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Estação Ferroviária será restaurada e vai receber exposição de peças da Serra da Capivara

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O prédio da Estação Ferroviária de Teresina, inaugurado em 1926, passará por sua primeira reforma mais ampla este ano. Além da restauração, a estrutura passará a abrigar a sede da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Piauí e terá um espaço reservado para exposições de artefatos e pesquisas arqueológicas desenvolvidas no Parque Nacional da Serra da Capivara.

“O prédio principal vai abrigar a sede do Iphan, mas também terá um espaço cultural para exposições permanentes e temporárias. Temos vínculo com o Parque Nacional da Serra da Capivara e com a Niede Guidon, com quem já trabalhei. Temos esse compromisso de fazer um setor para mostrar ao teresinense a relevância do parque”, explicou Fábio Ferreira, superintendente estadual do Iphan. 

O investimento, de aproximadamente R$ 11 milhões, é resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado por uma empresa de distribuição de energia após danificar sítios arqueológicos no estado. “O processo existe desde 2013, após essa empresa ter causado um dano em sítios arqueológicos. Essa restauração é uma espécie de compensação por esse dano, ocorrido em 2013”, disse o gestor patrimonial. 

Uma empresa do Rio de Janeiro, que já realizou trabalhos semelhantes em prédios históricos de outras cidades do país, foi contratada para executar os serviços de reforma e restauração do prédio, tombado em 2013 pelo Iphan por conta do seu valor arquitetônico e importância histórica para Teresina e o Piauí. 

“A Estação Ferroviária de Teresina representa a abertura da cidade para o mundo, pois ela se ligava a São Luís. Nessa época o Brasil funcionava com navegação de cabotagem, então quando as pessoas queriam ir para outro lugar precisavam pegar o barco em São Luís ou Fortaleza. Nosso primeiro ramal foi Teresina São Luís, depois abriu para Parnaíba, Fortaleza e hoje ela é usada como transporte urbano”, pontuou Fábio Ferreira. 

Após a reforma, a Estação também exibirá obras de arte de artistas de renome nacional como Píndaro Zerbinatti, Afrânio Pessoa Castelo Branco, Fátima Campos, Mestre Dezinho, Nonato Oliveira, Ivan Serpa e outros que integram o acervo do antigo Banco do Estado do Piauí (BEP) que foi doado ao Iphan do Piauí. 

“Todo esse acervo vai poder ser visto pela comunidade, pelas pessoas que o visitam o local. Outro aspecto importante, é que a Estação Ferroviária de Teresina vai ficar integrada com o Parque da Cidadania. Então a pessoa vai estar passeando e vai poder ver uma exposição cultural permanente ou temporária. A ideia é essa”, pontuou o superintendente do órgão. 

O prédio

Além de um dos principais cartões postais de Teresina, o conjunto da estação é considerado patrimônio histórico, econômico, cultural  e social do Piauí e do Brasil. O prédio  caracteriza-se como um dos mais expressivos espaços ferroviários e pelo estilo eclético, ornamentado em madeira lavrada. O telhado de duas águas é coberto com telhas do tipo Marselha. A fachada exibe o ano da inauguração (1926) e o nome da cidade, que na época era grafado “Theresina”. 

Rebaixamento do cruzamento

A Estação Ferroviária fica próxima ao cruzamento das avenidas Frei Serafim e Miguel Rosa. Por conta do grande fluxo de veículos e congestionamentos, a Prefeitura de Teresina anunciou recentemente que irá executar uma obra de rebaixamento da via para desafogar o trânsito naquela região. A iniciativa, porém, foi alvo de questionamentos de pesquisadores e especialistas em patrimônio público. 

Apesar disso, o superintendente do Iphan no Piauí garante que não há qualquer impacto negativo do rebaixamento na estrutura do prédio. “Não compromete, inclusive já ali um rebaixamento. Aquilo já é um rebaixamento para linha férrea, agora vai ser o rebaixamento para linha rodoviária. O que vai acontecer é que a concepção desse projeto deve valorizar a Estação, essa é a ideia”, destacou Fábio Ferreira. 

O projeto de rebaixamento do cruzamento das avenidas Frei Serafim e Miguel Rosa foi discutido pela equipe técnica do Iphan e representantes da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação (Semplan) no ano passado. 

Conquista simbólica

Professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) nas áreas de antropologia e arqueologia, Fábio Ferreira está no comando da Superintendência do Iphan no Piauí desde 2015. Enfrentando uma doença degenerativa, precisa de um suporte ventilatório para conseguir respirar, falar e sobreviver. Para ele, a reforma e restauração da Estação Ferroviária de Teresina se tornou uma das mais importantes conquistas da sua gestão. 

“É uma doença muito complicada. Ela atrofia os músculos, é uma espécie ELA. A primeira musculatura que foi afetada em mim foi o diafragma, que é responsável pela respiração, então uso esse suporte respiratório. Estou com esse cabresto na venta e escapando. A média de vida é de três a cinco anos, eu já tirei quatro. Minha missão foi cumprida, esse era um dos objetivos. Quando tomei posse, fizemos a comemoração na Estação e hoje, quase oito anos depois, estamos comemorando essa vitória, que não é só minha. Fizemos outras coisas, mas a grande o grande feito isso”, concluiu o superintendente. 

Breno Moreno
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