O comércio mundial deverá ter crescimento de pelo menos 10% este ano, depois de ter sofrido uma brutal queda de 13% no ano passado, projeta o Deutsche Bank em avaliação divulgada ontem.
O banco alemão mostra um otimismo bem maior do que a maioria das organizações internacionais, que até agora têm previsto uma cifra próxima dos 5%, até por causa de incertezas persistentes na recuperação das economias desenvolvidas.
Os países ricos contribuem mais para o comércio global, com 67,1%, sendo 29% na zona euro, os EUA com 18,7% e o Japão com 5,8% do total. Mas suas exportações não voltarão aos níveis de antes da crise durante vários anos. No entanto, passaram o pior da recessão e as encomendas de exportação também aumentaram.
Sobretudo o Deutsche, uma das maiores instituições do mundo, se apoia numa expansão liderada pelas economias emergentes. A instituição diz que algumas delas mostram um desempenho próximo ou acima dos níveis de antes da recessão global provocada pela crise financeira.
Na quarta-feira, a China voltou a surpreender com o anuncio de alta de 46% nas exportações em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano anterior, trazendo mais evidências de uma robusta recuperação na economia.
As importações chinesas não ficaram atrás, aumentando 44,7% em fevereiro, mostrando que a demanda doméstica é também bastante forte.
Os sinais de força no comércio mundial começam a mobilizar políticos sobre a possibilidade de uma retomada da Rodada Doha para liberalização das trocas. Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), esteve esta semana em Washington tentando convencer os americanos a voltar à mesa da negociação.
No final do mês, os principais negociadores estarão em Genebra para avaliar o estado da rodada global. A ideia, a princípio, era de haver uma reunião de ministros, mas Washington bloqueou o projeto. Mas a reunião não foi suspensa, pela simples razão que nunca fora sequer marcada.
O Deutsche Bank nota que o comércio mundial chegou a cair 20% no inverno de 2008/2009, no rastro da pior recessão desde a segunda guerra mundial. O desmoronamento da demanda foi brutal, mas a falta de financiamento também piorou as dificuldades.
Agora, a recuperação tem sido mais pronunciada nas economias emergentes. Os últimos dados de exportações mostram uma recuperação "impressionante" da Ásia. Com seu enorme pacote de estímulo, a China deu força não só à sua economia, mas a todo o comércio asiático. Assim, o comércio entre Japão, Indonésia, Malásia e Taiwan também cresceu dois dígitos ao final de 2009.
Em janeiro, as exportações do Japão para a China aumentaram 80% em relação ao mesmo mês do ano passado, com peso forte nas vendas de químicos e produtos automotivos para o mercado chinês. As vendas japonesas para os EUA subiram 24%.
O dinamismo da recuperação está fazendo a Ásia bater recordes de vendas. Mas também América Latina e África podem superar seus volumes de exportação do período pré-crise, avalia o banco alemão.
Fonte: Uol