Cidadeverde.com

Piloto de avião afirma que roubo da aeronave foi planejado e de alto risco; assista

Imprimir

O piloto de avião Gregório Mendes fez uma análise do roubo do monomotor, modelo Cessna 206, e caracterizou a ação criminosa como uma operação de alto risco, uma vez que a decolagem foi realizada durante a madrugada com iluminação apenas do farol da aeronave. Ele cogita, como uma possível rota de fuga, o estado do Maranhão, Pará e Amazônia Legal que engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

"Decolaram de madrugada de um aeródromo que não tem balizamento noturno, não tem iluminação. Decolaram apenas com o farol da aeronave. Foi uma coisa de muito risco. Essa operação, com certeza, foi muito bem planejada. Os indivíduos trouxeram combustível, abasteceram o avião. Se conseguiram encher tudo, a aeronave tem autonomia pra voar 5 horas, em uma velocidade em torno de 220 km a 230 km/h. Por aí dá pra se tirar até onde eles conseguiram ir, se tiverem enchido o tanque. Com certeza, eles tinham planejado a rota toda, onde seria o pouso já de dia para poderem completar a fuga. Nós que voamos ficamos imaginando como planejaram sair de uma pista sem nenhum recurso noturno para que voassem à noite", analisa o piloto.

Foto: arquivo pessoal 

A aeronave foi levada do Clube do Ultraleve do Piauí, na zona Leste de Teresina, na madrugada do último sábado (14). O avião cabe seis ocupantes e suporta uma grande quantidade de peso, o que reforça a suspeita de que tenha sido levado para o transporte de drogas. 

Gregório Mendes pontua ainda que o piloto que conduziu a aeronave deveria ter habilitação para voos noturnos e enfatiza que a operação foi arriscada.

"Foi muita ousadia, inclusive nesse aspecto da fuga. Além disso, ninguém é pra voar sem um plano de voo. Eles decolaram à revelia de todos os controles aéreos. O controle daqui deve ter visto o alvo dele no radar, efetuado diversas chamadas e ninguém respondeu. Temos a transmissora do Centro-Recife que qualquer aeronave voando dentro desse raio de 200 milhas, com certeza é alcançada pelo radar. O controle deve ter feito chamadas, apesar dele ter desligado o transponder, mas aparece o alvo primário e o controlador com certeza viu", diz Mendes. 

O piloto reforça que para um avião decolar é necessário um plano de voo aprovado com informações sobre origem, destino, quantidade de ocupantes, combustível, entre outras.  


AERONAVE NÃO TINHA SEGURO

O médico Jacinto Lay, proprietário da aeronave, diz que o sentimento é de surpresa e frustração. Ele conta que o monomotor passou por revisão em dezembro de 2022 e que confia nas nas autoridades policiais para reaver o veículo aéreo avaliado em R$ 2 milhões. 

"Recentemente foi feita uma revisão geral, pois havia chegado no tempo de renovação do certificado de aeronavegabilidade. No começo de dezembro fez teste de voo e no final de dezembro já havia concluído toda a revisão. Estava pronto pra voo. Não estava voando, pois estava aguardando somente a liberação burocrática, a assinatura do papel da Anac", conta Lay. 

O proprietário da aeronave reforça as características do monomotor e acredita em uma ação bem planejada. 

"A abordagem dos meliantes foi levar o caseiro já direto pro hangar onde eles sabiam onde estavam a aeronave. Já foi uma coisa bem planejada [...] creio em furto para tráfico de drogas. As características do avião são bem propícias pra isso. É uma aeronave monomotor, com capacidade para seis passageiros, o piloto e mais cinco, e tem um trem de pouso fixo, ou seja, as rodas que tocam ao solo ficam o tempo todo baixadas, é muita boa para pousos e decolagens em pistas curtas, carrega muito peso. Leva seis passageiros e bagagem tranquilamente", explica o dono da aeronave.

O monomotor não tinha seguro. Jacinto Lay diz que a sociedade vive um clima de insegurança e pede por melhorias na área.

"Fiquei bem surpreso. Você nunca imagina! participo de aviação desde 2001e você não vê entre os colegas, entre os pares, reclamando de roubo de aeronaves. Isso é mais comum nas regiões fronteiriças, no Mato Grosso, próximo ao Paraguai, mas não no Norde-Nordeste. A gente fica frustrado, pois vivemos numa insegurança tão grande e , como contribuinte, a gente fica rezando para que haja uma melhoria na Segurança, pois a gente paga tanto pra isso", desabafa a vítima. 

Graciane Araújo
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais