A delegada Kátia Esteves faz nesta manhã uma acareação entre os travestis, os dois acusados de agressão e ameaça e testemunhas, na Delegacia de Combate às Práticas Discriminatórias. O caso aconteceu no último sábado. Os jovens Rômulo Bezerra Caminha Veloso e Jonas Vitor Corado são acusados de arrastar por um quarteirão na Rua Goiás, no bairro Ilhotas, a travesti Dérika Multimídia, onde faz ponto.

 

De acordo com a delegada, esse será o segundo boletim de ocorrência registrado contra os dois acusados. No depoimento de hoje eles respondem pelo crime de ameaça.

 

 

 

 

Segundo Kátia Esteves, Rômulo e Jonas negam o crime até o momento. Se for comprovada culpa, eles podem receber uma transação penal, já que o crime de ameaça é de 6 meses a 1 ano de prisão e, de acordo com a interpretação do juiz, essa pena pode ser convertida em pena alternativa.

 

 

Os travestis afirmam que foram à delegacia denunciar porque ficaram com medo de sofrerem tentativa de homicídio. "Sofrer agressão verbal, jogarem algum objeto em nós até consideramos normal. Mas a partir do momento que eles começaram a perseguir a gente, nós ficamos com medo e resolvemos denunciar. Nós estamos com medo de morrer. Inclusive, duas travestis foram embora para São Paulo por conta das ameças desses dois rapazes", contou Dérika Multimídia.

 

Para o defensor público Igo Castelo Branco, que é coordenador de Direitos Humanos da Defensoria e defende as travestis, a intenção é convencer o juiz para que a pena seja paga no Centro de Referência Homossexual, já que é um caso claro de homofobia.

 

 

Desde que a delegacia foi criada, em 2005, foram mais de 150 casos de violência física e verbal contra homossexuais no Piauí. Segundo a delegada, a lei já surtiu efeito, uma pessoa já foi condenada a prestar serviço no Centro de Referência Homossexual.