O áudio que mostra um dos últimos contatos entre o piloto do avião, que caiu em Teresina, nesta segunda-feira (12), e a torre de controle no aeroporto Senador Petrônio Portela revela que ele declarou que a porta da aeronave estava aberta. O monomotor era pilotado pelo advogado Arcedino Concesso que estava mais quatro pessoas. Todas sobreviveram. 

O piloto Ricardo Dantas, que voa desde 2008, avalia que somente a porta aberta não seria fator predominante para o pouso forçado. Da decolagem do aeroporto de Teresina ao campo onde o avião caiu foram cerca de 3 minutos. 

Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com

"Ele declarou porta aberta. Para conseguir fechar uma porta com o avião voando, o esforço físico é muito grande, por causa da pressão do ar. A alternativa correta seria retornar, pousar e fechar a porta no solo. Uma porta aberta não derrubaria o avião, mas aumenta o consumo, desalinha o avião. No meu entender, só a porta aberta não justifica o pouso forçado mas há outros motivos que, juntamente, podem justificar tal situação como a quantidade de pessoas a bordo e malas. Tem que ver o peso da aeronave. Além disso, o horário da decolagem [logo depois de meio-dia] influencia, pois se está muito quente, a aeronave perde sustentação. Se ele fosse decolar 6h ou 7h, por exemplo, com o tempo mais frio, muito provavelmente, mesmo com a porta aberta ou peso execessivo ou outros fatores, não ocasionaria o acidente", supõe o piloto Ricardo Dantas. 

O aúdio revela ainda que o pouso no aeroporto de Teresina havia sido autorizado. Contudo, o piloto não teria tido tempo hábil para o retorno. Ricardo Dantas considera que o pouso forçado e sem vítimas foi um milagre. 

"Ele fez o pouso da vida dele porque salvou todo mundo, não machucou ninguém. Ele decolou com uma aeronave, provavelmente com 290 litros de combustível, pois ia viajar para o Tocantins, que não vazou, não pegou fogo e não machucou o ninguém. Ele optou por pousar de 'barriga', não usou o trem de pouso, fez tudo correto. Foi impressionante! só sorte não justifica, o resultado foi muito bom", analisa Dantas.  

O monomotor  que caiu foi fabricado em 1981 e, provavelmente, não é equipado com dispositivo que pudesse indicar que a porta estava aberta antes da decolagem. 

As causas do acidente estão sendo apuradas pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa).

 

Graciane Araújo
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