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Famílias começam a racionar água e poços viram disputas entre povoados no semiárido do Piauí

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Foto: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Várzea Branca 

 Reservatório de Umbuzeiro em Várzea Branca 

Por Yala Sena

A escassez de água potável para consumo humano se agravou nos últimos dois meses e famílias no Piauí já racionam água, devido os níveis dos reservatórios caírem drasticamente com a onda de calor. Segundo os agricultores já começa a faltar alimentos para os animais e que poços tubulares estão virando disputas entre povoados no semiárido.

No Piauí, 95 municípios decretaram situação de emergência, devido a seca. Todos já foram reconhecidos pelo governo federal.   

O Cidadeverde.com conversou com famílias nos municípios de Dom Inocêncio e Várzea Branca e os relatos são um pedido de socorro para mais carros-pipas e ajuda para alimentar o rebanho. E entrou em contato também com a Defesa Civil do Estado (veja no final da reportagem).

O trabalhador rural Adailton Lopes dos Reis, 48 anos, do município de Várzea Branca (a 570 km ao Sul de Teresina) confirmou que famílias estão tendo que limitar o uso de água, devido os poços e reservatórios estarem secando.

“A dificuldade de achar água está cada dia pior e poços que foram construídos para toda a comunidade servem apenas para algumas famílias já que vamos encher nossos botijões de água e as mangueiras do poço estão amarradas. O poço é para todo mundo”, reclama o trabalhador rural que mora no povoado Sítio da Aldeia, que fica a 30km de Várzea Branca. 

Ele ressaltou que o preço da água está absurda e chega a R$ 600 para um carro-pipa

Teresinha Paz de Macedo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Várzea Branca, disse que a disputa entre famílias pode estar acontecendo devido ao medo de acabar a água. Ela citou o reservatório de Umbuzeiro onde os carros-pipas estão abastecendo e os moradores da região pedem para não pegar mais água lá, pois vai faltar para consumo dos animais. 

Foto: Ascom/Defesa Civil 

População compra água de R$ 40 a R$ 300

Em Várzea Branca, o preço da água varia de R$ 40 a R$ 50 (uma caixa com mil litros) e R$ 300 uma pipa com cerca de 8 mil litros.  

“A falta de água está horrível, a água está acabando, uma crise forte, precisamos de água até para os animais. Uma seca que nunca vi, só resta pedi a Deus, mas estamos cobrando das autoridades”, disse Teresinha, que informou que o Sindicato tem uma cisterna que está fornecendo água para famílias.

Dom Inocêncio

O vereador e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Dom Inocêncio (a 595 km de Teresina), Clodoaldo Dias Pereira, informou que as famílias já começam a racionar água e que a zona rural da cidade precisa de reforço de carro-pipa.  

“As pequenas barragens já começam a secar e o custo da pipa de água chega a R$ 250 e a caixa com mil litros é R$ 30. Desde julho estamos em situação critica e precisando de mais carros-pipas e equipar os poços tubulares”, disse Clodoaldo Pereira.

Hoje, a coordenação do Polo Sindical da Fetag em São Raimundo Nonato informou que foi criado uma comissão para ajudar os agricultores para buscar alimentos aos animais.

A Secretaria de Defesa Civil informou que já está atuando nas duas cidades – Dom Inocêncio e Várzea Branca - através de caminhões-pipa. 

“Sobre os poços tem que verificar qual órgão do estado que é o responsável pela perfuração e aquisições de equipamentos. Até o momento não chegou nada oficial a secretária”, informou a Defesa Civil.  

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