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Reforço contra Covid é importante para impedir hospitalização, diz infectologista da Fiocruz

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Foto: Arquivo/Cidadeverde.com

A atualização das vacinas contra a Covid para fórmulas bivalentes que incluem as subvariantes da ômicron é importante, mas o essencial agora é a aplicação de uma dose mais recente, mesmo que com a fórmula tradicional, na população mais velha. Essa é a visão do infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda.

Além disso, para ele, pessoas mais velhas ou de maior risco, como as imunossuprimidas ou em tratamentos para câncer, já deveriam receber uma quinta dose dos imunizantes antes da chegada das vacinas bivalentes.

Segundo Croda, aguardar a chegada da vacina da Pfizer bivalente contra a ômicron para atualizar a imunização dos mais velhos pode atrasar o processo de recuperação dos níveis de proteção.

"Já estamos vivendo um aumento de casos, internações e óbitos no Brasil, especialmente no grupo que chamamos de 'idosos extremos', com mais de 70, 80 anos. Esperar até a chegada da bivalente pode pôr em risco essas pessoas e perder o tempo necessário para gerar essa proteção adicional em um momento de alta transmissão do vírus", diz.

Como as vacinas precisam de 7 a 10 dias para começar a estimular o sistema imune a gerar a proteção contra o vírus, uma aplicação agora das fórmulas antigas da vacina pode resultar em uma imunização maior contra as subvariantes da ômicron em circulação, mesmo que a eficácia não seja tão alta quanto a observada em momentos anteriores da pandemia.

No final de novembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou duas novas vacinas contra Covid bivalentes, produzidas pela farmacêutica Pfizer. As fórmulas têm a cepa ancestral do coronavírus de Wuhan e as subvariantes da ômicron BA.4/BA.5 e BA.1. As primeiras doses devem chegar ao Brasil ainda em dezembro deste ano ou em janeiro de 2023, segundo Croda.

De acordo com ele, o Ministério da Saúde ainda não definiu como será a aplicação da bivalente, embora haja discussão que ela seja destinada apenas para grupos de risco. "Acho uma decisão acertada, como foi feito na Europa, porque nos Estados Unidos eles liberaram para a população geral acima de cinco anos e a adesão está baixa", explica.

O infectologista lembra que uma campanha de reforço da vacina contra Covid precisa trabalhar também com a comunicação e a importância de as pessoas receberem a última dose da vacina há menos tempo, e não necessariamente qual é essa dose.

"Do ponto de vista populacional, o ideal é que todo mundo estivesse com o esquema vacinal atualizado, com coberturas maiores desse esquema, e só depois podemos substituir para os grupos vulneráveis a formulação bivalente", afirma.

A equipe de transição do governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já sinalizou que a vacinação será uma das grandes campanhas na área da saúde a ser resolvida já no próximo ano.

Além da vacina contra Covid atualizada, a próxima gestão pretende recuperar a cobertura de outras vacinas do calendário vacinal infantil, que tiveram uma queda expressiva nos últimos cinco anos.

No último domingo (4), o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que a vacinação de crianças contra Covid será também uma das primeiras ações do novo governo, a ter início já a partir de 2 de janeiro.

Recentemente, capitais relataram falta de imunizantes para crianças na faixa de 3 e 4 anos. As de 6 meses a 3 anos de idade ainda não tiveram a inclusão na campanha de vacinação de maneira ampla, sendo restrita a crianças com comorbidades.

As dificuldades do atual governo em vacinar as crianças e o atraso na compra das vacinas são algumas das críticas de especialistas em saúde, incluindo Croda. "Depois dos idosos, sabemos que as crianças de 6 meses a 5 anos são aquelas com o maior risco para hospitalização e óbito por Covid", diz o infectologista. "Precisamos de uma campanha concomitante com o reforço nos mais idosos", completa.

 

Fonte: Folhapress/Ana Bottallo

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