Atualizada às 9h40

Por Rebeca Lima e Adriana Magalhães 

Um suspeito de coordenar julgamentos do 'tribunal do crime' foi preso na manhã desta quinta-feira (04) durante uma operação do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) na Vila Ferroviária, zona Sul de Teresina. Além dele, outras seis pessoas, incluindo uma mulher, foram presas. 

Antônio Carlos aparece em vídeos que circularam nas redes sociais em 2023. Nos vídeos, membros da própria facção são torturados por descumprir regras impostas pela organização criminosa. Em um deles, é possível ver quando um homem recebe um tiro de arma de fogo em uma das mãos como punição por uma "falta" cometida por ele. Um outro membro da facção também aparece em dois vídeos recebendo punições por "faltas". Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), a ação foi iniciada após vídeos dessa prática criminiosa terem circulado nas mídias sociais.

“Nós conseguimos identificar todos os indivíduos, tanto os que estavam praticando os atos de tortura e também até execuções, como também os que estavam sendo vítimas e que também pertencem a essa célula dessa facção criminosa. Até então, pelo menos seis prisões, três armas de fogo apreendidas e, dentre as prisões, o Antônio Carlos que representa a principal liderança desse grupo, um indivíduo que estava coordenando esses tribunais do crime na região da Vila Ferroviária”, destacou o coordenador do Draco, delegado Charles Pessoa.

Um homem identificado por Juliano, que aparece em um dos vídeos executando as punições do ‘tribunal do crime’, foi executado em agosto do ano passado pela própria facção.

"Essa é uma prova de que integrar esses grupos criminosos não compensa. Eles sofrem tortura, alguns são até mortos e quando são presos ficam abandonados, sem qualquer apoio da organização", ressaltou o delegado.

Com o grupo foram apreendidas armas, munições, drogas, dinheiro, uma máquina de cartão de crédito e uma motocicleta com restrição de roubo e furto. O delegado Charles Pessoa pontuou ainda que os presos também são suspeitos de diversos crimes, como roubo de veículos, tráfico de entorpecentes e homicídios na região sul da capital.

“O objetivo dessa operação foi dar cumprimento a diversos mandados de prisão e busca e apreensão aqui na região da Vila Ferroviária em desfavor de membros de uma facção criminosa. Esses indivíduos já vinham sendo investigados pelo departamento, por além de integrarem essa célula dessa facção, estarem praticando diversos crimes, como roubos, tráfico de drogas, homicídios e também uma prática de tribunal de crime”, acrescentou.

Em entrevista ao Notícia da Manhã, Charles Pessoa destacou que já observou um enfraquecimento das facções criminosas com as operações realizadas em 2023 e acrescentou que as ações irão continuar neste ano.

“A gente já observa um enfraquecimento dessas facções criminosas; nós continuaremos com a mesma intensidade do ano de 2023, e a tendência é que esses grupos sejam cada vez mais enfraquecidos. Esses tribunais do crime servem até para esses indivíduos fazerem uma auto reflexão. Essas facções criminosas não trazem nenhum benefício, nem para a sociedade, nem para os membros que integram essas organizações criminosas. Pelo contrário, quando são presos, eles não recebem nenhum auxílio dessas organizações; eles simplesmente são utilizados como ferramenta dessa criminalidade organizada para proporcionar o luxo de uma pequena minoria”, disse.