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Escolas de samba de Teresina fazem apelo para incentivo e querem desfilar em 2024

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Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Há sete anos o Carnaval de Teresina não tem o tradicional desfile das escolas de samba na sua programação de fevereiro. O saudosismo do tempo em que a Avenida Marechal Castelo Branco era completada por arquibancadas cheias de foliões é o sentimento que fica entre os dirigentes e componentes das escolas.

Em entrevista ao portal Cidadeverde.com, o presidente do Sambão, Manoel Messias, conta que de lá pra cá, os instrumentos da escola já se danificaram e os carros alegóricos foram se destruindo com a ação do tempo.

“Quando as escolas de samba param, também os instrumentos vão se danificando, os carros alegóricos vão sendo destruídos pelas intempéries da natureza. Então praticamente dez anos sem escola de samba, sem desfile, a gente perde até os componentes porque há uma dispersão, eles procuram outras opções”, diz Manoel Messias.

Perguntado sobre um possível retorno das escolas de samba em 2024, Manoel Messias enfatiza que primeiro é necessário ter a certeza que o desfile estará na programação oficial do Carnaval de Teresina.

Foto: Arquivo/Cidadeverde.com

“O que as escolas estão solicitando é um projeto para que nós possamos ter certeza que o Carnaval vai existir, porque aqui em Teresina, o Carnaval é feito a bem querer do prefeito, nós não temos um cronograma cultural nesse estado, nós quereremos ter a certeza que vai haver Carnaval para que possa haver investimento, ninguém quer investir no obscuro”, ressalta.

O dirigente destaca ainda que as escolas de samba também já não possuem mais um espaço para realizar suas atividades. Para ele, o desfile é resultado de um trabalho feito durante todo o ano e um local destinado para isso é extramente importante para esse retorno.

“Para retomar, o Carnaval tem que nascer de novo, instrumentos, carros alegóricos, a convocação dos próprios componentes, para que se possa voltar. Por isso que é um investimento muito difícil e muito caro porque se não for com bastante dinheiro, não dá para retornar o Carnaval. Isso com a participação das próprias escolas de samba com sede, com espaço para fazer suas atividades, a presença do poder municipal através da Prefeitura, do poder estadual, através da Secretaria de Cultura e do Governo Federal, e dos empresários também, tudo isso vai ser preciso, essa coligação, essa junção para que se possa retomar o Carnaval”, ressalta o presidente.

Manoel Messias também reforça a importância dos recursos do poder público, seja através de leis, projetos ou patrocínios, para possibilitar a volta dos desfiles.

“Esse recurso ele poderá ser adquirido através dessas leis que já existem, lei de incentivo à cultura, e essa lei vem exatamente para beneficiar a cultura de uma maneira geral, todo o tipo de atividade cultural. Agora, é preciso sim ter a certeza de que haverá atividade”, destaca o dirigente.

Foto: Arquivo/Cidadeverde.com

Apresentação da Sambão em 2016, no último ano da edição do desfile

Já o presidente da Liga das Escolas de Samba de Teresina e diretor da Skindô, Jamil Said destaca que as escolas atualmente não têm recursos para retornar com os desfiles. 

“É muito peso financeiramente e as escolas praticamente não tem nada, então é isso que a gente tem que conversar, debater bem como é que a gente vai fazer para poder trabalhar o ano todo, isso é muito importante”, completa.

Jamil Said ressalta que buscou a Prefeitura de Teresina para apresentar projetos durantes os últimos anos, mas que não obteve retorno.  Ele informa que sem um incentivo, não há como realizar os desfiles.

“Quando a gente se aproximava da Fundação ninguém queria receber, no governo do Estado apresentei alguns projetos, recebi um não e nunca mais fui lá. Na Fundação, apresentei alguns projetos e resolvi não ir mais. Não tem incentivo, fazer o Carnaval de escola de samba, um Carnaval espetáculo é muito caro, e uma pessoa só não se mantém, eu gastava muito. Então é um Carnaval muito caro, que a escola dá a fantasia para o folião, então não tem condições”, desabafa o diretor da Skindô.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

O portal Cidadeverde.com buscou a Fundação Monsenhor Chaves (FMC) para saber sobre a possibilidade do retorno das escolas de samba no Carnaval de Teresina. Ênio Portela, presidente da FMC, disse que já teve uma conversa inicial com os presidentes das escolas e uma reunião oficial deverá ocorrer nós próximos meses, mas que não há uma data definida para a volta dos desfiles.

“A gente entende que para as escolas de samba voltarem, tanto a Fundação Monsenhor Chaves, Prefeitura de Teresina, como as próprias escolas, tem que ter um trabalho anual. Eu conversei com várias escolas e a gente está querendo se reunir a partir de março, abril para já traçar esse planejamento e fazer o que for possível, o que tiver no alcance da Prefeitura, se não nos moldes que era nos anos 90, mas que a gente consiga subir degrau por degrau, para atingir de novo o ápice das escolas no anos 80, que é um objetivo”, informa o gestor.

Ênio Portela destaca ainda a importância das escolas de samba na cultura teresinense, e esclarece que a Fundação Monsenhor Chaves busca voltar com essa visibilidade.

“O que a gente pretende como Fundação Monsenhor Chaves é dar luz, é botar o sol, as instituições, as escolas de samba que são tão importantes para a cultura de Teresina”, finaliza.

 

Rebeca Lima
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