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Funkeira brasileira conquista 1º lugar nas paradas da Ucrânia com música sobre sexo

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Que tem funk brasileiro atravessando fronteiras e se alastrando pelo exterior, já sabemos --afinal, a carreira internacional de Anitta já foi celebrada em verso e prosa por aqui. Mas você sabia que na Ucrânia, país que vive uma guerra com a Rússia, tem funkeira brasileira no topo das paradas?

Trata-se da curitibana Bibi Babydoll, cuja canção "Automotivo Bibi Fogosa" viralizou na região e ficou em primeiro lugar nas listas Top 50 e Viral 50, ambas do Spotify. A música segue a cartilha dos funks "proibidões" brasileiros. 

Em entrevista à reportagem, por telefone, Bibi Babydoll, cujo nome de registro é Beatriz Alcade Santos, conta que é cantora há 7 anos e que ficou surpresa com o sucesso da faixa na região em conflito. O segredo? Usar elementos já comuns nos hits ucranianos.

"A minha faixa ainda tem uma batida mais latida, com uma letra em português e uma vozinha suave. E tem também um sample de 'Can You Feel My Heart', da banda Bring Me the Horizon, que é algo a que eles estão familiarizados", explica ela. O país do leste europeu é conhecido por enaltecer o rap e o eletrônico.

Com o boom nas plataformas digitais, ela já recebeu mais de 12 mil mensagens, em diferentes idiomas, e sua carreira começou a tomar um novo rumo. Até agora cantando de forma independente, Bibi agora se prepara para fechar contrato com uma produtora -ela diz que são várias ofertas desde que a faixa começou a viralizar. "Eu não aguento mais trabalhar sozinha", confessa a cantora, que espera lançar novos singles já com uma estrutura maior por detrás.

Formada em publicidade e propaganda, a jovem tem 24 anos, mora em São Paulo e começou a cantar sozinha, se inspirando em divas pop como Madonna e Lady Gaga. No Brasil, claro, cita Anitta como referência. E, se olhar para o lado, basta pensar em MC Pipokinha, outra musa do funk mais desbocado.

"Eu acho ela absurda de boa, musicalmente. Ela conseguiu fazer muitas músicas chiclete, com temas e frases engraçadas. O que ajudou ela foram os shows performáticos", analisa a colega, que fazia apresentações como auxiliar de palco e agora se prepara para se lançar como estrela do próprio show.

Murro no Conservadorismo

Bibi Babydoll (o nome veio de seu apelido, Bibi, e de Babydoll, bonequinha em inglês) confessa que não tem acompanhado a guerra na Ucrânia -mesmo que o país tenha estado nas manchetes desde que teve seu território invadido em fevereiro de 2022. O que importa para ela é ver o funk nas alturas, mesmo que seja com elementos questionados pelos conservadores de plantão, como a sexualização do corpo.

"Quem reclama disso é o brasileiro. Se ouvir grandes divas do pop nos Estados Unidos, tem coisas que são mil vezes piores, como Nick Minaj, Cardi B... é tão pesado, se não mais, que o nosso funk", compara. "As pessoas não deviam se preocupar tanto com isso e continuar ouvindo e consumindo se é o que elas gostam."

Há outro detalhe curioso: Curitiba, sua terra natal, é uma cidade declaradamente conservadora. Na pauta da Câmara de Vereadores da cidade, há um projeto de lei, inclusive, que institui o Dia do Conservadorismo. Para Bibi, a capital paranaense realmente era um problema.

"Eles não dão oportunidade para nada que é novo. Nunca gostei, tem muito 'coxinha'", reclama. "Eu quero mesmo representar isso: levar meu nome assim de curitibana para dar um murro mesmo em todo mundo daquela cidade que diz que eu não ia dar certo, que diz que eu era puta demais para fazer as coisas que eu fazia."

 

Fonte: Folhapress/Júlio Boll

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