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Entregador é solto após ser confundido com foragido da Justiça e passar quatro dias preso

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Foto: Arquivo Pessoal

Por Breno Moreno

O entregador Allan Santos da Silva, 24 anos, foi posto em liberdade após uma decisão judicial comprovar que ele havia sido preso por engano. Ele estava no último sábado (20) com amigos em um sítio localizado no povoado Boa Hora, na zona rural de Teresina, quando foi abordado por policiais que o confundiram com uma pessoa procurada por crimes no estado do Espírito Santo. 

Allan conta que foi levado até a Central de Flagrantes e depois para uma delegacia, onde permaneceu por três dias. "Não deixaram eu falar com ninguém. Minha mãe foi lá, chorou na frente do delegado e não deixaram. Disseram que eu era procurado pela Justiça de outro estado e não podia receber visita. Minha mãe levou minha documentação, mas mesmo assim não quiseram me liberar", pontuou.

Após passar por audiência, o entregador foi encaminhado para uma unidade prisional, a Colônia Agrícola Major Cesar. Ele teve o cabelo raspado e dividiu cela com outros presos.

“Não gosto nem de lembrar. É uma coisa que jamais imaginei passar na minha vida. Fui muito mais bem tratado pelos presos que pelos próprios policiais. Dormi dois dias na porta do banheiro", destacou. 

O jovem só foi solto depois de uma decisão do juiz Valdemir Ferreira Santos, coordenador da Central de Inquéritos de Teresina. Na sentença, o magistrado demonstrou que Allan foi confundido com uma pessoa com o mesmo nome que o seu, só que 18 anos mais velho, que possuía um mandado de prisão expedido pela 9ª Vara Criminal de Vitória.

“Nesse sentido, é patente o engano, uma vez que flagrantemente se tratam de homônimos, caso em que o cumprimento do mandado nem sequer deveria ter sido homologado, o que não extrapolaria as competências do juiz da audiência de custódia [...] embora este não tenha expedido a ordem prisional, ao tomar conhecimento do seu cumprimento, a ele é permitido adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades, em especial em hipótese como a dos autos, na qual resta evidente a discrepância entre os indivíduos e o próprio juízo expedidor da ordem reconheceu a ocorrência do erro por parte das autoridades que a cumpriram”, frisa a decisão.

 

 

Pai de uma criança de três anos, Allan afirmou que pretende voltar ao trabalho e entrar com uma ação contra o estado. “Quando eu estava preso, pensava no meu filho. Ele é meu maior motivo para trabalhar. Quero processar o estado, porque o que passei não quero nunca mais passar. Tenho até medo de andar na rua e saber que posso ser parado, preso novamente e transferido para outro estado”, concluiu. 

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) informou que não iria se manifestar sobre o caso. O Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) também foi procurado, mas respondeu o contato até a publicação dessa matéria. O espaço segue em aberto para eventuais esclarecimentos sobre a situação envolvendo Allan. 

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