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Conheça Resistência, cadela que deve subir rampa do Planalto com Lula

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

A cadela Resistência, que deve participar da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi adotada por ele e por Rosângela da Silva, a Janja, e se tornou companheira do casal nos últimos quatro anos, atravessando fases como a prisão do petista e sua campanha vitoriosa à Presidência.

Uma vira-lata, ou SRD (sem raça definida), Resistência -cujo nome completo é Resistência Lula da Silva– vivia nas ruas de Curitiba e cruzou seus caminhos com os de Lula quando ele estava encarcerado na superintendência da Polícia Federal na capital paraense.

Em abril de 2018, pouco depois que o petista foi preso, ela apareceu no acampamento de militantes do PT em frente ao prédio e começou a ser cuidada por apoiadores que permaneceriam no local até o último dos 580 dias de clausura do político, então condenado pela Operação Lava Jato.

O nome logo dado à mascote tinha a ver com o que os acampados diziam estar fazendo ali: resistindo, junto com Lula, ao que consideravam ser uma injustiça. Resistência virou uma companheira da turma que vivia na rua diante da PF entre barracas e espaços improvisados, em vigília sob sol, frio e chuva.

Ela ainda era filhote, com idade estimada de dois meses, quando chegou ao Acampamento Lula Livre, com sua pelagem preta e manchas brancas no peito e na ponta das patas –com o passar dos anos, a tonalidade foi ficando mais acinzentada. Sua idade agora é algo entre 4 e 5 anos.

O passo determinante para virar cadela presidencial veio com sua aproximação de Janja. A então namorada de Lula costumava visitar a concentração de apoiadores no lado externo da PF e, louca por cachorros, começou a cogitar a adoção quando conheceu Resistência.

A decisão foi enfim tomada em um momento sério: a cadela ficou doente e precisou ser internada por cerca de uma semana em junho de 2018. Foi então que a socióloga assumiu o papel de tutora, decidiu resgatá-la e colocou as vacinas e a saúde dela em dia.

Em casa, a rotina de mimos passou a incluir banhos regulares no pet shop, de onde costumava voltar enfeitada com estrelinhas parecidas com as do PT. Os funcionários sempre souberam que ela é petista, costuma contar a dona.

Magrinha quando apareceu, a fêmea ganhou peso (tem por volta de 7 kg), mas até hoje não é de comer muito.

A primeira-dama contou ao "Fantástico", da TV Globo, que revelou a adoção em uma carta ao então namorado.

"Ela ficou alguns meses na vigília, mas, como era muito frio em Curitiba, ela ficou doentinha, e eu falei: 'Vamos lá, Resistência, você vai pra minha casa'. Contei isso por carta pra ele: 'Olha só, temos uma filha nova'. E aí o pessoal da vigília sempre falou: 'A Resistência vai subir ainda a rampa do Planalto'", relembrou na entrevista.

Resistência foi tratada como uma espécie de amuleto por Janja no período em que não pôde conviver com Lula. À espera da libertação do futuro marido, a socióloga fazia planos de que um dia a cachorra de nome peculiar estaria ao lado deles como a representação de uma aguardada volta por cima.

"Quando meu coração fica apertado de saudade, ela me enche de lambeijos!", escreveu a primeira-dama na legenda de uma foto dessa época.

Lula só pegou a cadela no colo depois que deixou a cadeia, em novembro de 2019. Foi quando ela se mudou para São Bernardo do Campo (SP), acompanhando a família. Não chegou a conviver com Mel, da raça fox terrier, que estava com o petista desde 2006 e morreu enquanto ele ficou preso. A socióloga possuía um outro vira-lata, Thor, que morreu em novembro de 2021, aos 21 anos.

Além de Resistência, o casal presidencial tem a cadela Paris, uma SRD que Janja adotou quando morava no Rio de Janeiro e também chama de "filhota". Uma pessoa próxima conta que, curiosamente, Paris é mais apegada a Lula do que a, digamos, "irmã famosa".

