Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com
Por Yala Sena
Pardos, pretos, jovens, sem antecedentes criminais e com ensino fundamental incompleto. É o que revela o mais novo censo carcerário do Piauí realizado pela Secretaria Estadual de Justiça (Sejus). De acordo com a pesquisa, 83% dos presos se autodeclaram pardos e pretos e 51,2% são primários, ou seja, primeira vez que entram no sistema prisional.
O perfil dos presos foi apresentado durante reunião no Ministério Público Estadual para os gestores e agentes que trabalham no sistema prisional do estado.
Segundo o levantamento, nas 17 unidades prisionais do estado abrigam 6.592 presos em celas superlotadas, já que existem somente 3.100 vagas.
Veja os principais dados:
51,2% dos presos são primários
48,8% são reincidentes
45% são presos provisóriosAssistência jurídica
43,1% são assistidos pela Defensoria Pública
14,3% não têm qualquer assessoria jurídica
Principais crimes:
37,1% roubos
21,1% tráfico de drogas
19,1% homicídios
83% se autodeclaram pretos e pardos
Renda
71,7% dos internos têm renda de 1 salário mínimo (R$ 1.412)
20,5% têm renda de um a dois salários mínimosEducação
56,1% têm ensino fundamental incompleto
7,8% se declaram analfabetos
19,5% não sabem ler e escrever
10,2% dos presos têm educação formal
Remissão de pena
81,5% não tem remissão pelo trabalho
11,3% tem remissão
10,2% remissão pela educação
3,7% por curso profissionalizante
Remissão - benefício dado ao preso, seja ele provisório ou condenado, de que a cada três dias trabalhados, será remido um dia de pena.
Um dado que também chama atenção é que a maioria da população carcerária é na faixa de 25 anos a 45 anos. No entanto, ao perguntar quando ele cometeu o delito, já muda a faixa que vai de 18 anos a 24 anos.
O diretor jurídico da Sejus, Heitor Bezerra, disse que o perfil é importante para saber o censo criminológico e social ajudando as instituições na tomada de decisões.
“O perfil ajuda no direcionamento de ações como na área de educação, para avaliar risco e ter decisões fundamentadas. Para que possamos classificar os presos e ajudar até na hora de reforçar a segurança nas unidades que têm a maior quantidade, por exemplo, de homicidas”.
Superlotação
O Piauí, que teve a fuga de 17 presos, é o estado com maior déficit de vagas em presídios do País, segundo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
O diretor da Sejus disse que para tentar resolver o problema da superlotação o governo trabalha com a construção de novas unidades e reforma das existentes. Segundo ele, está previsto a construção de um novo presídio em Buriti dos Lopes e reformas de unidades no interior do estado.