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Elenco do Cruzeiro faz mutirão para ajudar funcionários em meio a atrasos de salários

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Um mutirão entre os jogadores do Cruzeiro tem prestado ajuda a funcionários do clube em condições de maior vulnerabilidade neste momento em que a equipe celeste, em grave crise financeira, tem atrasado o pagamento de salários.

Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

Algumas pendências mais urgentes, mas que não encerram tudo o que está atrasado, somam R$ 9 milhões, valor que o presidente Sérgio Santos Rodrigues prometeu quitar até o fim desta semana. O Cruzeiro tem dívida global que beira R$ 1 bilhão e tem sobrevivido por aportes de empresários.

Os atrasos têm gerado uma reação em cadeia em toda a estrutura pessoal do clube. Sem os vencimentos mensais em dia, há quem tenha dificuldade de se alimentar e de se deslocar para o trabalho pela falta de dinheiro para a passagem no transporte público.

"No caso dos funcionários que ganham menos, é mais difícil ainda a situação. Nós procuramos ajudar da maneira que dá. Alguns dão cesta básica, outros pagam a faculdade de filhos [de funcionários], porque, se vencer [a cobrança], não consegue exercer os estudos, e o pai se preocupa com isso. 

São preocupações de cada um que eles passam para nós. E se está na nossa medida do possível de ajudar, ajudamos com certeza", revelou o meia Giovanni, à reportagem.

Entre os funcionários, há pendências ainda de 2020 -eles não receberam férias e outros benefícios de forma integral, por exemplo. "Os funcionários são muito importantes. Muitas pessoas não sabem, mas, se não fossem eles, o clube não girava. 

Não gira se não tiver o nosso roupeiro, os fisioterapeutas, o pessoal da alimentação. Dependemos muito deles para chegar na parte principal, que são os jogos e o dia a dia de trabalho", reiterou o meia.

Já no elenco, há quem não tenha recebido o salário de forma integral desde abril. O clube ora quita parte do que está previsto na carteira de trabalho, ora o que está colocado no contrato de direito do uso de imagem, o que faz a dívida se estender. Giovanni afirmou, no entanto, que a diretoria tem acertado isso.

"Para a maioria dos atletas, já fizeram o pagamento, falta um ou outro por alguns erros de digitação, contas que alguns atletas trocaram. Boa parte já está sendo acertada, falta um pouco, mas estão correndo atrás", garantiu o jogador, que narrou também dificuldades entre os atletas, apesar dos maiores salários.

"Às vezes as pessoas acham de fora que um atleta ganha muito, então ele está bem. Mas não é assim que funciona. Os jogadores normalmente vêm de uma estrutura familiar mais humilde, ajudam pai, mãe, tio, tia.

Quando vai ver, até para ele não cai [salário]. Ficar sem receber é difícil, porque você planeja o ano inteiro com o dinheiro que tem", disse Giovanni, que é um dos líderes do elenco.

No mês passado, os atletas começaram a se mobilizar, encabeçados pelo capitão Fábio, em um movimento grevista, que culminou em uma paralisação entre 13 e 17 de outubro. Os jogadores não foram para o CT treinar no período e pediram uma reunião emergencial com a diretoria.

"Foi uma conversa que nós já tínhamos com o presidente de coisas que tinham de ser acertadas, não só com os atletas, mas também com funcionários do clube, não só da Toca II, mas da Toca I. Coisas que estavam acontecendo", explicou Giovanni.

"Nós também entendemos o momento delicado que vive o Cruzeiro. O clube arrecada um valor em algum lugar, mas tem bloqueios judiciais. Entendemos o lado do presidente também, ele entendeu o nosso lado. 

Mas as coisas estão sendo acertadas internamente com o presidente, com as pessoas responsáveis, nossos colaboradores, patrocinadores do Cruzeiro, creio que, nos próximos dias, as coisas vão se acertar", disse.

Ao dialogar com a diretoria neste período turbulento, o elenco cruzeirense tem contado também com o técnico Vanderlei Luxemburgo, além de Ricardo Rocha, diretor-técnico do clube. "Eles são a ligação entre nós [jogadores] e o presidente. Eles que nos ajudam bastante em tudo o que a gente vem fazendo, não só no extracampo, mas no campo também", afirmou Giovanni.

O time agora tenta tornar as coisas melhores dentro de campo. Em 12º na Série B, com 39 pontos, o Cruzeiro vem de derrota para o Avaí, que encerrou série de quatro jogos invicto, e busca a recuperação diante do Remo às 21h30 desta quinta-feira (28), no Independência, em duelo válido pela 32ª rodada.

Fonte: UOL/FOLHAPRESS

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