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Pacientes com doença falciforme denunciam falta de medicação regular no Hemopi

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Por Rebeca Lima e Gorete Santos (TV Cidade Verde) 

Pacientes com doença falciforme denunciam a falta de medicação regular no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi). Rosivaldo Leal, jardineiro de 44 anos que convive com a doença há 15 anos, afirma que além dos problemas com o tratamento adequado, não há cobertura para todos os exames necessários.

"Tem o problema da falta da medicação. Quando você vai fazer os exames no Hemopi, faz uma parte e a outra tem que ser feita de forma particular. Quando recebe um mês, passa quatro meses sem receber. Quando você passa quatro meses sem receber, corre para o hospital público com crises e, ao chegar lá, precisa tomar tramadol, morfina, e é uma complicação”, desabafa Rosivaldo Leal. 

Em entrevista ao Notícia da Manhã, a médica hematologista Melissa Palis destacou que o Piauí tem a maior taxa de mortalidade por doença falciforme no Brasil e ressaltou que o medicamento hidroxiureia não pode ser interrompido durante o tratamento.

“A medicação atua diminuindo as crises de falcização, então o paciente sente menos dor, vai menos aos prontos-socorros, a hemoglobina aumenta, a anemia se torna mais leve, ele recebe menos transfusões e tem menos danos crônicos nos órgãos, prolongando a vida. O ponto principal que precisa ser atacado de frente pelos gestores públicos é o fornecimento contínuo e adequado da hidroxiureia. O que o paciente relatou é real; eu atendo os pacientes no Hemopi e sei o quanto a medicação não está disponível regularmente, o que significa tratamento inadequado. Ou você usa com frequência, na dose adequada e com regularidade, ou não está tratando. Hoje, o Piauí não trata adequadamente os pacientes com doença falciforme”, pontuou a médica.

Em nota, a Diretoria de Unidade de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) informou que o medicamento hidroxiureia, usado no tratamento da doença falciforme, possui estoque disponível. Caso o usuário esteja apto a recebê-lo, pode se dirigir à unidade de dispensação no Hemopi. A diretoria também destacou que a grande preocupação é o acesso ao tratamento medicamentoso e trabalha constantemente para evitar interrupções no abastecimento desse medicamento.

Doença falciforme

A doença falciforme altera o formato dos glóbulos vermelhos, células responsáveis pelo transporte do oxigênio. A mudança dificulta a passagem pelos vasos sanguíneos, provocando má circulação por todo o corpo.

Além das graves consequências da doença, o número de mortes também é alto. Segundo o Ministério da Saúde, sem tratamento adequado, apenas 20% das crianças atingidas chegam aos cinco anos de idade. Todos os dias, pelo menos um brasileiro morre em decorrência da doença.

Apesar da invisibilidade, a doença falciforme é considerada a enfermidade genética mais comum no Brasil, e o Piauí é o terceiro estado com maior incidência, com uma taxa de 6,23 pacientes para cada grupo de 100 mil habitantes. Em Teresina, no ano passado, a doença foi responsável, em média, por 23 internações mensais.

 

 

 

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