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Empresária suspeita de manter afilhada em cárcere privado e trabalho escravo seguirá presa

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A Justiça manteve nesta quarta-feira (24) a prisão preventiva da empresária Francisca Danielly Mesquita Medeiros, de 38 anos, que passou por audiência de custódia após ser presa na terça-feira (23), suspeita de manter a prima e afilhada- atualmente com 27 anos- em cárcere privado, sob tortura e em situação de escravidão, em uma residência no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina. 

O delegado Odilo Sena, do 6º DP, realizou a prisão da empresária na terça-feira por meio de cumprimento de mandando de prisão preventiva, após um homem denunciar a situação da jovem.

Nesta quarta, Francisca Danielly participou de uma audiência de custódia, onde o juiz conferiu a legalidade da prisão e entendeu que não houve qualquer irregularidade, por isso manteve a prisão preventiva. O magistrado também determinou que a empresária seja encaminhada para o sistema prisional.

MPT abre investigação 

O Ministério Público do Trabalho no Piauí anunciou nesta quarta-feira que irá requisitar o inquérito policial para apurar eventuais ilicitudes trabalhistas pela empresária e ex-candidata a vereadora Francisca Danielly Mesquita Medeiros.

De acordo com o procurador-chefe do MPT-PI, Edno Moura, o órgão tomou conhecimento do caso por meio das informações que circulam na imprensa. “A denúncia traz uma série de fatos que envolvem as questões trabalhistas. Foi uma situação que iniciou quando a mulher ainda era menor de idade, ou seja, trabalho infantil, cárcere privado de trabalhadora, jornada exaustiva, falta de pagamento pelo trabalho realizado ao longo dos 15 anos, cerceamento do direito à educação, maus tratos. Enfim, vamos apurar todas as ilicitudes para cobrar também responsabilidades civil e trabalhista”, explicou.

 
Vítima relata ameaças de morte 

A vítima é natural do povoado Veredão, na cidade de Chapadinha, no Maranhão, onde residia com os pais. Ela veio para Teresina ainda criança com a promessa de uma vida melhor.

Ao Cidadeverde.com a vítima contou que era proibida de frequentar a escola, praticamente, não tinha autorização para sair e foi impedida de retornar para casa dos pais. Ela também relatou que as agressões e ameaças de morte eram diárias.

"Era briga todo dia, ameaça de morte. Todo dia ela me ameaçava de morte. Ela dizia que eu não fazia as coisas direito. Às vezes, ela saia para festa e chegava de manhã e dizia que eu tinha batido no filho dela, mas eu não tinha batido", disse a vítima. 

A mãe, que também não quis ser identificada, reencontrou a filha na terça-feira, e relatou que a jovem foi convidada para passar o feriado da Semana Santa em sua casa, mas que depois foi impedida e ameaçada, caso fosse buscá-la ou mantivesse contato.

"Ela me pediu para que ela fosse passar a Semana Santa com ela, que depois ela entregava a menina, mas não entregou. Cheguei a vir buscar a menina, mas ela me ameaçou, disse que ia dar parte de mim e que eu ia morrer na prisão. Fiquei com medo. Tentei buscar ela, mas como me ameaçou, eu fiquei com medo. Tentava falar por telefone, mas ela me bloqueou. Não tinha mais contato com ninguém", contou a mãe que pede Justiça.


Bárbara Rodrigues e Christian Sousa
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