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Palmeiras e Flamengo decidem de novo, mas sem Deyverson e Andreas

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Nove meses após daquele lance que entrou para a história do futebol, Palmeiras e Flamengo voltam a se encontrar e a viver um clima de "decisão".

Mas, desta vez, sem seus personagens que foram os grandes protagonistas do eterno 27 de novembro de 2021, quando o time paulista venceu o carioca por 2 a 1, em Montevidéu (URU), e sagrou-se tricampeão da Libertadores -com Deyverson de herói e Andreas Pereira de vilão.

Neste domingo (21), às 16h, no Allianz Parque, o que está em jogo é a briga pelo título do Campeonato Brasileiro. O Palmeiras, líder isolado, tem 48 pontos, nove a mais que o Flamengo. Técnico do Alviverde, Abel Ferreira, campeão daquela Libertadores, segue prestigiado no clube e deve colocar a campo sua força máxima. 

Já o treinador rubro-negro Dorival Júnior, que não viveu aquela final no Uruguai, faz mistério, já que na quarta-feira (24) tem o duelo de ida das semifinais da Copa do Brasil, contra o São Paulo, no Morumbi.

No primeiro turno, quando Palmeiras e Flamengo se enfrentaram no Maracanã e se reencontraram pela primeira vez depois da decisão da Libertadores, Andreas Pereira ficou no banco de reservas e não entrou. Já Deyverson, que vinha perdendo espaço, sequer foi relacionado. A partida terminou empatada em 0 a 0.

O reencontro deste domingo tem como cenário o Alviverde líder isolado com 48 pontos, e o Flamengo vindo logo em seguida, na segunda colocação, com 39 pontos. Uma vitória dos cariocas pode encurtar a diferença para seis pontos.

Os rivais ainda poderão se encontrar numa possível nova final da Copa Libertadores, já que ambos estão nas semifinais. O Palmeiras encara o Athletico-PR. Já o Flamengo enfrentará os argentinos do Vélez Sarsfield.
Da idolatria à não renovação.

Deyverson já mostrou de cara quem é. Não balançou as redes, algo que também o notabilizou no Verdão. Mas já fez duas simulações de cinema.

No primeiro lance, ao ser tocado pelo volante Elton, do Juventude, o atacante se jogou no chão e colocou as mãos no rosto simulando uma agressão e chamando atenção do árbitro Marielson Alves da Silva.

No segundo lance, o jogador tentou dar uma caneta em Vitor Leque e saltou antes mesmo de ser tocado durante a entrada na bola e caiu no chão, permanecendo por alguns segundos.

Vitor chegou a ser expulso após este lance, mas o árbitro foi chamado ao VAR e cancelou o vermelho, mostrando apenas um amarelo.

O atacante não entrava em campo desde 20 de março. E último jogo pelo Palmeiras foi um resumo perfeito do que foi a passagem dele pelo clube.

Diante do Red Bull Bragantino, pelo Campeonato Paulista, foi a campo no segundo tempo, cobrou pênalti que empatou o jogo para o Palmeiras, chorou na comemoração, fez a dancinha de Tik Tok do momento e foi expulso logo depois, por xingar o árbitro.

Neste dia, ele realmente gabaritou. E é difícil imaginar que alguém que tenha a sequência acima como um sumário de sua passagem por um clube possa ser venerado. Mas Deyverson, como bem se sabe, foi além.

O gol que ele fez na final da Libertadores, contra o Flamengo, ao roubar bola de Andreas e bater na saída de Diego Alves, o elevou ao andar reservado aos maiores heróis alviverdes.

A comemoração emocionada, as muitas juras de amor posteriores e anteriores ao feito, também ajudaram muito nessa jornada do herói.

Em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, durante a disputa do Mundial de Clubes, ninguém era mais festejado que o centroavante.

Após a semifinal contra o Al Ahly (EGI), Deyvinho, como ele passou a ser chamado pelos palmeirenses, posou para inúmeras selfies, assinou bandeiras, camisa, bonés, ganhou presentes e ainda deixou o campo sob gritos de seu nome, sem nem mesmo entrar em campo.

Em 5 de julho, o jogador despediu-se de torcedores em um evento no qual os ingressos custaram entre R$ 250 a R$ 650. Quanto mais caro, mais perto do palco em que o jogador contou histórias de sua passagem pelo Palmeiras, em evento com mais de 231 palmeirenses. E o que o UOL Esporte viu no restaurante Braza, do Allianz Parque, foi gratidão.

