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Comunidade culpa ação de dragas por mortes no povoado Cebola em Teresina

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Foto: Divulgação

Por Adriana Magalhães

A morte do adolescente Sidney David Campelo Matos, 19 anos, após cair num buraco no rio Poti levanta a discussão sobre a atuação de dragas no rio Poti. Segundo levantamento realizado pela comunidade desde 2022, três pessoas já morreram afogadas após cair em buracos deixados pelas dragas. 

O Cidadeverde.com entrou em contato com um dos donos das dragas, que desligou o telefone e com a Secretara Municipal de Meio Ambiente (Semam) da qual aguardamos uma resposta.

Sidney David era estudante da Unidade Escolar Estado de São Paulo, no Parque Piauí, na zona Sul de Teresina.

A comunidade explica que na região, o rio é raso e é possível atravessar caminhando, com a água na altura do joelho. 

"A minha família tem um sítio aqui na beira do rio desde 1984, e tem o costume de descer para tomar banho no rio", explica o Julio Campelo Matos, tio do adolescente Sidney David, morto neste domingo (15).

Segundo os moradores ouvidos pelo Cidadeverde.com, as dragas chegaram no povoado há cerca de cinco anos. E desde, então, eles vivem com medo.

"As dragas chegaram ao povoado Cebola a, aproximadamente, cinco anos. E neste período estamos lutando e pedindo que explorem somente a margem de lá do rio, mas eles atravessam e vem explorar a margem utilizada pela comunidade para tomar banho e pescar", disse o tio da vítima.

Segundo a comunidade, três dragas realizam o trabalho de retirada de sedimentos do leito do rio.

"Aqui tem outras duas dragas, depois de muita confusão, eles colocaram sinalização informando que era local de dragas e informando sobre o perigo de banhar no local", disse o tio de Sidney.

A família de Sidney também afirmou que, por diversas vezes, fizeram a marcação com fitas dos locais apropriados para banho, mas que os funcionários das dragas acabavam arrancando as fitas.

"Eu e meu irmão, pai do Sidney, colocamos várias fitas para identificar o local de banho e o pessoal da draga corta e arranca as fitas", lamentou Júlio Campelo Matos.

A comunidade alega que há décadas utiliza o rio, para lazer e pesca e que as dragas estão explorando os sedimentos do rio numa área muito povoada.

"Essa era uma área ótima para banho. Mas as dragas chegaram e tudo mudou. A atividade dele traz muito prejuízo. É um barulho ensurdecedor, vaza combustível no leito do rio, eles chegam com polícia, para poder ter acesso ao rio por dentro das propriedades. Ninguém tem mais sossego aqui", disse Nailla Barbosa.

Foto: Arquivo Pessoal

 

Sobre o afogamento do Sidney

O adolescente Sidney David caiu num buraco quando atravessava o rio na companhia de outros familiares, por volta do meio-dia. O tio de Sidney David, Julio Campelo Matos, foi o primeiro a chegar ao rio após o afogamento do adolescente.

Ele conta que o buraco onde Sidney caiu é muito fundo, tem cerca de cinco metros de profundidade.

"Chamaram o Corpo de Bombeiros, mas demorou muito, então os próprios pescadores da comunidade começaram a mergulhar na tentativa de achar ele. Eles utilizaram varas na busca do corpo do meu sobrinho. Só acharam o corpo dele cerca de 45 minutos depois dele ter afundado. Tentaram reanimar ele sem sucesso. E ficamos esperando o Corpo de Bombeiros e a perícia chegar", disse Julio Campelo.

Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros disse que recebeu o chamado e ao chegar no local constataram o óbito do adolescente.

Confira a nota

O Corpo de Bombeiros Militar do Piauí informa que, na tarde deste domingo (15), foi acionado para fazer o resgate de um jovem que havia sido encontrado por populares nas águas do rio Poti, na região do povoado Cebola, Zona rural Sul de Teresina. Ao chegar no local, as equipes constataram o óbito e realizaram a retirada do corpo, que foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) e somente o trabalho pericial poderá determinar a causa da morte.

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