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Governo cogita nomes de ex-diretores da gestão Dilma para vaga no BC

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Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cogita os nomes de Luiz Awazu Pereira da Silva e Tony Volpon, ex-diretores do Banco Central na gestão Dilma Rousseff (PT), para a diretoria de Política Monetária da instituição. O mandato do atual titular, Bruno Serra Fernandes, expira na próxima terça-feira (28).

A escolha do futuro diretor cabe ao chefe do Executivo, que protagonizou embates com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nas últimas semanas. Aliados de Lula defendem um nome que seja "equilibrado".

Apesar de o fim do mandato de Serra estar próximo, integrantes do governo acreditam que a decisão sobre quem será o novo membro da cúpula da instituição pode ser adiada. Isso porque o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), terá como prioridade resolver o impasse em torno da possibilidade de voltar a cobrar impostos federais sobre combustíveis, como gasolina e diesel.

Ministros e aliados no Palácio do Planalto avaliam que este deve ser o foco de Haddad e Lula para os próximos dias e que a decisão a respeito do BC só deve ser tomada depois.

Além do caso de Serra, o mandato do diretor de Fiscalização, Paulo Souza, também termina na próxima terça. A tendência é que ele seja reconduzido no cargo. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Campos Neto afirmou que o diretor tem intenção de permanecer por mais quatro anos.

"Ele [Paulo Souza] queria sair por motivos de saúde, melhorou e me disse que não quer mais sair. É um ótimo caso de recondução, mas de novo, a prerrogativa é do governo", disse.

Integrantes do BC demandam que o diretor de Fiscalização seja um nome de carreira do órgão, e o mais cotado é o próprio atual titular do cargo.

"A gente tem uma parte dos diretores que são muito mais técnicos e ligados a áreas que precisam de ter uma continuidade de gestão maior. Espero que isso tudo seja levado em consideração", ressaltou Campos Neto em dezembro de 2022.

Mesmo que não sejam reconduzidos, os diretores podem aguardar no cargo a nomeação dos novos membros. Serra sinalizou no início de fevereiro que ficará no posto até que seu substituto seja indicado pelo governo.

A lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, determinou que cabe ao presidente da República a indicação dos nomes dos diretores.

Posteriormente, eles passam por sabatina no Senado Federal. A oficialização de quem assumirá a presidência da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) também pesa sobre os próximos passos da discussão.

A ideia inicial do governo Lula era discutir a escolha com Campos Neto, que, por sua vez, tinha a expectativa de tomar uma decisão em consenso com a gestão Lula.

O presidente do BC chegou a iniciar conversas com economistas da iniciativa privada em busca de um novo nome para a diretoria de Política Monetária. Como mostrou a Folha, um dos sondados foi o economista Sandro Mazerino Sobral, líder de mercados do Santander Brasil. Segundo Campos Neto, a função exige uma interação grande com o mercado financeiro por lidar com câmbio e leilões.

"Precisa ser uma pessoa que tenha uma experiência técnica de mesa de operações. A única coisa que eu disse é que é importante ter uma pessoa que tenha essa experiência. Se precisar de sugestões, eu envio. Se quiser sentar e conversar sobre sugestões que já existem, também estou aberto", disse o chefe da autarquia também no Roda Viva.

Depois de ir a campo buscar nomes, Campos Neto se retraiu na esteira das desavenças públicas com Lula. Integrantes do governo chegaram a dizer que o presidente do BC teria perdido a capacidade de influenciar os novos nomes em meio aos ataques.

Campos Neto, porém, fez sinais de reconciliação que funcionaram, segundo aliados de Haddad. Por esta razão, ele deve ser ouvido na escolha dos novos diretores. Ainda assim, nomes ligados ao mercado enfrentam mais resistência por parte dos petistas.

Ao longo do último mês, o presidente da República deu declarações críticas à postura de Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL) para o comando da instituição. O tensionamento na relação ocorreu após o BC ter mantido a taxa básica de juros em patamar elevado pela quarta vez seguida e sinalizado que pode postergar o início de cortes da Selic.

À época, integrantes do governo avaliaram que Campos Neto foi inábil com as decisões do Copom. Para aliados de Lula, o presidente do BC confundiu a autonomia da autoridade monetária com isolamento.

Diante do impacto negativo que a rusga estava gerando no mercado financeiro, aliados de Lula e Campos Neto agiram para pacificar o cenário.

O principal gesto partiu do presidente do BC. Em entrevista ao Roda Viva, ele afirmou que faria o possível para aproximar a autoridade monetária da gestão petista. Dias depois, Campos Neto disse ainda que é preciso ter um "olho mais especial no social".

Os gestos serviram para melhorar o clima com Haddad e com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. No último dia 16, os três tiveram um almoço reservado de cerca de duas horas, considerado bom por interlocutores. O titular da Fazenda afirmou que o tema da reunião, que ocorreu antes do encontro do CMN (Conselho Monetário Nacional), foi o alinhamento das políticas fiscal e monetária.

Fonte: Folhapress/Julia Chaib e Nathalia Garcia

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