"Só a gente é que pode falar mal dele", disse um torcedor, que falava com um canal de TV. Um coro de "Deyvinho, Deyvinho" foi puxado, levando o ex-jogador a fazer o famigerado "desenrola, bate e joga de ladinho" em retribuição, um pouco antes de subir ao palco para o espetáculo.

E pensar que nada disso teria acontecido se Luiz Adriano, titular absoluto da posição, tivesse mantido o bom desempenho esportivo e disciplinar. Rony talvez tivesse até sido titular na decisão de Montevidéu.

Mas Luiz Adriano certamente teria entrado em campo antes de Deyverson, como opção na prorrogação, se não tivesse perdido totalmente a confiança da comissão técnica.

ABALO, RESSURREIÇÃO, NOVELA E NOVOS ARES

Andres viveu dias difíceis após aquele traumático jogo na capital uruguaia, onde falhou decisivamente. Muito abalado psicologicamente e tendo alguns dias de choro e noites mal dormidas, encontrou apoio nos familiares, amigos e companheiros de Flamengo, principalmente os mais experientes, entre eles o zagueiro David Luiz.

Entre os torcedores rubro-negros, um misto de apoio e críticas. Nos primeiros dias de volta ao Rio de Janeiro, recebeu apoio de representantes de organizadas no Ninho do Urubu, mas no reencontro com a massa no Maracanã, a mescla entre incentivo e vaias ficou evidente.

Se acovardar, porém, não entrou na cartilha de Andreas, que, mesmo diante de um peso imensurável sobre as costas, quis seguir seu contrato de empréstimo com o Flamengo.

Já sob o comando de Paulo Sousa, Andreas viu uma nova chance, mas oscilou até se reafirmar como titular da equipe. Andreas viveu jejum de 22 jogos até voltar a participar de gol com a camisa do Flamengo, quando converteu um tento no clássico com o Fluminense, em maio, pelo Brasileiro.

A desconfiança passou das arquibancadas para os bastidores do Flamengo e, aos poucos, foi minando as chances de permanência do meia na equipe. Tanto Andreas quanto os técnicos Paulo Sousa e Dorival Júnior, atual comandante da equipe, manifestaram o desejo de seguir com o casamento, mas as falhas e o emocional fragilizado pesaram contra o jogador.

Aos poucos, no entanto, Andreas caminhou para o recomeço. Em seu último mês, o meia se tornou um dos pilares do elenco, se consolidou na recuperação e engatou sequência de nove jogos como titular - foram três gols neste período. Assim, retornou aos braços da torcida, que novamente pediu pela contratação.

A negociação se transformou em uma novela. O Rubro-Negro desistiu de 10 milhões de euros - cerca de R$ 55 milhões - do acordo feito ainda em fevereiro quando Marcos Braz, vice-presidente de futebol, e Bruno Spindel, diretor executivo, foram à Inglaterra e colocaram as cartas na mesa.

O contrato foi costurado, mas o investimento dividiu opiniões na diretoria e também a torcida nas arquibancadas. Pesou, principalmente, a falha na Libertadores.

Sem acordo entre Flamengo e Manchester United, que detinha seus direitos, Andreas fez sua última partida contra o Tolima (COL), pela Libertadores, em capítulo digno de filme de drama. Ele fez um golaço que garantiu a vitória do Rubro-Negro e foi eleito o melhor em campo.

O meia encerrou a passagem pelo Flamengo com 53 jogos - sendo 43 como titular -, oito gols e três assistências. Em 11 de julho, retornou para a Premier League ao ser anunciado pelo Fulham, onde assinou contrato por cinco temporadas.

QUEM FICOU E QUEM SAIU?

Daquela fatídica final, alguns dos que estiveram em campo já saíram de seus respectivos clubes, como Deyverson e Andreas Pereira, muitos, porém, ainda permanecem defendendo Palmeiras e Flamengo.

Dos 17 jogadores utilizados naquela decisão, 13 ainda são do elenco alviverde, além do técnico Abel Ferreira. Já no Rubro-Negro, dos 17 atletas, 11 ainda seguem no Ninho do Urubu. 

No entanto, o goleiro Diego Alves perdeu espaço, o zagueiro Rodrigo Caio está lesionado e sem previsão de retorno e o atacante Bruno Henrique, após cirurgia no joelho direito, só retorna em 2023.

Fonte: UOL-FOLHAPRESS

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