Foto: reprodução WhatsApp

Por Graciane Araújo

A Delegacia de Repressão e Combate aos Crimes de Informática (DRCI) investiga os responsáveis pela disseminação da fake news que colocou em risco a vida de dois vendedores ambulantes em Teresina. O coordenador da especializada, delegado Humberto Mácola, ressalta que a investigação já está em andamento e que algumas pessoas serão intimadas. 

"Estamos realizando as investigações cabíveis, temos algumas pessoas a serem chamadas. É importante destacar que você que recebeu essa informação, que conhece essa pessoa, entre em contato conosco e denuncie, para que isso não aconteça novamente. Essas duas pessoas correram riscos! chegaram nervosos à delegacia, nem tanto pelo o que havia sido dito, mas preocupados com a integridade física, do que poderia acontecer com eles", relatou o delegado. 

Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com

No início desta semana, dois vendedores ambulantes de utensílios para fogão tiveram as vidas ameaçadas após a disseminação de uma fake news. Mensagens que viralizaram nas redes sociais afirmam que bandidos estariam usando a farda do Corpo de Bombeiros do Piauí para realizar arrastões em residências em Teresina. Contudo, o Cidadeverde.com apurou que os homens que, aparecem no vídeo com um uniforme vermelho, são trabalhadores e, inclusive, registraram boletim de ocorrência após a repercussão dos boatos.

No áudio, que viralizou nas redes sociais, a mulher cita a "Praça dos Correios", nome de uma das mais conhecidas praças públicas na região do Grande Dirceu, zona Sudeste de Teresina. 

Três dias após a notícia falsa, os vendedores relatam como tem sido o retorno ao trabalho. 

"Fomos trabalhar e sentimos a represália, algo que a gente não esperava. Fomos trabalhar em Altos-PI, algumas receberam a gente normal; outras estavam se trancando nas casas com medo, apontando pra mim. Fica ruim, chato a gente trabalhar desse jeito. A gente precisa sobreviver", relatou Moisés Santos, um dos vendedores vítimas da fake news. 

O delegado Humberto Mácola alerta que, tanto a responsável por gerar a fake news, quanto os responsáveis por disseminar a notícia falsa, devem responder criminalmente.

"Todos que, por algum motivo, colaboram com a disseminação dessa fake news, podem ser responsabilizados pelos crimes que já temos hoje no Código Penal. A pessoa que recebe, qualquer tipo de informação, precisa ter certeza daquela informação. A gente sempre recomenda que você vá aos canais oficiais, para verificar se aquilo é verdade ou não", orienta Mácola. 

Os responsáveis pela fake news podem responder pelo crime de calúnia. 

"Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime, está previsto no artigo 138 do Código Penal. A pessoa pode pegar uma pena de seis meses a dois anos de detenção. Quando esse crime é praticado por meio virtual, onde se propaga de forma rápida, a pena pode ser aumentada em até 1/3", explica Lucas Ribeiro, advogado criminalista.