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Portugal investiga influenciadores brasileiros por auxílio à imigração irregular

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Foto: Arquivo/Cidadeverde.com

Autoridades de Portugal abriram uma investigação para apurar a atuação de ao menos 22 influenciadores digitais brasileiros por condutas que vão do auxílio à imigração irregular à aplicação de golpes em interessados em morar no país europeu. O inquérito foi revelado pelo jornal Expresso.

Responsável pelo setor em Portugal, o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) diz apurar "casos de auxílio à imigração ilegal e de associação para auxílio à imigração ilegal", em que os suspeitos atuam sobretudo na internet. O órgão não informa publicamente a nacionalidade e a profissão dos investigados.

Com o aumento do interesse por Portugal -a comunidade brasileira aumentou mais de 150% em seis anos-, multiplicam-se também os perfis sobre imigração no Instagram, no YouTube e, mais recentemente, no TikTok. Quem pesquisa sobre como morar no país se depara com artimanhas para driblar agentes de imigração e entrar como turista, embora o objetivo seja permanecer de modo irregular para trabalhar.

Ainda que esse tenha sido tradicionalmente o caminho mais popular para a maior parte dos imigrantes brasileiros, que depois buscam a regularização, o processo é lento e burocrático. Com o aumento da população estrangeira no país, os pleitos têm levado mais de dois anos para serem concluídos.

No período em que permanecem sem a documentação adequada, os estrangeiros estão ainda mais vulneráveis social e economicamente. Nos últimos anos, o SEF desmantelou diversas quadrilhas especializadas em explorar o trabalho de migrantes. Muitos influenciadores brasileiros também têm se dedicado ao lucrativo nicho das "assessorias migratórias". Embora haja muitos profissionais idôneos, o segmento está repleto de pessoas que atuam sem a devida capacitação ou autorização.

Para escapar de armadilhas, é importante que os interessados verifiquem se os prestadores de serviço têm atividade formalizada e se dispõem de autorização para atuar no respectivo segmento. Antes de contratar serviços de pessoas que se apresentam como advogadas, é importante checar, por meio do site da Ordem dos Advogados de Portugal, se elas estão aptas a exercer a profissão no país.

Da mesma forma, quem atua no mercado imobiliário deve estar associado a uma empresa com licença AMI (Atividade de Mediação Imobiliária) -o número desse documento sempre deve ser informado. A validade das informações pode ser conferida no site do Instituto da Construção e do Imobiliário.

Grupos de apoio a brasileiros nas redes sociais abrigam vários relatos de pessoas ludibriadas por golpistas na hora de alugar apartamentos ou de realizar agendamentos junto aos serviços migratórios.

Entidades que trabalham com o auxílio à comunidade brasileira em Portugal chamam a atenção para a divulgação de informações desatualizadas sobre o custo de vida nas cidades portuguesas, sobretudo quanto aos gastos com moradia e alimentação, cujos valores vêm numa trajetória acentuada de alta.

Para tentar combater a desinformação, a Casa do Brasil de Lisboa, ONG que auxilia brasileiros em Portugal, criou uma série de sessões virtuais com especialistas. Os webinars são gratuitos e abordam temas como legislação trabalhista, acesso à saúde pública e questões práticas sobre documentação.

Na semana passada, o Parlamento de Portugal aprovou a criação de novos vistos de trabalho que facilitam a imigração de cidadãos brasileiros. Segundo especialistas, a tendência é que o movimento desperte ainda mais o interesse pelo país europeu. A principal mudança é a criação de uma autorização especial para quem busca emprego no território luso. Outra novidade é a permissão voltada a nômades digitais e a profissionais que trabalham de forma remota para outros países.

O texto ainda precisa ser chancelado pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa antes de entrar em vigor, mas já vem causando furor nos perfis dedicados à imigração. Segundo as informações mais atualizadas do SEF, referentes a 2021, há 204.694 brasileiros legalmente residentes em Portugal. O número real, porém, é bem maior, uma vez que esses dados não incluem quem tem dupla cidadania de Portugal ou de outro país da União Europeia. Tampouco entram na conta aqueles em situação migratória irregular.

 

Fonte: Folhapress (Giuliana Miranda) 

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