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Lula assina 15 acordos com a China e diz que ninguém proibirá Brasil de aprimorar relação

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou com sua comitiva ao Grande Salão do Povo, em Pequim, às 16h30 no horário local (3h30 em Brasília) desta sexta (14), sendo recebido pelo líder chinês, Xi Jinping. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro divulgou a relação de 15 acordos entre os dois países.

A projeção no Ministério da Fazenda é que os pactos totalizem cerca de R$ 50 bilhões de investimento. Na lista se destacam memorandos de entendimento entre o ministério chinês das Finanças e a Fazenda, para infraestrutura e parcerias público-privadas, e um protocolo para fabricar e operar satélites CBERS-6.

O encontro terminou por volta das 19h20, com a cerimônia de assinaturas dos acordos. Lula e Xi então deixaram o local para participarem do banquete oferecido pelo dirigente chinês.

Alguns dos acordos ainda têm pendências, caso do estabelecimento da montadora de carros elétricos BYD na Bahia, que ainda espera um acerto com a americana Ford para aquisição de sua antiga fábrica.

Nas áreas de interesse da agropecuária brasileira, há um plano para a certificação eletrônica de carnes e um protocolo para a abertura aduaneira do mercado chinês para farinhas de suínos e aves. Apesar da pressão chinesa, inclusive por meio de artigos na mídia estatal, os acordos anunciados não mencionam adesão à Iniciativa Cinturão e Rota, programa de infraestrutura de Pequim voltado ao exterior.

Espera-se agora que seja citado na declaração conjunta final, mas o documento ainda não foi divulgado. A equipe brasileira fez mudanças de última hora e, até a noite de sexta-feira, no horário local, o lado chinês não havia devolvido. Na versão vislumbrada pela Folha de S.Paulo, o rascunho da declaração conjunta menciona um estímulo ao uso de moedas locais dos dois países para o comércio bilateral, um dos pontos que acabaram gerando maior reação, nos Estados Unidos.

Na cerimônia de chegada, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, ministros e assessores acompanharam uma caminhada de Xi e Lula diante da praça da Paz Celestial enquanto uma banda tocava os hinos nacionais de ambos os países e canções como "Novo Tempo", de Ivan Lins. Um grupo de crianças com bandeiras dos dois países gritou "bem-vindo!". Enquanto Lula e Xi se reuniam, Janja teve um encontro separado com Peng Liyuan, mulher do líder chinês, e ambas foram depois para o banquete.

Em discurso no início da reunião com Xi, Lula afirmou ter ficado "emocionado com o espetáculo das crianças" e destacou querer ir além do comércio na relação entre os países. "A compreensão que o meu governo tem da China é a de que temos que trabalhar muito para que a relação Brasil-China não seja meramente de interesse comercial", disse. "Queremos que a relação transcenda a questão comercial."

Pela manhã, no encontro com o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji, Lula já havia dito querer "elevar o patamar da parceria estratégica e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial".

Com Xi, o petista defendeu ainda "uma parceria para construir uma política de desenvolvimento no Brasil no campo da energia". E acrescentou que a visita ao gigante da tecnologia Huawei, no dia anterior, foi para "dizer ao mundo que não temos preconceito na nossa relação com os chineses". "Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore a sua relação com a China", afirmou o presidente brasileiro em Pequim.

As declarações de Lula se dão num contexto de crescente disputa entre Estados Unidos e China. A Guerra da Ucrânia, precedida pela formalização de uma aliança mais próxima entre Pequim e Moscou, ampliou os questionamentos de Washington àqueles que vê como aliados chineses.

"Fico muito feliz ao ver o senhor recuperado, o senhor veio tão logo se recuperou", afirmou Xi, em referência ao diagnóstico de pneumonia recebido por Lula no final de março, o que fez com que o líder brasileiro adiasse a viagem à China nas datas inicialmente previstas.

"A China coloca as relações com o Brasil em um lugar prioritário nas nossas relações exteriores. O senhor é nosso amigo de longa data e um bom amigo. Foi com a sua atenção e apoio que as relações China-Brasil conseguiram um grande salto", acrescentou o dirigente chinês.

Lista de acordos assinados:

- Memorando de entendimento sobre o grupo de trabalho de facilitação de comércio
- Protocolo complementar sobre o desenvolvimento conjunto do CBERS-6 ao 'acordo-quadro sobre cooperação em aplicações pacíficas de ciência e tecnologia do espaço exterior
- Memorando de entendimento sobre cooperação em pesquisa e inovação
- Memorando de entendimento sobre cooperação em tecnologias da informação e comunicação
- Memorando de entendimento para a promoção do investimento e cooperação industrial
- Memorando de entendimento sobre o fortalecimento da cooperação em investimentos na economia digital
- Memorando de entendimento entre o Ministério da Fazenda do Brasil e o Ministério das Finanças da China
- Memorando de entendimento sobre cooperação em informação e comunicações
- Acordo de coprodução televisiva
- Memorando de entendimento entre Grupo de Mídia da China e Secretaria de Relações Institucionais do Brasil
- Acordo de cooperação entre a agência de notícias Xinhua e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação)
- Memorando de entendimento na cooperação para o desenvolvimento social e rural e combate à fome e à pobreza
- Plano de cooperação espacial 2023-2032 entre a Administração Espacial Nacional da China e a agência espacial brasileira
- Plano de trabalho de cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal
- Protocolo sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China

 

Fonte: Folhapress/Nelson de Sá

 

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