Durante os planos para a cerimônia, Paris acabou preterida para participar da posse por não ter o mesmo simbolismo, para o presidente, que a ex-mascote da vigília. A decisão gerou algum incômodo entre apoiadores, que chegaram a deixar comentários para a primeira-dama cobrando a presença de ambas.

As duas cadelas são descritas por pessoas da convivência do casal como igualmente carinhosas e companheiras. Resistência vai fácil no colo daqueles que já conhece, mas tem personalidade forte e temperamento mais independente. Quando bate o sono, ela não se incomoda em deixar os donos e visitantes na sala e ir para a cama. Já Paris fica enquanto houver gente acordada.

Amigos íntimos dizem que é comum Resistência pular para o lado de Lula quando ele se senta e pedir carinho. Se o dono se levanta, ela vai atrás e o segue pela casa. Pode ficar desconfiada com estranhos, mas rápido se entrosa.

Defensora há anos da adoção de animais abandonados, a primeira-dama chegou a contestar uma seguidora em rede social que descreveu Resistência como um exemplar da raça schnauzer, pelas características semelhantes. "Ela é uma pura vira-lata", respondeu.

A cachorrinha já foi exposta na internet em momentos de pura preguiça e aventura, como o dia em que pulou na piscina pela primeira vez. Também aparece na companhia de inseparáveis bichinhos de pelúcia, como um pato amarelo que foi com ela na mudança de São Paulo para Brasília.

Resistência ganhou visibilidade a partir de 2019, em postagens de Lula e Janja. Um texto divulgado naquele ano pela assessoria do presidente afirmou que a cadela quase morreu ao atravessar a movimentada avenida ao lado do acampamento, em um dia de chuva e temperatura inferior a 15°.

"Desviando entre os carros e assustada pelo barulho das buzinas", de acordo com a publicação, "a pequena filhote tremia e se encolhia" até que foi acolhida por Marquinho e Cabelo, dois metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Militantes perguntaram na região se ela tinha fugido de alguma casa, mas ninguém a conhecia. Ficou, então, morando na barraca do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

"As ruas que cercavam a superintendência da Polícia Federal em Curitiba estavam tomadas por barracas de lona preta colocadas, sem sucesso, para tentar conter o frio que cortava e deixava ainda mais difícil a missão de resistir", afirmou o texto postado pela página de Lula.

A cachorra comunitária andava por todo o entorno, às vezes embrulhada em uma bandeira vermelha do PT. Segundo o relato, ela latia e rosnava para quem ameaçava hostilizar os apoiadores de Lula, como se tivesse faro aguçado para detectar antipetistas. Participantes contavam também que ela tinha a capacidade de refletir o estado geral de humor do acampamento.

Vibrante e dócil, ela se tornou popular. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, apareceu em vídeo nas redes sociais acariciando o animal e elogiando o grupo por acolhê-lo. De passagem pelo local, os atores Lucélia Santos e Herson Capri tiraram fotos com a mascote.

A cachorrinha foi se tornando mais conhecida a partir do momento em que Lula retomou as atividades políticas pós-prisão e, em março de 2021, recuperou o direito de se candidatar.

O petista apresentou a companheira como alguém que "faz parte da família" em postagem de abril de 2020. Relembrou que, no início da vida, ela sofreu, dormiu no frio e passou necessidades. "Depois a Janja levou ela para casa, cuidou dela. Agora ela está aqui comigo em São Bernardo."

Na foto, tirada durante a pandemia, Resistência estava no colo do dono enquanto ele fazia uma reunião por vídeo com o então deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), escolhido ministro do novo governo.

Na pré-campanha e na campanha, ela participou de eventos como um promovido pelo Setorial de Direitos Animais do PT, ao lado de convidados como a ativista Luisa Mell e a chef e apresentadora Bela Gil. O segmento do partido entregou a Resistência um certificado de "embaixadora canina da causa animal".

A questão animal foi incorporada à plataforma política do então candidato, virando peça da estratégia de marketing que se criou em torno do casal Lula e Janja.

Fonte: Folhapress/Joelmir Tavares

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