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Presidente do Irã é reeleito e gera protestos

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O candidato derrotado nas eleições presidenciais iranianas, Mir Hossein Mousavi, afirmou neste domingo que pediu formalmente ao Conselho dos Guardiães o cancelamento do pleito realizado na última sexta-feira (12), devido às supostas irregularidades cometidas. A eleição deu a vitória ao presidente Mahmoud Ahmadinejad em primeiro turno.

Em uma mensagem publicada em sua página na internet, ele pediu para que mais protestos sejam realizados. "Peço a você, nação iraniana, que continuem os protestos em todo o país de uma maneira pacífica e legal".
 
Neste domingo, partidários de Mousavi voltaram às ruas da capital Teerã e enfrentaram a polícia, que tentava conter os manifestantes.
 
Os policiais usaram motocicletas para dispersar a multidão. Ao menos uma pessoa, uma mulher, ficou ferida. Jornalistas que filmavam a violência também foram detidos.
 
Cerca de dois mil estudantes, alguns carregando fotos de Mousavi, outros cobrindo o rosto com bandanas, gritaram slogans anti-governo e provocaram a polícia na Universidade de Teerã.
Ahmadinejad foi reeleito presidente com 62,6% dos votos, contra 33,75% obtidos por Mousavi, que classificou a vitória de uma "piada perigosa", que "pode abalar os pilares da República Islâmica e levar à tirania".
 
Mar de bandeiras
O presidente reeleito apareceu em meio a um mar de bandeiras vermelhas, brancas e verdes --as cores do Irã-- empunhadas por partidários que se reuniram na praça Vali-e Asr, no centro de Teerã. Muitos subiram em carros para aplaudir a vitória do presidente.
 
"Algumas pessoas dentro e fora do país são mais católicas que o papa", disse em um discurso que a multidão interrompia com gritos de aprovação. "Eles dizem que houve uma fraude. Onde estão as irregularidades da eleição?", perguntou.
 
"Algumas pessoas querem democracia para seu próprio interesse. Algumas querem eleições, liberdade. Elas apenas a reconhecem quando o resultado as favorece", concluiu.
 
Mais cedo, em entrevista coletiva, Ahmadinejad disse que sua reeleição foi "real e livre" e não pode ser questionada. "A eleição [realizada na sexta-feira, dia 12] irá aumentar o poder da nação no futuro", disse.
Muitos jornalistas iranianos o parabenizaram pela vitória antes de fazer suas perguntas. Quando questionado sobre as alegações de irregularidades, o presidente afirmou que elas não são importantes.
"Alguns acreditavam que iriam vencer, e então ficaram zangados. Isso não tem credibilidade legal. É parecido com os sentimentos depois de uma partida de futebol, e não são importantes do meu ponto de vista", afirmou. "A diferença entre meus votos e os dos outros é muito grande e ninguém pode questionar isso."
 
Ahmadinejad também acusou a imprensa internacional de lançar uma "guerra psicológica" contra o país.
Questionado sobre o programa nuclear iraniano, Ahmadinejad disse que esse debate "pertence ao passado", e afirmou que o Irã "abraçou" a ideia de um esforço internacional para eliminar armas nucleares.
 
Prisões
A polícia iraniana deteve dezenas de opositores após os violentos protestos ocorridos neste sábado (13) em Teerã contra a reeleição de Ahmadinejad.
 
Entre os detidos --todos seguidores do candidato derrotado, o reformista e ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi-- estão algumas pessoas que tiveram cargos importantes no governo do ex-presidente Mohammad Khatami, incluindo o irmão dele, Mohammad Reza Khatami.
 
Além disso, foram levados para a prisão os jornalistas pró-reformistas Mustafa Tayezadeh e Dehzad Nabavi, e os políticos da mesma tendência Amin Sadeh e Said Shariati.
 
A mulher de Mousavi, Zahra Rahnavard --que teve um papel importante na campanha do marido--, negou que ele tenha sido detido. "O povo iraniano votou para tirar Ahmadinejad, mas esse voto se tornou um voto que solidificou Ahmadinejad. A população está cansada da ditadura. Cansada de não ter liberdade de expressão, cansada de uma taxa alta de inflação, e de aventurismo em relações externas. É por isso que eles quiseram tirar Ahmadinejad", disse à agência de notícias Reuters.
 
O Ministério do Interior rebateu as acusações de fraude e o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu à população que o apoiem o presidente reeleito.
 
Ocidente
O vice-presidente americano, Joe Biden, disse neste domingo que há "enorme dúvida" sobre o resultado das eleições iranianas.
 
"Devido à maneira com que [as autoridades iranianas] reprimem a liberdade de expressão, à maneira com que reprimem a multidão, à maneira com que são tratadas as pessoas, há verdadeiras dúvidas", afirmou.
Biden disse que, no entanto, não existem "evidências suficientes para fazer um julgamento definitivo".
 
O governo da França lamentou a reação "um pouco brutal" aos protestos contra a reeleição do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e pediu que as autoridades de Teerã e "a população civil" dialoguem.
 
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, as ações das autoridades frente aos protestos e as detenções de renomados membros da oposição iraniana deixarão marcas.
 
Fonte: FolhaOnline
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