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Operação policial deixa ao menos 22 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio

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oto: Reprodução / Twitter

Uma operação conjunta do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e da Polícia Rodoviária Federal deixou ao menos 22 pessoas mortas nesta terça-feira (24) na Vila Cruzeiro, uma das 13 favelas do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Outras sete pessoas ficaram feridas.

Uma das vítimas era uma moradora, identificada como Gabrielle Ferreira da Cunha, 41. Segundo a Polícia Militar, ela foi baleada na localidade conhecida como Chatuba, comunidade vizinha à Vila Cruzeiro, durante o confronto. A corporação diz que os demais mortos são criminosos. Na frente do hospital para onde as vítimas foram levadas, parentes estavam emocionados e não quiseram falar com a reportagem.

Segundo a PM, o objetivo da operação era localizar e prender lideranças criminosas que estariam escondidas na comunidade, inclusive vindos de outros estados, como Alagoas, Bahia e Pará.
Ainda segundo a corporação, os agentes estavam se preparando para iniciar a operação quando teriam sido atacados pelos traficantes na parte alta da comunidade.

Após confronto em uma área de mata, a polícia diz ter encontrado pessoas feridas no local e as encaminhado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas.

Por volta das 12h, um policial civil ferido chegou à unidade. O agente estava com o rosto ensanguentado e foi levado às pressas para dentro do hospital. De acordo com informações preliminares, ele foi atingido pelos estilhaços de um projétil quando fazia a perícia na comunidade.

Durante a operação, foram apreendidos sete fuzis, quatro pistolas e 16 veículos (dez motocicletas e seis carros), que teriam sido usados pelos criminosos para fugir.
Moradora da Vila Cruzeiro, Cláudia Sacramento, 52, conta que a operação começou por volta das 3h30 e que, desde então, o clima na comunidade é de tensão.

"Eu estava acordada nesse horário e ouvi tiros. Quando eu escuto disparos, já olho os grupos nas redes sociais para ver o que os moradores estão dizendo. Eles falaram que estava entrando carro de polícia naquela hora e já vi que a coisa ia ficar séria", diz ela.

"As pessoas estão com medo de sair de casa. Tem helicóptero rondando. Tem muita gente dentro de casa com medo de sair, mas elas têm medo também de perder o emprego. Tem patrão que não acredita quando elas dizem que está tendo tiroteio", diz ela, que fundou há 11 anos a página "Vila Cruzeiro RJ" para levar informação à comunidade.

Em razão dos confrontos na Vila Cruzeiro, 19 escolas da região precisaram fechar as portas, segundo a Secretaria Estadual de Educação. "Não tem como sair de casa. As escolas fecharam, os agentes comunitários não podem ir na casa das pessoas, então elas acabam ficando sem remédio", lamenta Arthur Lucena, 35, também morador.

JUSTIFICATIVA

Em nota, o Ministério Público do Rio de Janeiro diz que a polícia avisou sobre a operação com a justificativa da "absoluta excepcionalidade" para coletar dados de inteligência sobre o deslocamento de aproximadamente 50 criminosos da Vila Cruzeiro em direção à favela da Rocinha, na zona sul do Rio.

Segundo a Promotoria, durante a ação, a equipe da Unidade de Operações Especiais foi reconhecida e atacada por criminosos, "havendo assim a necessidade de iniciar uma operação emergencial".

Em fevereiro, a Vila Cruzeiro já tinha sido palco de uma operação violenta. À época, oito homens foram mortos pela durante uma ação da Polícia Militar e da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Os agentes tentavam prender Adriano de Souza Freitas, conhecido como Chico Bento e apontado como chefe do tráfico no Jacarezinho. Como a favela foi ocupada pela polícia em janeiro para implantar o Cidade Integrada, programa do governador Cláudio Castro (PL), os criminosos teriam se escondido na Vila Cruzeiro, também dominada pela facção Comando Vermelho.

A ação na Vila Cruzeiro que deixou 22 mortos acontece poucas semanas após o massacre no Jacarezinho ter completado um ano. A operação da Policial Civil realizada em maio do ano passado deixou 28 mortos na favela e se tornou a mais letal do Rio de Janeiro.

Fonte: Matheus Rocha/Folhapress

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