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AM: entidade encontra nova embarcação em área de busca por jornalista e indigenista

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Foto: Reprodução / Twitter

A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) afirmou domingo (12) ter encontrado uma nova embarcação na mesma região em que ocorre as busca pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips, desaparecidos desde o dia 5 de junho na região do Vale do Javari, oeste do Amazonas.

Eles sumiram em Atalaia do Norte, próximo à Terra Indígena Vale do Javari, uma reserva que sofre com disputas entre tráfico de drogas, madeiras e garimpo ilegal.

De acordo com o procurador jurídico da Univaja, Eliésio Marubo, a embarcação, encontrada no sábado (11), "pode pertencer" ao suspeito de envolvimento no desaparecimento de Dom e Bruno, Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, já preso em Atalaia do Norte.

"A Univaja encontrou uma embarcação, tipo embarcação regional, numa localidade dentro da área de busca. Essa embarcação pode pertencer ao acusado chamado 'Pelado'", disse Oliveira. "Nós convocamos as autoridades que estão fazendo a parte de investigação e as autoridades isolarem a área para fazer a confirmação de alguns itens e o trabalho de investigação nesse momento."

Procurada pela reportagem para confirmar a descoberta do novo barco está em investigação, a Polícia Federal não respondeu até a publicação deste texto.
Bruno denunciou ataques à Funai

Mesmo após ser exonerado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato, Bruno Araújo Pereira assinou ofício com outros dez servidores encaminhado à DPU (Defensoria Pública da União) para denunciar oito ataques a tiros no Vale do Javari (AM) e um assassinato em pouco mais de um ano. É a mesma região onde o indigenista e o jornalista Dom Phillips, do The Guardian, desapareceram no dia 5.

Documento obtido pelo UOL apontou "sucessivos ataques com armas de fogo" concentrados em 2019, criticou cortes orçamentários no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro e ameaçou fazer a "paralisação das atividades" devido a risco de morte na região amazônica.

Cinco desses ataques foram contra servidores na base de proteção etnoambiental Ituí-Itaquaí.

"Apesar dos registros em relatórios, boletins de ocorrência e evidências coletadas, nenhuma atitude eficaz foi tomada pela administração", denunciou o documento, enviado à DPU em 4 de novembro de 2019, um dia após o 8º ataque em pouco mais de um ano.

O que se sabe sobre o caso

Paulo Barbosa da Silva, coordenador-geral da Univaja, disse que o repórter inglês fotografou invasores armados que ameaçavam indígenas.

Segundo ele, esses homens seriam ligados a Pelado, preso em flagrante na terça-feira (7) por posse de drogas e de munição de uso restrito e apontado como suspeito de envolvimento no sumiço. A defesa de Amarildo nega envolvimento dele com o desaparecimento.

O episódio em que Dom fotografou homens armados ocorreu dois dias antes do desaparecimento, na divisa de um território indígena, de acordo com Barbosa.

"O Bruno e o Dom Phillips foram visitar a equipe da Univaja quando um grupo de invasores esteve lá. Eles ficaram mostrando arma de fogo, para ameaçar. O jornalista tirou a foto, e os invasores voltaram para a comunidade deles, que fica na área [do suspeito preso]", relata.

Ao menos oito pessoas foram ouvidas, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. O MPF (Ministério Público Federal), que abriu investigação do caso, acionou Polícia Federal, Polícia Civil, Força Nacional e Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari.

Entidades internacionais e autoridades britânicas cobraram celeridade e empenho do governo brasileiro nas buscas. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso determinou na sexta (10) que o governo federal adote "todas as providências necessárias" para achar Dom e Bruno.

 

Fonte: Folhapress

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