Foto: Yala Sena
Por Yala Sena
Oito áudios que o Cidadeverde.com teve acesso são assustadores. As falas são de adolescentes em claro ataques racistas a uma estudante de 16 anos em Teresina. Em um dos áudios, o aluno diz: “Cara, paz é anjo, é cor branca... o que tem a ver cultura negra com paz”. As mensagens foram enviadas por Whatsapp depois que o grupo da estudante ganhou uma gincana. A garota ficou dois dias sem assistir aulas.
Os áudios foram apresentados hoje na Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA) pelo pai da menina.
No último dia 9 deste mês, a estudante de uma escola particular, localizada no Centro de Teresina, participou de uma gincana em que uma das provas, ela desfilava vestida de Dandara - uma guerreira negra do período colonial no Quilombo de Palmares. A aluna ganhou a prova e revoltou a equipe concorrente. Cerca de quatro estudantes passaram a divulgar em grupos de WhatsApp ofensas racistas contra a menina, chegando a chamá-la de “deusa do lixo” e que "paz não tem nada a ver com a cor negra". (Saiba aqui quem foi Dandara)
O pai da estudante Claudinilson Martins da Mata, 46 anos, que é vigilante, procurou a DPCA hoje pela manhã, acompanhado do advogado Chrystopher Luan Wercklose.
“Ela ficou abalada, triste. É uma menina alegre, tem muita amizade e soube por uma colega que tinha um grupo de alunos falando da cor dela, dizendo que ela estava vestida como lixo, com ofensas racistas e resolvemos denunciar o caso às autoridades”, disse o pai.
Ele foi à escola e a direção informou que iria adotar todas as providências sobre o caso.
O advogado Chrystopher Luan afirmou que já registrou uma notícia-crime no Ministério Público e hoje estava acionando a Polícia Civil.
“Para saber se os autores dos áudios são adolescentes, vão responder segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente e o crime imputado é de injúria racial que é equiparado o crime de racismo”, disse o advogado.
Veja o que diz a escola:
“Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Escola imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado conforme dispõe o regimento interno desta instituição.
Reafirmamos nossa solidariedade à aluna e nosso apoio integral à família, com quem temos mantido contato direto. Lembramos que a luta contra o racismo é diária e cabe a todos nós atuar para que episódios como esse não se repitam”.
Atenciosamente,
A Direção
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