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Moradores temem rompimento da barragem de Piracuruca

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Moradores de Piracuruca, no Piauí, temem que uma barragem com 250 milhões de metros cúbicos de água se rompa e cause uma tragédia similar à de Cocal, onde sete pessoas morreram após o rompimento de parte do complexo de Algodões 1. Há duas crianças desaparecidas --a ruptura foi em 27 de maio.
 

Distante 80 km de Cocal, a barragem de Piracuruca tem cinco vezes a capacidade de armazenamento de Algodões 1 (que rompeu com 50 milhões de metros cúbicos de água). Moradores dizem que o complexo está sem manutenção há cerca de oito anos.

"Durmo preocupado quando chove forte, com medo de que a barragem se rompa. Tenho a certeza de que, se isso ocorrer, o estrago será muito maior que o de Cocal", diz John Kennedy de Morais Machado, 45.

Presidente da associação dos piscicultores, ele diz que já chamou a atenção dos responsáveis pela barragem, que foram até o local, "mas não fizeram nada".

A presidente da Emgerpi --estatal responsável pela barragem--, Lucile Moura, nega risco de rompimento e que a obra esteja sem manutenção. No próximo mês, disse, haverá "intervenção" na barragem.

A última vistoria técnica, diz Moura, foi no fim de 2008. Para ela, os dois problemas da barragem são: 1) uma fissura no sangradouro e 2) parte de uma das duas comportas emperrada em razão do acúmulo de vegetação no fundo do reservatório.

A Folha esteve na região da barragem na segunda e constatou infiltrações no muro de contenção. Dele, pedras se descolam, dando a sensação de que está prestes a desmoronar. A água que corre pela lateral do muro forma uma cachoeira.

Além disso, há erosão de parte do solo próximo ao muro, homens pescando à noite e utilizando, sem autorização, a guarita e moradores usando o local para namorar e beber.

Sobre os problemas no muro de contenção, Moura afirma que algumas pedras, de fato, caíram, passando a impressão de que está desmoronando.

"Mas não existe nos relatórios da engenharia nada que diga que há problema nesse aspecto na barragem."

Antes mesmo do rompimento de Algodões 1, a preocupação dos moradores com a barragem já tinha sido debatida na Câmara local. Cerca de dez dias antes da tragédia em Cocal, a Casa pediu à Emgerpi uma vistoria técnica no complexo.

Nesta semana, o governador Wellington Dias (PT) autorizou a criação de uma comissão para analisar a situação das barragens do Piauí. A primeira será a de Piracuruca.

Um mapeamento do especialista em barragens Rogério Menescal, que trabalha na Ana (Agência Nacional de Águas), aponta que cerca de 200, de 7.000 barragens do país, correm risco de se romper.

Fonte: Folha

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