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No dia de aniversário de Francisca Trindade, Sônia Terra faz relato resgatando legado da deputada

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Fotos: arquivo pessoal

Por Yala Sena

A superintendente de Direitos Humanos da Secretaria de Assistência Social, Sônia Terra, fez um relato emocionante no dia do aniversário de Francisca Trindade, nesta terça-feira (26/março), resgatando a história de uma das políticas mais votada do Piauí.  

Sônia Terra, que conviveu com Trindade e eram amigas, disse que é um dia cheio de emoções, que se entrelaça com memórias afetivas. Se fosse viva, Francisca Trindade estaria comemorando 58 anos.   

Trindade morreu vítima de aneurisma cerebral em 26 de julho de 2003 em São Paulo. 

“Sua vida foi breve e intensa. Sua presença no mundo foi brilhante e revolucionária. Sua militância social e política desafiou os padrões da convencionalidade que ainda coloca em desigualdades homens e mulheres. Sua atuação parlamentar, incomodou e mudou muitas coisas na política tradicional, hétero branca e burguesa, à época”. 

Leia à integra o texto: 


TRINDADE: UMA VOZ QUE SEGUE ECOANDO ENTRE NÓS 
                                                                                                                                                                                                                                   

O 26 de março é sempre um dia marcado por muitas emoções, onde a saudade se entrelaça com lindas memórias afetivas. Estou falando da data do aniversário de vida da nossa eterna Francisca Trindade! Uma data que sempre será motivo de comemoração em agradecimento por tudo que ela nos ofertou em vida...por toda contribuição para nossa história política piauiense.

O ano passado de 2023, marcou 20 anos de sua partida, acontecida em julho de 2003, vítima de um aneurisma. Para celebrar esses 20 anos, a Fundação Deputada Francisca Trindade, presidida por sua irmã, professora Marli Trindade e que tem em sua coordenação um grupo de familiares e pessoas amigas, resolveu fazer uma extensa programação. Foram momentos intensos que perpassaram por exposição fotográfica, missa, sessão solene na Assembleia Legislativa e Câmara Municipal de Teresina, atividades culturais na Vila Irmã Dulce e na sede da Fundação, assim como uma ampla divulgação em redes sociais e outros meios de comunicação. Confesso que a cada evento, eu era tomada por novas emoções pela intensidade dos depoimentos e por perceber o quanto Trindade ainda é presente no nosso meio e é certo afirmar: “Trindade Vive”! Celebrar Trindade após 20 anos de sua partida nos permitiu reacender a força de sua existência, apresentando-a às novas gerações e mostrando o quanto foi significativa a sua trajetória no processo de organização das mulheres negras em Teresina e no Piauí e o diferencial que ela representou na sua trajetória como militante social e como parlamentar.

Nesse 26 de março de 2024, Trindade faria 58 anos. Sua vida foi breve e intensa. Sua presença no mundo foi brilhante e revolucionária. Sua militância social e política desafiou os padrões da convencionalidade que ainda coloca em desigualdades homens e mulheres. Sua atuação parlamentar, incomodou e mudou muitas coisas na política tradicional, hétero branca e burguesa, à época. Sua negritude incomodou e provocou novas inserções em espaços antes permitidos para nós, povo negro. Sua leveza e alegria de ser  quebravam a rigidez nos espaços que normalmente ela precisava circular e atuar. Sua certeza de saber quem era e de onde via, sempre a fizeram ter posicionamentos firmes e coerentes com sua realidade de mulher negra. 

Falar de Trindade é trazer muitas em uma. É falar na sua multiplicidade, que foi capaz de romper barreiras quase intransponíveis na violência que permeava a vida das mulheres negras e ocupar um lugar em Teresina, ainda não ocupado, na mesma intensidade parlamentar, por nenhuma de nós. É falar da força de sua voz firme em um discurso feminino que rompia a passividade esperada e que se expandia em representatividade coletiva de todas nós. É falar dos sonhos sonhados juntas e das dores partilhadas em busca da cura coletiva. É falar da coragem de herança ancestral superando e protagonizando novas histórias que marcaram uma época e cujas sementes continuam frutificando. Falar de Trindade foi e sempre será, falar do orgulho que sentimos de seu protagonismo de mulher negra e do seu importante legado para a história política, social e cultural piauiense.


Trindade vive e sempre viverá em nós!


*Sônia Terra é jornalista, educadora social, feminista negra e mestranda em Sociedade e Cultura/UESPI.

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