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Irã marca data da posse de Ahmadinejad

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As autoridades iranianas já planejam o juramento e a posse do presidente Mahmoud Ahmadinejad, um sinal evidente de que o governo ignorou os protestos massivos da oposição por suposta fraude eleitoral e a crítica da comunidade internacional. Ahmadinejad e seu gabinete devem fazer o juramento entre 26 de julho e 19 de agosto, segundo anúncio do Parlamento divulgado pela agência Irna.

O anúncio dos planos para a posse de Ahmadinejad veio horas depois que o Conselho de Guardiães, órgão legislativo que ratifica o resultado do pleito, rejeitou o pedido de anulação da votação de 12 de junho passado e afirmou que os votos irregulares de 50 cidades --resultado de uma recontagem parcial dos votos-- não é suficiente para mudar a reeleição do ultraconservador Ahmadinejad ou mesmo justificar uma nova eleição.

O Conselho tem até esta quarta-feira para oficializar a vitória de Ahmadinejad, que obteve 62,63% dos votos contra 33,75% de Mir Hossein Mousavi, principal candidato da oposição.

Segundo a agência semi-oficial iraniana Mehr, a mesa diretora do Parlamento afirmou que os ministros do décimo governo iraniano jurarão o cargo no mesmo dia que o presidente. "Os líderes do Parlamento fixaram a data do juramento do presidente e da posse do gabinete entre 26 de julho e 19 de agosto", informou a agência.

Os três candidatos derrotados no pleito de 12 de junho denunciaram 646 supostas irregularidades em favor do ultraconservador Ahmadinejad, e solicitaram a recontagem dos votos. O Conselho, sob ordens diretas do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei (que fez um grande discurso na sexta-feira passada em defesa de Ahmadinejad), concedeu a recontagem parcial dos votos, apenas das urnas com denúncias de irregularidades.

O resultado da recontagem foi divulgado nesta segunda-feira quando os Guardiães admitiram que em pelo menos 50 cidades do país houve mais votos que pessoas recenseadas --algo em torno de 3 milhões de votos irregulares.

No entanto, já advertiram que nem a apuração aleatória nem o fato de que haja mais votos variará substancialmente o resultado eleitoral, e que em nenhum momento cogitaram a repetição do pleito.

"Se tivesse ocorrido uma grave ilegalidade nas eleições, o Conselho teria anulado os votos nas urnas, colégios, distritos ou cidades afetadas, como já fez em outras ocasiões em eleições parlamentares", disse o porta-voz do organismo, Abbas Ali Kadkhodaei, citado pelo canal por satélite em inglês Press TV, vinculado à televisão estatal iraniana.

Kadkhodaei afirmou ainda que qualquer irregularidade que aconteceu antes da eleição está fora do alcance do Conselho, que verifica as candidaturas e ratifica o resultado eleitoral.

Ele negou ainda as alegações de que alguns locais de votação fecharam antes de todos os eleitores votarem e outros ficaram abertos até três horas depois da hora oficial de encerramento da votação.

Segundo o Ministério do Interior, 85% dos 46 milhões de eleitores iranianos votaram no pleito de 12 de junho. Para a oposição e alguns observadores, é impossível declarar Ahmadinejad vencedor em apenas duas horas depois de uma votação deste porte.

O ministério afirmou que os resultados serão publicados para resolver quaisquer dúvidas sobre o pleito --que não foi acompanhado por observadores independentes.

Protestos e a lição

Os resultados da eleição incitaram protestos em massa diários da oposição, a maioria apoiadores do principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi. Os protestos e enfrentamentos com as forças de segurança deixaram ao menos 20 mortos, segundo números oficiais.

Entre as vítimas está Neda, uma jovem cuja morte, com um tiro no peito, foi filmada por um outro manifestante e divulgada ao mundo como a mártir dos protestos em um país de grande censura.

Na campanha para conter os protestos, a Guarda Revolucionária ameaçou nesta segunda-feira "limpar" o Irã dos manifestantes. Um dia depois, as autoridades iranianas afirmaram que ensinarão uma lição aos "perturbadores" responsáveis pela mais grave crise política desde a Revolução Islâmica de 1979.

"Aqueles presos nos eventos recentes receberão um tratamento de um modo que ensinaremos a eles uma lição", disse autoridade de alto escalão do judiciário, Ebrahim Raisi, citado pela agência Irna.

Ele afirmou ainda que uma corte especial está estudando os casos. "Os desordeiros têm de ser tratados de forma exemplar, e o Judiciário fará isso", acrescentou.

Caminhões e policiais foram enviados às principais praças de Teerã na terça-feira, mas até o meio-dia não havia sinais de manifestações na cidade.

Centenas de pessoas foram presas pela polícia, que usou gás lacrimogêneo e cassetetes para conter as manifestações, iniciadas após a divulgação dos resultados eleitorais em 13 de junho.

A TV estatal diz que mais de 450 pessoas foram presas durante confrontos em Teerã no sábado (20), nos quais pelo menos 20 pessoas morreram.
 
Fonte: Folha Online
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