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Era pós-máscara acende alerta para os perigos de se usar maquiagem vencida

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Foto: Freepik

 


Os amantes da maquiagem estão felizes. Com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em alguns estados e no Distrito Federal, muitos voltaram só agora a se maquiar. Mas os produtos que ficaram guardados no armário por meses, venceram.

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem usar cosméticos fora do prazo de validade aumenta o risco de ter irritações, alergias e outros problemas de pele, além de perder a garantia de que o produto cumprirá o seu papel.

A aposentada Sonia Maria Leinemann de Souza, 71, do Jardim Marajoara, bairro na zona sul da cidade de São Paulo, tem maquiagem definitiva nos olhos, mas gosta de realçar ainda mais o olhar.

O estojo de sombras com 12 cores nos tons de azul, grafite, bege e roxo, finalmente encontrou um motivo para deixar a gaveta.

No sábado (26), Souza caprichou na sombra grafite para ir a uma festa e já chegou ao local com as pálpebras inchadas. Como não havia nenhum sintoma associado, aproveitou o evento. Quando chegou em casa, retirou a maquiagem, lavou o rosto e dormiu.

Quatro dias depois, o inchaço continuava. A aposentada não tomou nenhuma providência a não ser aplicar soro fisiológico. Ela diz que não é a primeira vez que teve problemas ao utilizar a sombra fora do prazo de validade.

Para a médica Bárbara Carneiro, membro da Associação Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Portuguesa de Medicina Estética, lesões nos olhos podem até diminuir a acuidade visual, dependendo do caso.

Ela aconselha a evitar maquiagem vencida, principalmente se já estiver aberta, porque o acúmulo de bactérias, fungos e micro-organismos pode causar alergias e infecção bacteriana na pele e nos olhos.

"Qualquer produto aberto tem a validade menor do que o fechado, mas as pessoas acreditam que podem continuar utilizando", afirma.

Segundo a especialista, a data de validade que consta na embalagem deve servir de referência enquanto a maquiagem não for aberta. "Por exemplo, um produto que foi aberto em 2020, no começo da pandemia e antes do uso das máscaras, não deve ser utilizado agora, mas jogado fora. Esse produto não tem qualidade para ser usado", ressalta.

É comum os cosméticos também trazerem no rótulo a informação de vida útil, ou seja, o tempo em que ficarão viáveis após abertos sem perderem suas características originais e eficácia. Assim, a vida útil é sempre menor que o prazo de validade –este determinado para garantir a estabilização química do produto, evitar processos alérgicos e que não cumpra o prometido.

"Para o rímel após aberto a validade é de seis meses a um ano. Mais do que isso não pode ser utilizado. No Youtube tem até tutorial sobre como aumentar a durabilidade do rímel ressecado. Gente, o rímel ressecado deve ser descartado na hora. Não vão atrás de tutoriais sobre maquiagem quebrada, ressecada e como continuar utilizando. Isso não existe. Tem que jogar fora. A saúde é mais importante", alerta a médica.

De acordo com Carneiro, no caso do batom, a média é de um a dois anos de uso após a embalagem aberta; lápis e delineador, são seis meses; base, até um ano; sombra, de três a seis meses. É importante ressaltar que a durabilidade também depende de como esses produtos foram guardados, em qual temperatura e se estavam fechados.

A assessora de imprensa Mirtes Bogéa, 51, do Butantã (zona oeste), usa maquiagem diariamente e não abriu mão nem na pandemia.

"Mesmo com a máscara nesses dois anos, eu segui usando e nunca me toquei com essa coisa de data de validade. Às vezes eu percebo que o batom já tá rançoso, com cheirinho ruim e só quando está duro mesmo que eu jogo fora. Não tenho vergonha de dizer que eu tenho sombras que têm mais de 30 anos. E é verdade! Nunca tive nenhuma alergia com cosmético. E olha que eu compro dos mais caros aos mais baratinhos", conta.

"Sou um pouco preconceituosa com marcas, mas se alguém me diz que já usou, eu embarco. Sou louca por maquiagem. Minhas amigas dizem que ninguém tem mais batom que eu. Devo ter uns 60. Então, é claro que com tantos, eles vencem mesmo." A única exceção é a máscara de cílios, que Bogéa troca anualmente por medo de contaminação.

O batom, a somba, o gloss, e qualquer outra maquiagem são passíveis de contaminação de ambiente, afirma o dermatologista Luann Lobo, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.

"E se você tem um produto que está há anos cultivando micro-organismos, é bem perigoso. O batom, por exemplo, toda hora vai na boca e na embalagem. Você aumenta a chance de desenvolver dermatite de contato e infecções na pele", diz.

A dermatite de contato causa coceira, eritema (vermelhidão na pele), sensação de pinicação e descamação. Além da pele do rosto, pode acometer a boca e as pálpebras. Se a pessoa apresentar esses sintomas ao utilizar um produto vencido deve lavar bem o local com água corrente e sabonete líquido suave, segundo Lobo. Caso a reação for significativa, é necessário avaliação médica. Em alguns casos são indicados até medicamentos orais como forma de tratamento.

E não são só maquiagens que merecem atenção, mas qualquer cosmético. O filtro solar, se vencido, o perigo é duplo: além do risco de dermatite, não há a garantia de proteção contra a radiação ultravioleta, que causa câncer de pele.

"Evite deixar produtos de skincare [cuidados com a pele] –demaquilante, produto para limpeza facial, tônico ou água micelar, creme, sérum, hidratante facial, protetor solar facial e esfoliante– e principalmente as maquiagens no banheiro, dentro de bolsas ou nécessaires e carros por muito tempo. Ambientes quentes e úmidos favorecem a proliferação de bactérias e fungos", orienta o médico.

 

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Fonte: Folhapress

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