindo. Se não houver repasse do município não adianta. Sem aporte da prefeitura não vai. Se tiver aporte da prefeitura, a empresa faz o que se encontra no edital. Tenho essa empresa desde 1983. Só tenho ela. Moro em uma casa há 30 anos. Quero todos na minha casa agora para saber se moro em uma mansão?", desafiou o empresário.

Dudu afirmou que iria ainda hoje na casa do empresário e questionou porque depois de quatro acordos, a empresa ainda enfrenta dificuldades.

"O senhor disse que só honra se tiver dinheiro público.  Mas o senhor na licitação disse que poderia cumprir. É fácil fazer esse jogo. Só fala no dinheiro que tem para receber. Não deu para repor o equilíbrio financeiro. Quero dizer que no edital tem direito e dever. Sua empresa recebeu quatro acordos e diz que só faz se receber dinheiro”, questionou o parlamentar. 

O empresário reagiu afirmando que o edital fala da questão financeira.

"No edital diz que tem que ter o equilíbrio financeiro", rebateu Afrânio.

Quantidade de ônibus 

Atualmente a Emvipi trabalha com 11 ônibus. Ocorreu uma redução desde o início boa pandemia. 

"Temos 40 ônibus. A regularidade da frequência é de responsabilidade da Strans. Não mudamos isso. Temos que cumprir. Em março do ano passado a Strans proibiu os carros com ar-condicionado de vidro colado devido a ventilação por causa da pandemia. São 10 carros parados por causa disso. Hoje são 11 ônibus operando de 40 ônibus", destacou o empresário.

Na redução da frota, ele afirma que foi uma decisão da Strans após os decretos da pandemia.

"A Strans reduziu a frota por força de decreto. Nunca tínhamos passado por isso. A Emvipi não tinha condições financeiras de demitir. O governo federal emitiu a MP dos 30% e todos os funcionários foram colocados nessa MP. Foi uma forma de ajudar os funcionários. A MP obrigava a trabalhar 30% e os 30% foi pago. Para pagar os 30% do ano passado precisava do aporte da prefeitura para cobrarmos obrigações. Ano passado tinha o aporte da prefeitura, meio capenga mais vinha. Existiam pessoas que ano passado me dê minhas contas que vou fazer outra coisa. Eu dizia que não tinha dinheiro. Isso funcionários de 18 anos de empresa. Fico triste. Chegamos em 2021 e resolveram no sindicato, sempre tivemos as portas abertas, fazer demissão voluntária com acordo com o juiz. Porque eles veem que o que rende na catraca não paga nem o diesel. É uma tristeza. Essa pandemia veio acabar conosco", lamenta Afrânio.

O presidente da CPI, vereador Dudu Borges (PT), afirma que é preciso encontrar um caminho para resolver os problemas. 

“A população não acredita mais no poder público e nem nos empresários. Todo dia a população sofre com isso. Trava nossa economia e nosso desenvolvimento. A CPI não quer prejudicar ninguém. Os empresários assumiram o compromisso público para executar um bom serviço que é o transporte público. Na nossa concepção, essa Casa já trouxe várias discussões, mas persiste essa problemática. Estamos iniciando essa investigação para saber onde se encontra o ponto principal dessa problemática. Queremos terminar essa CPI com uma saída", afirma Dudu.

 O segundo que também seria ouvido nesta quinta, seria Solfieri Silva que representa a empresa Cidade Verde. Ele enviou um atestado médico informando que está com suspeita de covid-19. 

 

Flash de Lídia Brito
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