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Quebradeiras de coco fazem mobilização no dia internacional da mulher

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A Comissão Pastoral da Terra Regional Piauí (CPT-PI) em parceria com a Associação de Mulheres Quebradeiras de Coco de Miguel Alves, realizam na próxima segunda-feira (8) mobilização alusiva ao Dia Internacional da Mulher. Um ato público será realizado no centro da cidade com reivindicações e também exposições de produtos artesanais. Mais de 500 mulheres são esperadas para o evento.

 
Este é o terceiro ano que a mobilização é feita na cidade. O objetivo é celebrar, fortalecer a luta das mulheres por melhores condições de vida e reivindicar políticas públicas de qualidade para as mulheres: “A CPT atua junto aos grupos com a formação humana e política, empoderamento, geração de renda com a fabricação de produtos de limpeza, artesanato e agora vamos intensificar um processo de capacitação para um maior aproveitamento de coco babaçu. No acompanhamento destes trabalhos, percebemos as necessidades pelas quais as trabalhadoras passam e por isso estamos levando as reivindicações para o ato público. O evento dá visibilidade para que as mulheres sejam reconhecidas como sujeitas de direito ”, declara Roselei Bertoldo.

 
A assessora afirma que a mobilização será um momento de denuncia sobre a violência praticada contra as mulheres. Ela cita dados nacionais que são assustadores onde quatro mulheres são espancadas por minuto no Brasil. Dos atos de violência que as mulheres sofrem, a grande maioria é praticada por alguém muito próximo: “70% dos assassinatos  são cometidos por ex-maridos ou ex-namorados. Estima-se que somente 10% das mulheres brasileiras vítima de violência fazem denuncia. A Violência responde por aproximadamente 7% das mortes de mulheres entre 15 a 44 anos no mundo todo. Aqui no Piauí a situação é agravante conforme dados da Delegada Vilma Alves. Só no ano de 2009 foram feitas 2.441 denuncias de violência, já em Miguel Alves, no mesmo ano, foram realizadas cinco denuncias”.

 
Uma programação variada foi montada para o dia internacional da mulher, onde será realizada uma alvorada e animação às 4h. Apartir das 7h será iniciado um ato público com a apresentação dos grupos de mulheres organizadas, denuncia dos casos de violência e entrega de um documento com reivindicações  ao Prefeito da cidade, Oliveira Júnior. O documento cobra do poder público municipal o cumprimento das solicitações feitas ainda em 2009, como a criação da delegacia especial da mulher; ampliação de vaga para atendimento odontológico para as trabalhadoras e trabalhadores do interior; maior atenção no atendimento ginecológico; acesso a água de qualidade no Assentamento Retrato, na Pedra Grande e nas comunidades do Ezequiel, Bom Principio; educação e por fim que o Poder Público faça no município, juntamente com a sociedade civil um amplo debate para a criação do Babaçu Livre. A Lei do Babaçu Livre garante às quebradeiras de coco do município e às suas famílias o direito de livre acesso e de uso comunitário dos babaçus (mesmo quando dentro de propriedades privadas), além de impor restrições significativas à derrubada da palmeira.

 
“O evento celebra as tantas vitórias, conquistas realizadas pelos grupos de mulheres organizados, o fortalecimento da auto-estima, a independência financeira, salário maternidade, aposentadoria, auxilio doença, Lei Maria da Penha. Por outro lado, o dia 8 de março é  um dia de fortalecer a luta organizada das mulheres na garantia dos direitos que ainda hoje são violentamente negados”, diz Roselei.


A Comissão Pastoral da Terra desenvolve trabalho em Miguel Alves há mais de cinco anos com o acompanhamento e organização de áreas de conflitos e assentamentos. Mais recentemente, a CPT-PI intensificou o apoio aos grupos de mulheres, que resultou na criação da Associação das Mulheres Quebradeiras de Coco, onde são desenvolvidos trabalhos de geração de renda, associativismo e educação. O trabalho é considerado referência e a experiência na cidade já foi levada para o Encontro de Políticas Públicas, ocorrido em novembro de 2009 na Fortaleza (CE).


Da Redação
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