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Pessoas enganadas em Rondônia terão de pagar agiotas no Piauí

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Um piauiense ainda "preso" em Porto Velho/RO após uma falsa promessa de emprego relatou ao Cidadeverde.com como passou a última semana na capital de Rondônia. Foram 44 trabalhadores que saíram de Madeiro, município da região de Luzilândia, norte do Estado, com a garantia de trabalho na usina Jirau. Ao chegarem na cidade, não haviam postos de trabalho, e todos dormiram na rodoviária, sem ter o que comer.

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Paulo César Brito da Silva já fala ao telefone aliviado. "O pior já passou", disse o trabalhador, que fez empréstimo de R$ 800 com um agiota, a juros de 10%, para bancar a viagem de quatro dias de ônibus para Porto Velho. "Nós estavamos no Piauí e um rapaz de Rondônia chegou e contratou gente. Quando a gente chegou aqui, ficou todo mundo abandonado na rua", afirmou ao Cidadeverde.com. 

Os que não fizeram empréstimo, venderam geladeiras e outros eletrodomésticos, e até uma moto. Entre os 44 trabalhadores estavam pais que deixaram suas famílias, ou parentes que viajaram juntos, como irmãos, pais e filhos, tios e sobrinhos. A promessa era de ganhar R$ 950 na carteira de trabalho, sem contar as horas extras. O sonho acabou depois de uma noite ao relento no dia 25 de fevereiro. 

A história dos piauienses comoveu Porto Velho, e várias empresas se protificaram a ajudar oferecendo emprego. Depois do susto, três já voltaram para o Piauí, e a maioria quer fazer o mesmo. "Tem muita gente confusa, não sabe se fica, se não fica. Seis já arrumaram trabalho e vão ficar", confirmou Paulo César, que ganhou indenização, e terá de usá-la toda para pagar as contas da viagem.

Com a ajuda do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil no Estado de Rondônia - SITCCERO -, os trabalhadores tiveram comida e alojamento desde sexta-feira. Em seguida, conseguiram na Justiça do Trabalho indenização por parte da empresa que os contrataria. Serão R$ 1.500 para compensar as despesas da viagem de ida, já com o valor da passagem de volta, que gira em torno de R$ 430. 


Regresso
Anderson Machado, administrador do Sindicato, disse ao Cidadeverde.com que houve uma divergência entre a empresa e os piauienses com relação as passagens. Os trabalhadores queriam os bilhetes para poderem remarcar a data de volta de acordo com sua conveniênia, enquanto foi oferecido um ônibus fretado. O impasse deve ser resolvido até o final da tarde. A esperança é de que a viagem inicie durante a noite.

Sobre a alimentação paga pelo sindicato para os piauienses, Machado acrescentou que ingressará com outra ação para cobrar ressarcimento. 

Atualizada às 19h26min
Os trabalhadores não chegaram a um acordo com a empresa e continuam em Rondônia. O grupo vai ao Ministério Público tentar resolver o problema nesta sexta-feira.

Fábio Lima
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