Cidadeverde.com

Júri julga eletricista por feminicídio; irmão conta como ficou corpo de Valdirene após agressões

Imprimir
  • julgamento_1.jpg Renato Andrade/Cidadeverde.com
  • julgamento_2.jpg Renato Andrade/Cidadeverde.com
  • julgamento_3.jpg Renato Andrade/Cidadeverde.com
  • julgamento_4.jpg Renato Andrade/Cidadeverde.com
  • julgamento_5.jpg Renato Andrade/Cidadeverde.com
  • julgamento_6.jpg Renato Andrade/Cidadeverde.com

Por Adriana Magalhães

O júri que vai definir a sentença do eletricista Ezequiel Rodrigues, réu confesso do assassinato da empregada doméstica Valdirene Torquato, é formado por quatro homens e duas mulheres. O corpo de jurados foi definido pelos advogados de defesa, acusação e pela promotoria.

O promotor João Malato Neto atua na acusação de Ezequiel. Para ele, as qualificadoras estão comprovadas nos autos. E o réu deve ser condenado pelo feminicídio da ex-companheira.

A vítima foi atacada a facadas no bairro Ilhotas, zona sul de Teresina, nas proximidades da avenida Frei Serafim.  Valdirene Torquato da Silva estava a caminho do trabalho quando foi surpreendida e agredida. Populares registraram o momento das agressões em vídeos, mostrando inclusive quando o réu desferia as facadas na vítima. Veja vídeo.

Os pais de Valdirene Torquato não foram ao fórum para acompanhar o julgamento. A família está representada pelos irmãos da vítima.

O motorista Valdir Eugênio, irmão de Valdinere, falou com nossa equipe. Ele relatou o sofrimento da família desde o assassinato da irmã.

"Meus pais estão muito mal. Meu pai desenvolveu algum tipo de doença, e agora só vivemos com ele no hospital. Minha mãe é só tristeza", disse.

Os pais de Valdirene tiveram nove filhos, sendo seis homens e três mulheres. Valdirene é a primeira filha que o casal perdeu.

Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com

Valdir Eugênio disse que chegou ao local do crime e ainda encontrou a irmã com vida. Ele relatou que além das facadas, a irmã sofreu agressão física.

"Ele deu 17 facadas nela. Oito facadas foram nas costas. Além disso, ele bateu bastante nela. O nariz dela estava quebrado, o maxilar também, ele quebrou vários dentes dela. Eu a vi lá e vi no IML, as facadas transfixaram o corpo tamanha a violência", relembra o irmão.

Segundo o familiar, o relacionamento entre Valdirene e Ezequiel durou mais de uma década. E Ezequiel sempre foi um homem violento, sobretudo quando fazia uso de bebida alcoólica.

"Ele sempre foi violento, quando bebia ficava pior", disse.

O irmão da vítima relembrou os dias que antecederam a morte de Valdirene.

Segundo Valdir Eugênio, Ezequiel esteve na casa de Valdirene na noite que antecedeu ao crime e não a encontrou.

"Ele ia fazer o serviço na noite que antecedeu a morte dela, mas não a encontrou em casa. No dia seguinte ele matou ela, logo cedo, quando ela estava indo para o trabalho. Ele estava usando a mesma roupa que usava na noite anterior, quando foi até a casa dela", descreveu.

O crime aconteceu numa terça-feira, segundo irmão da vítima, Ezequiel pegou o filho no fim de semana que antecedeu ao crime.

"Ele pegou o filho no sábado, quando foi no domingo ele foi deixar a criança na casa da mãe. E ela estava lá vivendo a vida dela, se divertindo. Quando ele chegou lá e a viu com o namorado, ele olhou com aquele olhar de vingança. Eu alertei ela, pedi que ela tomasse cuidado, mas ele conseguiu matá-la", relembrou.

O filho da vítima está sendo criado pelos avós maternos, com o apoio de Valdir e de sua esposa.

"Outro dia eu cheguei de viagem, porque trabalho viajando, e encontrei ele chorando. Ele disse que estava com saudades da mãe", disse Valdir com lágrimas nos olhos.

Veja também: 

Valdir disse ainda que o menino, que hoje tem nove anos, não quer ouvir falar o nome do pai, e nem quer manter relacionamento com a família paterna.

"No ano passado, no Dia das Mães, ele fez um cartão para mim e minha esposa. Isso me deixou tão emocionado, mas eu preferia que ela estivesse aqui para receber aquela homenagem do filho dela", relembrou.

A primeira testemunha ouvida foi o policial militar que prendeu Ezequiel. Em seguida, foi ouvida uma amiga da vítima, que relatou o relacionamento conturbado entre Valdirene e Ezequiel.

O que diz a defesa?

Para a defesa, as qualificadoras de feminicídio e motivo fútil não estão sustentadas nos autos do processo.

"Não vamos relatar aqui o que está nos autos em respeito à memória da vítima, mas existiam motivos para o desentendimento entre ambos. A qualificadora de feminicídio não se sustenta porque ambos estavam separados há cinco anos, e ambos já estavam em outros relacionamentos", disse o advogado Smailly Araújo Carvalho da Silva.

"O réu confessou o crime, mas ele tem direito a um julgamento justo, e é com base nisso que vamos atuar", disse Letícia dos Santos Sousa.

 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais