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Wellington Dias sobre eleições: "governo não pode ficar refém do grupo tal"

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Foto: Arquivo/Cidadeverde.com

A dois meses do fim do prazo para desincompatibilização do cargo em caso de candidatura nas eleições de 2022, 25 dos 27 governadores têm os seus rumos políticos definidos nos estados.

Apenas dois, em fim de mandato, estão indecisos quanto à estratégia no ano eleitoral. Quatro devem deixar o cargo para disputar o Senado ou a Presidência, outros cinco preveem seguir no cargo até dezembro sem disputar as eleições, e o restante segue no governo para disputar a reeleição em outubro.

Visto como caminho para governadores reeleitos, o Senado está na mira de três governadores, todos no Nordeste. Camilo Santana, Flávio Dino e Wellington Dias querem representar Ceará, Maranhão e Piauí no Congresso, respectivamente, a partir de 2023.

A indicação de Camilo Santana para disputar o Senado já foi aprovada pelo PT do Ceará. O partido sinalizou que deseja a manutenção da aliança com partidos aliados ao governador, em um aceno ao PDT, partido do senador Cid Gomes e do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência.

O cenário mais cotado é que Camilo seja candidato ao Senado, podendo fazer a campanha presidencial do ex-presidente Lula no Ceará, e que o candidato a governador seja do PDT, que circularia com Ciro na campanha.

No Piauí, Wellington Dias quer repetir o feito de 2010. Naquele ano, ele renunciou ao cargo para ser candidato ao Senado e venceu a eleição. A meta do PT do Piauí é lançar o secretário da Fazenda, Rafael Fonteles, para o governo e com Wellington candidato a senador.

"O ideal é sair do resultado das urnas com a eleição de presidente da República e com maioria suficiente para aprovação do projeto de reconstrução do Brasil que será apresentado nas eleições. Não ficar um governo refém do grupo tal, como nos últimos anos", afirma Wellington.

Aliado de primeira hora de Lula, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), já tem o apoio do PT para ser candidato ao Senado. Ele trabalha para evitar fissuras na sua base aliada que possam comprometer sua postulação ao Senado.

Isso porque Dino decidiu apoiar a candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que poderá migrar para o PSB, ao governo. Já o senador Weverton Rocha (PDT) disse que manterá a sua pré-candidatura ao Palácio dos Leões.

A expectativa de interlocutores de Flávio Dino é que, mesmo com a base do governo saindo com duas candidaturas, todos se unam em torno do atual governador para o Senado.

Único governador a se lançar na disputa presidencial, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vai fazer caminho parecido com 2018, quando deixou a prefeitura da capital paulista para ser candidato na eleição estadual daquele ano.

A partir de abril, Doria quer iniciar um périplo pelo país, começando pelos estados do Nordeste e por Minas Gerais, onde não pontua bem nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência.

Doria repete o percurso de outros que já governaram São Paulo pelo PSDB, como José Serra em 2010 e Geraldo Alckmin, e se lançaram para a disputa presidencial.

O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), já sinalizou à cúpula da sigla que ficará até o final do mandato no cargo. Um dos motivos é o desgaste da relação com o vice-governador Jaime Nunes (Pros), que se coloca como pré-candidato ao governo.

O mais provável é o apoio de Waldez ao ex-prefeito de Macapá Clécio Luís (sem partido) em uma aliança com o senador Davi Alcolumbre (DEM), que busca a reeleição.

Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) revelou em entrevista à Folha, em janeiro, a intenção de seguir na função até dezembro. "O meu desejo é continuar até o final do governo e cumprir essa meta que me foi colocada pelo povo de Pernambuco. (...) Esse é um desejo também pessoal meu".

Câmara está em processo de escolha do candidato à sua sucessão pelo PSB. O mais cotado é o deputado federal Danilo Cabral para a disputa. Em paralelo, o governador atua como interlocutor de Lula no PSB.

Na Bahia, considerada a joia do PT entre os estados, Rui Costa já tem o pré-candidato do partido ao governo definido, o senador Jaques Wagner.

Rui vai repetir a estratégia do próprio Wagner, que, em 2014, ficou até o fim do cargo, para assegurar o comando da máquina estadual com o PT, enquanto a campanha eleitoral corre.

Nos últimos dias, dois governadores do Nordeste se reuniram com Lula em São Paulo: Renan Filho (MDB), de Alagoas, e Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe.

Reeleito em 2018 após mandato-tampão, Belivaldo já bateu o martelo e vai seguir no governo até o fim. Deve apoiar o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), em um provável embate com o PT, que lançou Rogério Carvalho para o governo de Sergipe.

Uma das razões para Belivaldo não disputar o Senado é porque a vice-governadora Eliane Aquino é do PT e isso poderia prejudicar o PSD no cenário eleitoral sergipano.

Em Alagoas, Renan Filho, com alta popularidade, era tido como candidato ao Senado já em 2018, quando foi reeleito governador. O que levou isso de certo para indefinido foi a eleição de 2020, quando o então vice-governador Luciano Barbosa (MDB) se lançou candidato a prefeito de Arapiraca e foi eleito.

Com o cargo de vice-governador vago, a linha sucessória em caso de renúncia de Renan Filho para disputar o Senado é uma incógnita. Isso porque a Assembleia Legislativa teria que fazer uma eleição indireta para governador. Ele só pretende renunciar se a situação estiver pacificada para eleger um aliado para o governo.

"O que precisa se fazer na definição é um encaminhamento do governador tampão. E o tampão no cargo, num estado viabilizado, terá as condições de se reeleger, sobretudo com apoio do governador e do MDB em Alagoas", diz o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Em Mato Grosso do Sul, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não revelou o desfecho do seu futuro político, mas a tendência é que siga na função até dezembro.

A sigla tucana costura uma aliança com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), para ela sair para o Senado apoiando o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, para o Executivo estadual.
No Tocantins, o governador Mauro Carlesse está afastado do cargo por decisão do STJ e inelegível até 2028 por decisão da Justiça Eleitoral do estado.

Rompido com Carlesse, o vice Wanderlei Barbosa (sem partido) está no poder e já recebeu convite de outros partidos para ser candidato a governador. Barbosa se aproximou da senadora Kátia Abreu (PP), desafeta de Mauro.
Um caso peculiar é o de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, que está no primeiro mandato e não quer disputar a reeleição nem o Senado.

Com isso, o Rio Grande do Sul seguirá sem reeleger governadores. Leite articula a unidade de seus aliados, principalmente MDB e PSDB, em torno de um candidato único ao governo gaúcho.

Por outro lado, 15 governadores estão definidos como pré-candidatos à reeleição.

Fonte: Folhapress

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