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Prematuridade aumenta risco de óbito neonatal, como do filho de Cristiano Ronaldo

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Foto: Estadão Conteúdo

 

Na última segunda-feira (18), o jogador de futebol português Cristiano Ronaldo compartilhou a notícia de que um dos bebês que ele e a esposa esperavam morreu. Georgina Rodríguez, que já tem quatro filhos com o craque do Manchester United, estava grávida de um casal de gêmeos.

As circunstâncias da morte da criança não foram divulgadas. "Só o nascimento da nossa menina nos dá forças para viver este momento com alguma esperança e felicidade", escreveu Ronaldo aos mais de 430 milhões de seguidores no Instagram. "Nosso menino, você é o nosso anjo. Vamos amar-te para sempre." 

A fatalidade é chamada pelos especialistas de óbito neonatal precoce, pois a morte ocorreu entre o nascimento e o sexto dia de vida. Essa classificação, por sua vez, pertence ao grupo dos óbitos perinatais, que ocorrem entre a 28ª semana de gestação e 7° dia após o nascimento da criança.

Uma análise publicada em janeiro deste ano no periódico "Cadernos de Saúde Pública" revelou que, em 2018, foram 45.875 óbitos perinatais. Dentre eles, 18.866 são casos neonatais precoces e 27.009 fetais. O estudo é assinado por cientistas da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

"Os principais fatores de risco para a morte perinatal são aqueles relacionados à prematuridade, seja ela espontânea ou causada por algum tipo de patologia fetal ou materna", explica Paulo Roberto Nassar de Carvalho, ginecologista membro da Comissão Nacional Especializada em Perinatologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).


Foto: Freepik

 

Embora problemas como a malformação do feto ainda não possam ser solucionados pelos especialistas, diversas patologias associadas à prematuridade podem ser controladas. A doença hipertensiva da gravidez é a mais comum entre elas e interfere no fluxo de sangue para o bebê na hora do parto, o que pode ter consequências graves.

Essa e outras patologias maternas, como o diabetes gravídico, que pode influenciar o crescimento normal do bebê, são detectadas com facilidade durante os exames de rotina da gestante. É por isso que, para Linus Pauling Fascina, gerente médico do Departamento Materno Infantil do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, "tudo se volta ao acompanhamento pré-natal".

O monitoramento é crucial porque, caso aponte a existência de algum risco para o bebê, medidas podem ser tomadas a tempo. "Pode-se adiantar o período de internação antes do parto, por exemplo", diz o médico.

Em gestações múltiplas, como foi o caso de Georgina Rodríguez, esposa de Cristiano Ronaldo, os riscos para os bebês já são naturalmente maiores, pois eles têm mais chances de nascerem prematuros. "Nas gravidezes únicas esse índice é de aproximadamente 11% do total, enquanto nas gemelares [múltiplas] essa taxa gira em torno de 50%", pontua Carvalho.

Inclusive, para diminuir os riscos em nascimentos de forma geral, partos vaginais são preferíveis a cesarianas - principalmente se mais de uma criança estiver chegando ao mundo. "[O método natural] aproveita o processo de amadurecimento dos bebês e dificulta complicações respiratórias", afirma Fascina.

O papel dos profissionais de saúde se mostra ainda mais importante nos casos de óbitos perinatais causados por asfixia, segundo um estudo liderado por cientistas da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. A análise, publicada em 2013 na Revista Paulista de Pediatria, destaca que, com assistência adequada para mãe e bebê, as mortes de fetos e recém-nascidos por falta de oxigênio podem ser evitadas.

O acompanhamento médico adequado também é fundamental para o diagnóstico de infecções que possam afetar a criança. A principal delas, conforme apontam os pesquisadores Ministério da Saúde, é a sífilis, que pode ser facilmente tratada.

"Quando ofertado em tempo oportuno, pode assegurar a remissão completa da doença na mãe e impedir a transmissão vertical para o bebê, tornando, dessa forma, evitáveis os óbitos por essa causa", escreveram os cientistas no estudo publicado no início do ano.

Além disso, fatores individuais e circunstanciais não podem ser ignorados. De acordo com o relatório, em 2018, mortes perinatais foram mais comuns em mães com mais de 34 e menos de 20 anos. Enquanto isso, um maior grau de escolaridade mostrou estar associado a chances menores de fatalidade.

Para Fascina, o problema não é a capacidade do SUS (Sistema Único de Saúde). "O SUS tem uma estrutura bem montada para fazer o pré-natal", opina. "Entretanto, muitas vezes, acessá-la com periodicidade fica difícil por outras questões, como a distância."

O país, ainda assim, tem visto avanços consideráveis na área: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a taxa de mortalidade infantil foi de 71,3 por mil nascidos vivos em 1982, a 14 por mil em 2015 - uma queda de 80,4%. No mesmo período, a mortalidade neonatal reduziu 63,4%, e passou de 33,4 para 8,2 por mil no mesmo período.

O ritmo dessa melhora também é considerável, segundo uma pesquisa publicada na edição de fevereiro deste ano do periódico Ciência & Saúde Coletiva. O estudo, que investigou dados de 2007 a 2017, verificou uma redução de 2,15% ao ano no número de óbitos neonatais.

 


Fonte: Folhapress

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