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Cesare Battisti quer sensibilizar Gilmar Mendes com greve de fome

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Na véspera do STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre a extradição ao ex-ativista Cesare Battisti, o italiano decidiu suspender o acompanhamento médico que recebe na penitenciária da Pupuda, em Brasília, em consequência da greve de fome que realiza desde a última sexta-feira.

Battisti vinha tomando soro desde ontem por recomendações médicas, mas optou por realizar integralmente a greve de fome na tentativa de sensibilizar o presidente do STF, Gilmar Mendes, a não conceder a extradição para a Itália.

Em encontro com um grupo de parlamentares na penitenciária, realizado hoje à tarde, Battisti disse que interrompeu o tratamento com o soro a partir de hoje. O italiano se mostrou fragilizado e abatido. Apesar de estar otimista com a possibilidade de o STF não conceder a extradição, o ex-ativista classificou de "extrema" sua situação. "Ele disse que ia até o seu limite máximo", afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
 

O parlamentar se mostrou preocupado com o destino de Battisti caso o STF decida pela sua extradição para a Itália. "Eu tenho convicção que, se ele for extraditado, não vai resistir. Não que ele tenha instintos suicidas, mas ele demonstra que pode resistir até à morte nesse jejum", afirmou.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o ex-ativista está confiante por uma decisão do STF contrária à extradição. "Expressamos a ele a nossa confiança de que o Supremo Tribunal, respeitando a verdade com o objetivo de realizar Justiça, conceda a ele o direito do refúgio. Eu tenho confiança que o ministro Gilmar Mendes, que tem a responsabilidade de buscar a verdade, que ele vai decidir pelo refúgio", afirmou o petista.

Vestido com calça e blusa brancas, com chinelo, Battisti se reuniu com os parlamentares em um auditório da penitenciária. Cerca de 20 parlamentares, entre deputados e senadores, participaram do encontro --a maioria deles integrantes das Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado, favoráveis à concessão de refúgio ao italiano.

Na conversa com os parlamentares, Battisti se mostrou irritado com alguns ministros do STF que argumentaram que o italiano cometeu crime comum, e não político, por isso deveria ser extraditado. "Ele disse estar perplexo por ser um condenado político na Itália, enquanto ministros do tribunal dizem que ele cometeu crime comum", afirmou Alencar.

Impasse

Com o placar empatado, o STF retoma amanhã o julgamento do pedido de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti --condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos. Falta apenas o voto de Gilmar Mendes, que terá que desempatar o julgamento. Até agora, quatro ministros votaram a favor da extradição de Battisti, e outros quatro contra o seu retorno à Itália.

Mendes já sinalizou em sessões anteriores que acompanhará o relator do caso, Cezar Peluso, a favor da extradição do italiano, juntando-se a Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie. Eles formariam uma maioria de cinco ministros a favor da extradição.

O grupo se opõe à visão dos colegas Cármen Lúcia, Eros Grau, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello, que defende a libertação do italiano devido a seu status de refugiado político. Mendes já afirmou que considera ilegal o ato do ministro Tarso Genro, que em janeiro deste ano concedeu refúgio ao italiano, contrariando decisão do Conare (Comitê Nacional para Refugiados).

Para derrubar o benefício, Peluso defendeu que o refúgio concedido por Tarso só poderia ter validade legal caso apresentasse argumentos concretos de que os crimes tiveram motivação política e que, por conta disso, há "fundado temor de perseguição política" caso ele volte à Itália.
 
 
Fonte: Folha Online
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