Na véspera do STF (Supremo Tribunal Federal) decidir sobre a extradição ao ex-ativista Cesare Battisti, o italiano decidiu suspender o acompanhamento médico que recebe na penitenciária da Pupuda, em Brasília, em consequência da greve de fome que realiza desde a última sexta-feira.
Battisti vinha tomando soro desde ontem por recomendações médicas, mas optou por realizar integralmente a greve de fome na tentativa de sensibilizar o presidente do STF, Gilmar Mendes, a não conceder a extradição para a Itália.
O parlamentar se mostrou preocupado com o destino de Battisti caso o STF decida pela sua extradição para a Itália. "Eu tenho convicção que, se ele for extraditado, não vai resistir. Não que ele tenha instintos suicidas, mas ele demonstra que pode resistir até à morte nesse jejum", afirmou.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o ex-ativista está confiante por uma decisão do STF contrária à extradição. "Expressamos a ele a nossa confiança de que o Supremo Tribunal, respeitando a verdade com o objetivo de realizar Justiça, conceda a ele o direito do refúgio. Eu tenho confiança que o ministro Gilmar Mendes, que tem a responsabilidade de buscar a verdade, que ele vai decidir pelo refúgio", afirmou o petista.
Vestido com calça e blusa brancas, com chinelo, Battisti se reuniu com os parlamentares em um auditório da penitenciária. Cerca de 20 parlamentares, entre deputados e senadores, participaram do encontro --a maioria deles integrantes das Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado, favoráveis à concessão de refúgio ao italiano.
Impasse
Com o placar empatado, o STF retoma amanhã o julgamento do pedido de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti --condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos. Falta apenas o voto de Gilmar Mendes, que terá que desempatar o julgamento. Até agora, quatro ministros votaram a favor da extradição de Battisti, e outros quatro contra o seu retorno à Itália.
Mendes já sinalizou em sessões anteriores que acompanhará o relator do caso, Cezar Peluso, a favor da extradição do italiano, juntando-se a Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Ellen Gracie. Eles formariam uma maioria de cinco ministros a favor da extradição.
O grupo se opõe à visão dos colegas Cármen Lúcia, Eros Grau, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello, que defende a libertação do italiano devido a seu status de refugiado político. Mendes já afirmou que considera ilegal o ato do ministro Tarso Genro, que em janeiro deste ano concedeu refúgio ao italiano, contrariando decisão do Conare (Comitê Nacional para Refugiados).