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Mulher sofre abuso no Pará e raspa cabeça para evitar tiro na mão

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Foto: Arquivo Pessoal 

A podóloga Nathalia Rodrigues, 22, denunciou nas redes sociais ter sofrido um sequestro em que, além de roubada e abusada sexualmente, teve que responder aos criminosos se "escolheria" levar um tiro na mão ou ter o cabelo raspado, antes de ser solta, em Belém.

Os sequestradores rasparam quase toda a cabeça da jovem, que decidiu adiar o casamento e a conclusão do curso universitário de enfermagem, planejados para os próximos meses.

Eles raptaram a jovem na manhã sexta-feira (23), no bairro Val-de-Cães, quando ela saía de casa rumo ao trabalho, por volta das 7h. Rodrigues diz ter sido abordada por um homem acompanhado de um comparsa que dirigia um onix peliculado verde.

"Ele apontou uma arma para mim e me puxou para dentro do carro", lembrou a mulher em entrevista ao UOL. Ela conta que, durante toda a ação, os bandidos ameaçaram matar a jovem e seus familiares, além de assediá-la sexualmente.

"O bandido que estava comigo ficou passando a mão pelo meu corpo e disse que eles poderiam até ser presos, mas que, quando saíssem, viriam atrás de mim e da minha família".

A dupla circulou, conforme o testemunho de Rodrigues, por ao menos uma hora pela cidade com a podóloga feita de refém, sob a mira de um revólver, antes de perguntar: "tiro na mão ou raspar a cabeça?".

"Fui torturada e ameaçada. Como 'escolhi' raspar a cabeça para não receber um tiro, o bandido que estava comigo pegou uma máquina e começou a raspar o meu cabelo. Fiquei tão nervosa que só consegui olhar para a arma que ele estava me apontando. Ainda estou sem acreditar".

Rodrigues foi abandonada em uma rua do bairro Pedreira e teve documentos, celular e aliança roubados.

CRIME 'ENCOMENDADO'?

Rodrigues diz que, em determinado momento, um dos criminosos disse que a ação seria uma resposta "a um B.O.".

A podóloga suspeita que o crime tenha relação com a saída de seu antigo emprego. No mês passado, ela denunciou ter recebido em casa após pedir demissão um pacote que chama de "macumba". Ainda atribui o envio à antiga empregadora.

"Ligaram para a clínica onde eu trabalho e perguntaram se eu estava trabalhando, possivelmente para saber se eu estava em casa para receber. Um tempo depois chegou um "tacho" de barro com imagens e esculturas de santos e a minha foto junto embrulhada para presente", contou. No material, segundo a mulher, ainda havia farofa no fundo do recipiente, um boneco de vudu espetado, caixões, velas, caveiras e uma escultura de tranca rua, sem bilhete.

Rodrigues trabalhou por três anos na clínica Carinho do Pé e, em fevereiro deste ano, resolveu pedir demissão, segundo ela, por se sentir pressionada e não gostar do tratamento que recebia.

Por meio do advogado da clínica, Américo Leal Filho, a proprietária negou envolvimento no caso e atribuiu a acusação ao fato da empresária ser umbandista e a uma possível demonstração de visão distorcida da religião de matriz africana.

"Minha cliente desconhece totalmente as alegações e recebeu a notícia com choque por que não tem esse tipo de comportamento e nunca passou pela cabeça dela fazer mal a funcionárias ou ex-funcionárias, pelo contrário, é uma profissional que trabalha há 17 anos e formou várias profissionais, que trabalham, têm suas clínicas, ganham seu dinheiro e são muito gratas ela por isso", declarou Leal Filho.

De acordo com a Polícia Civil, o delegado diretor da Seccional da Sacramenta, Arthur Nobre, preside o inquérito. A assessoria do investigador informou que a proprietária da clínica apontada pela vítima prestará depoimento à polícia nos próximos dias.

Segundo a assessoria de Leal Filho, o testemunho será colhido após depoimento de um grupo de ex-funcionárias que também alega ter recebido "despachos" semelhantes ao que foi descrito por Nathália Rodrigues. Ao menos três delas serão ouvidas nesta quarta-feira (27).

CASAMENTO SUSPENSO

A podóloga Nathalia Rodrigues estava com casamento marcado para 17 de dezembro e, após o trauma, decidiu adiar o matrimônio. Ela também iria se formar em enfermagem no início de 2023, o que também postergou.

"Eu e meu noivo estávamos planejando tudo, casaria em Mosqueiro porque nosso sonho era casar na praia. Era algo que sonhamos juntos e não vou conseguir ficar entregue nesse momento.

Nas fotos e filmagens, não quero me lembrar desse momento assim (sem cabelo)", afirmou.

O sequestro, afirma a podóloga, a deixou com medo de sair de casa em função das ameaças que sofreu.

"Estamos com medo do que possa acontecer com a gente. Não estamos saindo de casa e quando fazemos isso, tentamos sair em grupos maiores para tentar nos proteger".

 

Fonte: Folhapress  (Luciana Cavalcante) 

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