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Chrysler renasce após fusão com montadora italiana Fiat

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A fusão da  Chrysler  com a italiana  Fiat, anunciada pelo presidente americano, Barack Obama,  na Casa Branca, marca uma nova etapa no longo declínio desta pioneira do automobilismo que acumulou erros industriais e reveses financeiros e está, atualmente,  na mesma situação difícil de 30 anos atrás. A  Chrysler será colocada sob a proteção da Lei de Falência, depois do fracasso das negociações para a reestruturação de sua dívida. Isso marca a primeira vez que uma importante montadora americana tenta se reestruturar sob um pedido de concordata desde a Studebaker em 1933.
 
A agonia de uma das principais montadoras dos Estados Unidos começou em 1979, quando a Chrysler já havia sido salva da quebra com garantias públicas de sua dívida, que influenciaram a votação de uma lei pelo Congresso.
 
 
O apoio federal e o lançamento de modelos inovadores permitiram então que a Chrysler se recuperasse, após os golpes sofridos com as crises do petróleo de 1973 e de 1979 e com a concorrência japonesa.
 
Nos anos 1980, a empresa iniciou uma restruturação rigorosa, realizada por Lee Iacocca. A Chrysler atacou o mercado dos carros menores graças a uma aliança com a japonesa Mitsubishi.
 
A empresa tentou voltar à Europa, onde possuiu a marca Simca no início dos anos 1990, com uma fábrica austríaca.
 
Em 1987, ela recuperou a famosa marca de veículos todo-terreno Jeep, comprando da Renault a montadora americana AMC, à beira da falência.
 
Com modelos audaciosos, como o esportivo Dodge Viper, os carros da Chrysler caíram novamente nas graças dos consumidores. Em 1998, a Chrysler se uniu com grande pompa à Daimler-Benz. A fusão foi anunciada como de igual para igual, mas foi o grupo alemão que assumiu uma dívida de US$ 36 bilhões e ficou com a direção das operações, para a insatisfação de funcionários e engenheiros americanos.Nos anos 2000, foram lançados projetos de redução de custos, por meio de parcerias tecnológicas, como foi o exemplo do cupê germano-americano Chrysler Crossfire.
 
 
Mas, apesar de alguns sucessos, o grupo perdeu muito de seu dinamismo. Teve que romper a aliança com a Mitsubishi, envolvida em um escândalo de problemas mecânicos encobertos. Depois disso, assim como ocorreu com sua concorrente General Motors, seus resultados foram sendo derrubados pelos custos sociais, com as aposentadorias, por exemplo.
 
Em 2005, o mentor da fusão entre a Daimler e a Chrysler, Jürgen Schrempp, deixou prematuramente a liderança do grupo. Seu sucessor Dieter Zetsche se pronunciou publicamente por um divórcio, em fevereiro de 2007, o que se concretizou três meses depois: 80,1% da Chrysler foram cedidos ao fundo de investimentos Cerberus.
 
O grupo não havia se preparado para a escalada dos preços do petróleo entre 2007 e 2008, e entrou na crise econômica mundial com uma linha pouco econômica. Voltou-se tardiamente para os modelos híbridos, previstos para 2010. Mas nesse domínio, suas concorrentes japonesas estavam bem à frente.
 
A fatia do mercado da Chrysler nos Estados Unidos foi fortemente afetada pela recessão e as vendas desabaram em 2008. A união com a tradicional montadora italiana foi promovida para tirar a empresa automobilística americana de mais uma situação dramática.
 
O arquiteto da recuperação
A Fiat é a empresa símbolo da Itália e nos últimos anos conseguiu uma espetacular recuperação, sob a orientação de um líder atípico, Sergio Marchionne.
 
A história da Fiat, empresa fundada em 1899 em Turim (norte), está vinculada à península pela figura carismática do "Avoccato" (advogado) Gianni Agnelli.Amigo dos poderosos, o legendário patrão que dirigiu, de 1966 a 1996, a companhia fundada por seu avô, foi o embaixador itinerante da Itália, assegurando à Fiat um lugar entre as grandes do mercado automotivo.
 
Seu neto, John Alkann, de 32 anos, é no momento o vice-presidente da Fiat e a família Agnelli continua controlando um terço do capital da empresa.
 
O grupo produz as marcas Fiat, Lancia, Alfa Romeo, Ferrari e Masserati. Também fabrica máquinas agrícolas e de construção por meio de sua filial norte-americana CNH: caminhões e ônibus com a Iveco, e autopeças.
 
O grupo tem 203 fábricas espalhadas no mundo, emprega cerca de 198 mil pessoas das quais mais de 82 mil na Itália, o que converte a empresa na principal empregadora do país.
 
À beira do abismo no início dos anos 2000, a Fiat se recuperou de maneira espetacular e voltou a ter lucro em 2005. O arquiteto dessa recuperação é Sergio Marchionne (nascido em 1952), executivo ítalo-canadense que assumiu o controle em 2004 e cuja aparência informal - ignora a gravata - esconde uma personalidade resoluta e implacável.
 
Pela primeira vez em quatro anos, o grupo voltou a ficar no vermelho no primeiro trimestre de 2009, duramente afetado pela crise como as demais montadoras. Em 2008, a Fiat, que vendeu 2,5 milhões de automóveis, realizou negócios de US$ 78,381 bilhões (? 59,380 bilhões ) (+ 1,5%), enquanto seu lucro líquido recuou 16,2% para US$ 2,271 bilhões (? 1,721 bilhão).
 
Fonte: Gazeta Mercantil
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