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Hospitais filantrópicos realizam paralisação e alertam sobre crise no setor

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Foto: Erasmo Salomão

As Santas Casas e hospitais filantrópicos do Brasil, que são essenciais no atendimento da população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), realizaram nesta terça-feira (19) o movimento “Chega de Silêncio”, com o objetivo de expor a crise hospitalar que as entidades enfrentam.

No Piauí, existem 13 hospitais filantrópicos, que suspenderam o atendimento ambulatorial, consultas e exames como parte da paralisação realizada apenas nesta terça-feira. O objetivo é alertar sobre os graves problemas financeiros que esses hospitais estão enfrentando para atender gratuitamente pacientes do SUS. 

Com base nos procedimentos que são realizados, os hospitais filantrópicos atendem pacientes por meio do SUS, de forma gratuita, e o governo federal fica responsável por repassar os valores para esses hospitais.

De acordo com Mirocles Véras, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), a falta de reajuste nos valores dos procedimentos realizados é o que tem causado problemas nessas entidades, que cada vez mais possuem dificuldades em atender esses pacientes.

“Nós como gestores sabemos que o pagamento realizado pela tabela do SUS, há mais de 15 anos não é reajustada, em alguns casos chega a 17 anos que os procedimentos não são reajustados. Isso é claro, causa vários problemas. Tanto que muitos procedimentos, deixamos de realizar por meio do SUS. Por exemplo, no Hospital São Marcos, tiramos os atendimentos de cardiologia, porque uma operação que custava R$ 25 mil, pagavam apenas R$ 12 mil e aí saímos, e não fazemos nada mais. Neurocirurgia saímos também. Então hoje praticamente é mais oncologia, porque existe um déficit muito grande”, afirmou Mirocles Véras.

Ele explicou que por parte do governo federal não existe qualquer manifestação sobre a possibilidade de reajuste dos valores. Para a população continuar sendo atendida gratuitamente, o presidente da CMB afirmou que o governo estadual e a prefeitura precisam cobrir financeiramente esses valores.

É essa a atual situação que o Hospital São Marcos enfrenta, onde em novembro de 2011 chegou a reduzir em 40% o atendimento de pacientes oncológicos, porque afirmou que valor repassado pela Prefeitura de Teresina não custeava os serviços prestados. O atual contrato firmado vence no dia 30 de abril.

“Esse é um contrato que vence dia 30 de abril e é necessário que o governo do Piauí e o município de Teresina ajudem complementando as verbas, pois existe um déficit mensal. Quando o contrato vencer, se não tiver acordo, é claro que não vamos deixar de atender quem já faz tratamento oncológico, mas um paciente novo, sem um contrato, não dá para atender. Isso também depende da prefeitura e já sentamos várias vezes para conversar, mas não conseguimos solucionar”, destacou.

A mesma situação enfrentada pelo Hospital São Marcos, outros hospitais do país estão enfrentando. O déficit anual dos 1.870 hospitais que atendem sem fins lucrativos chega a R$ 18 bilhões por ano. Eles possuem 26 mil leitos de UTI, atendem mais de 50% da média complexidade e 70% da alta complexidade pelo SUS.

“Hoje realizamos apenas uma paralisação, mas um dia ela vai ser total, pois não depende da gente. Os hospitais enfrentam problemas sérios e que são agravados por uma tabela que não consegue custear esses procedimentos. O quadro hoje é de completa insolência. Então fizemos esse movimento para alertar sobre tudo isso que está acontecendo”, afirmou Mirócles Veras. 

 

Bárbara Rodrigues
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