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Delegado Baretta critica morosidade da Justiça e diz que impunidade gera violência

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Foto: Arquivo Cidadeverde.com 

Um crime de homicídio demora em média de 7 a 10 anos para ser julgado no Brasil. A morosidade no julgamento e a impunidade acabam sendo um dos principais fatores para a crescente violência no Piauí. A análise é do delegado Francisco Costa, o Baretta, em entrevista ao Cidadeverde.com sobre a onda de homicídios em Teresina.

De acordo com o delegado, que é coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a única forma de frear a onda de violência e homicídios é encarcerando o criminoso, principalmente quando o autor do crime for responsável por um homicídio. 

O coordenador do DHPP afirmou também que a polícia não consegue estar em todos os lugares onde esses crimes acontecem. Isso porque muitas vezes a vítima e o homicida estão em lugar particular, como por exemplo, fazendo uso de entorpecentes dentro de sua residência e a policia não pode adentrar sem ordem judicial.

“Como a Polícia vai estar lá? Não tem como. Homicídio é o crime mais grave, é um crime contra a vida. Esses indivíduos fazem do crime o  seu meio de vida. Além disso, a reincidência entre eles é muito grande. Esses indivíduos [acusados de homicídios] são os mesmos que roubam, assaltam e traficam”, afirmou o delegado Baretta. 

Questionado sobre estratégia da polícia para combater a onda de homicídios em Teresina, o delegado aponta o encarceramento como uma das soluções. Mas, segundo Baretta, não basta prender. É preciso que o acusado pelo homicídio fique na cadeia. 

“Enquanto a policia continuar prendendo e o indivíduo continuar sendo solto, eles continuam praticando o crime. O sistema criminal brasileiro é feito não só pela Polícia, mas pelo Judiciário, Ministério Público e pela polícia. Os três precisam caminhar juntos”, pontuou o coordenador do DHPP. 

O delegado rebateu ainda as críticas quanto ao Código Penal Brasileiro. Para Baretta, o regulamento não é ultrapassado. 

“A aplicação da lei tem que ser em favor da sociedade. Porque a lei de medida cautelar que botou tornozeleira [e libertou acusados] é recente. Estão fazendo lei para beneficiar bandido. Por exemplo, a pessoa mata o pai e a mãe e no Brasil tem direito a sair da cadeia no Dia dos Pais e das Mães. O intérprete da lei é que precisa analisar”, criticou Baretta. 

É por conta dessa falta de punição, segundo Baretta, que a violência continua crescendo e sendo cometida em sua maioria pelas mesmas pessoas. Por isso, o delegado defende a manutenção da prisão daqueles que cometem crimes contra a vida. 

“O crime de homicídio é o mais grave. É por isso que ele inaugura os crimes em espécie. Ele precisa ser exemplar. Se roubam seu carro, a polícia recupera ou você tem seguro. Mas a vida não. Ela não volta”, completou o delegado Francisco Costa, o Baretta. 

Nataniel Lima
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