Cidadeverde.com

Ex-capitão nega ter atirado em Camila e que morte foi acidental ao desarmá-la

Imprimir

Em depoimento durante julgamento no Tribunal do Júri, o ex-capitão da Polícia Militar, Allisson Wattson, réu na morte da então namorada Camilla Abreu, 21 anos, negou que tenha praticado o feminicídio. O corpo da jovem foi encontrado na zona Rural de Teresina em outubro de 2017. 

Allisson disse que o tiro que matou Camilla foi acidental e aconteceu enquanto ele tentava desarmá-la. Segundo as declarações do réu, ele e Camilla estavam namorando em uma estrada vicinal do Povoado Mucuim, na zona Rural de Teresina, quando houve um desentendimento entre os dois e Camilla pegou a pistola do então policial. 

"Quando estava vestindo minha camisa ela pegou minha arma, tentei dar a volta do carro conversando com ela para pegar a pistola, que no momento estava quente, muito sensível e podia disparar. Ela [Camilla] estava alterada do lado de fora do carro. Saí do carro, dei a volta segurei os braços dela para ela soltar a arma  e no momento a arma disparou", disse.

Após perceber que Camilla havia sido baleada, Allisson disse que ficou em choque e lembra de “poucas coisas” após a jovem ter morrido. "Quando fui tentar segurar o braços dela  aí houve o disparo. Fui tentar colocar ela no banco do passageiro e quando liguei a luz tinha muito sangue. Fiquei sem rumo. Fiquei um bom tempo sem saber o que fazer", afirma o ex- policial.

Fotos:Arquivo Pessoal

Camilla Abreu  e Alisson Watson.

Allisson contou que tirou o corpo de Camilla do carro e que deixou na área de matagal próxima à estrada em que eles estavam. Questionado pela promotoria pelo motivo de não ter buscado ajuda médica para a Camilla, Wattson disse que “ficou sem conseguir raciocinar”.

"Infelizmente perdi o juízo. Me desculpe, mas infelizmente não sou perfeito", disse ao promotor. 

Após deixar o corpo de Camilla no matagal, Allisson contou que  foi para casa e ficou trancado no quarto, pensando em tirar a própria vida. No dia seguinte, ele afirma que foi lavar o carro que estava repleto de sangue e trocou o banco do veículo, um Corolla. Ela não respondeu o motivo de ter feito a troca. 

Agressões

Alisson Wattson disse que tinha um "bom" relacionamento com Camilla Abreu. O ex-policial negou histórico de brigas e afirmou que os dois tinham discussões normais, "típicas de casais". 

O réu também relatou que o ciúme que sentia da namorada era "normal" e, não, abusivo. 

"Eu mais do que ninguém não queria a morte da Camilla. Eu tinha relação muito boa com ela. Na noite em que ela morreu estávamos numa boa. Eu acho incrível ficarem batendo nessa tecla. Do jeito que ela morreu pra mim a minha vida acabou", disse. 

Allisson negou histórico de agressões no namoro de quase 1 ano que manteve com Camilla e falou que a jovem era uma mulher consciente sobre violência doméstica. 

"Ela jamais manteria um relacionamento comigo se sofresse agressões. Será que a Camila com a consciência que tinha ela ia ficar comigo esse tempo todo sendo agredida?", questionou.  Allisson disse, ainda, no depoimento que se soubesse que a saída naquele dia iria "terminar em uma tragédia" não tinha feito "essa quantidade de idiotice".

"Acabou tanto com a minha vida como a vida da Camilla", declarou.

O julgamento de Allisson Watsson já se estende por mais de seis horas e é conduzido pela juíza Maria Zilnar Coutinho, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. A sessão está sendo transmitida neste link.
 
Alisson Wattson é acusado de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. Camilla Abreu era estudante de Direito e tinha 21 anos quando foi encontrada morta no Povoado Mucuim. 

Izabella Pimentel
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais