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Guerra na Ucrânia: ex-soldado diz que foi torturado ao som de Abba e Slipknot

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Foto: Claudio Furlan/Estadão

Um dos dez estrangeiros libertados na troca de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia na semana passada, o ex-soldado britânico Shaun Pinner, 48, narrou seu período como refém de separatistas ucranianos ao tabloide inglês "The Sun".

O britânico, que está com a sua família em uma região perto de Cambridge, foi capturado em abril, após o cerco à cidade de Mariupol –casado com uma ucraniana, ele havia servido no Exército inglês antes e fora contratado pelo governo de Volodimir Zelenski para lutar no Donbass. A região no leste ucraniano foi ocupada por separatistas russófonos e abriga duas das províncias que Moscou busca anexar.

Pinner afirma que, assim que se entregou, foi eletrocutado e ferido com uma faca. Nos seis meses em que ficou detido, foi continuamente torturado e alimentado só com rações de pão em mau estado e água.

Segundo o ex-soldado, um dos métodos de tortura era reproduzir músicas 24 horas por dia, de modo a impedir que os prisioneiros dormissem. Na seleção, bandas como a oitentista Abba e Slipknot, de metal.

Pinner conta que, se dormisse fora do período especificado, ele era espancado. "Nunca mais quero ouvir outra música do Abba na minha vida. Eu odiava a banda antes, então realmente era uma tortura."

Em junho, ele e outro combatente britânico, Aiden Aslin, foram condenados a morte como mercenários em um julgamento controverso –a primeira-ministra britânica, Liz Truss, chamou o processo de farsa.

Depois, foi transferido para outra prisão, em Donetsk, também no Donbass. Ele afirma que lá as condições eram melhores, mas as sessões de tortura continuaram. "Desta vez, eles tocavam 'Believe', da Cher", diz.

Ele e Aslin foram soltos em uma grande troca de prisioneiros detidos em Mariupol. Além do grupo de dez estrangeiros do qual faziam parte –metade dos quais britânicos–, outros 205 prisioneiros ucranianos ainda foram libertados pela Rússia. Kiev, em contrapartida, libertou 55 detidos russos.

Também na semana passada, uma comissão de inquérito da ONU acusou a Rússia de cometer crimes de guerra, incluindo tortura, estupro, confinamento de crianças e execuções sumária em territórios ocupados.

O grupo que conduziu as apurações fez acusações contra Moscou no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra –representantes russos esvaziaram a bancada e não responderam às denúncias.

Apesar de não ter se manifestado oficialmente após a denúncia, Moscou nega as acusações e diz que elas fazem parte de uma campanha de difamação. Também afirma não atacar civis deliberadamente.


Fonte: Folhapress

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