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Romário e caseiro Francenildo devem disputar vaga de deputado federal

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Entre as celebridades da área esportiva e musical, que vão disputar as eleições para o Congresso Nacional, está o jogador Romário e técnico do Atlético - Vanderlei Luxemburgo. A lista é extensa e demonstra que eles querem ingressar na política, apenas apostando no prestígio profissional ou no fato de ser um nome conhecido. A surpresa no rol, é o nome do caseiro Francenildo.

São eles:

- Romário (PSB), ex-jogador de futebol
- Edmundo (PP), ex-jogador de futebol.
- Dedé Santana (PSC), humorista de “Os Trapalhões”.
- Netinho (PCdoB), cantor e apresentador.
- Sérgio Malandro (PTB), humorista e apresentador.
- Márcio Braga (PMDB), cartola do Flamengo.
- Vanderlei Luxemburgo (PT… de Tocantins), o ex-técnico da seleção brasileira
- Vampeta (PTB) ex-jogador da seleção e do Corinthians.
- Sérgio Reis (PR), cantor e ator.
- André Gonçalves (filiado ao PMN), ex-Casa dos Artistas.
- Kleber “Bambam” (PTB), ex-Big Brother Brasil.
- Maguila (PTB), ex-boxeador.
- Eduardo Braga (PTB), filho do “rei” Roberto Carlos.
- Jean Wyllys (PSOL), vencedor do Big Brother 5.
- Marcelo Yuca (PSOL), ex-baterista do Rappa.
- Caseiro Francenildo (PSOL), pivô do escândalo que derrubou o ex-ministro da Fazenda Antonio Palloci.
- Danrlei (PTB), ex goleiro do Grêmio.
- Kiko (DEM), o K do grupo KLB.



Imagine uma sessão na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara presidida pelo ex-craque Romário (filiado ao PSB). Em plena apreciação de uma proposta de interesse nacional relatada pelo também ex-jogador Edmundo (o “Animal”, membro do PP). Os dois discutem a inclusão de uma emenda proposta pelo Trapalhão Dedé Santana (PSC), radicalmente contestada pelo cantor e apresentador Netinho (PCdoB). Diante do impasse, o humorista Sérgio Malandro (PTB) pede vistas (um tempo extra para analisar a matéria).

Ainda que a imagem acima pareça remeter a um antigo episódio da Escolinha do Professor Raimundo, a situação não é totalmente improvável no ano que vem. Todas essas celebridades não apenas se filiaram a partidos políticos como pretendem disputar em outubro uma vaga na Câmara dos Deputados.

Desde que o cantor Agnaldo Timóteo levou um aparelho de telefone para falar com sua mãe em seu primeiro discurso como deputado federal em 1982, o número de artistas e celebridades que se aventuram no mundo da política só tem aumentado. Se antes do golpe militar de 1964, o máximo de fama fora da política que se poderia esperar eram escritores como Jorge Amado, num Congresso formado, em sua maioria, por profissionais liberais, como médicos e advogados, os novos tempos da era da mídia na redemocratização mudaram os ares da Câmara e do Senado.

Se no começo desse período havia artistas com militância política reconhecida, como a atriz Bete Mendes, que integrou a primeira bancada do PT e acabou expulsa do partido por votar em Tancredo Neves na eleição indireta de 1985 no Colégio Eleitoral, agora a opção política das celebridades parece ter se tornado mais banal.

E elas vêm com força em 2010. E, em vez dos palcos, a nova leva é oriunda na maioria dos gramados de futebol. E não apenas na Câmara dos Deputados. Ao lado do cartola Márcio Braga (presidente do Flamengo, filiado ao PMDB), que já foi deputado, há o ex-técnico da Seleção Brasileira Vanderlei Luxemburgo (petista). Os dois estão de olho em uma cadeira do Senado. O jogador de futebol Túlio Maravilha (do PMDB) almeja uma vaga de deputado federal. Ainda no ramo futebolístico, há o jogador Vampeta que, filiado ao PTB, ainda não definiu qual cargo eletivo irá disputar.

Quer um cantor sertanejo? Que tal Sérgio Reis (candidato pelo PR)? Casa dos Artistas ou Big Brother Brasil? Quem prefere o reality show do SBT, pode optar pelo ator André Gonçalves (filiado ao PMN), que participou de uma das edições da Casa dos Artistas. Já quem votou em que Kleber “Bambam” ganhasse a primeira edição do BBB, pode agora arranjar para ele uma vaga no Parlamento, pelo PTB. André Gonçalves e “Bambam” sonham ser deputados. Não definiram ainda se estadual ou federal. Se aquelas “milhões” de pessoas que apresentador Pedro Bial jura toda semana que votam no paredão do BBB estiverem a postos, “Bambam” já está eleito.

O ex-boxeador Maguila, também filiado ao PTB, vive o mesmo dilema de André Gonçalves e “Bambam”: ainda não definiu que cargo disputará. “Eles [Maguila e Vampeta] são pré-candidatos com muita chance de serem candidatos. Estamos preparando as chapas”, disse ao Congresso em Foco o secretário de Comunicação do PTB, Ênio Rocha, informando que o partido decidirá seu escrete de celebridades em 27 de junho, na convenção estadual da legenda.

O PTB é o partido que mais apostou na busca de celebridades para puxar votos nas eleições de outubro. Segundo Ênio, embora nada esteja definido, há a possibilidade de que sejam lançados pela legenda nomes como Sérgio Malandro, suplente de vereador em São Paulo; Paulo Zorello, campeão mundial e presidente da Confederação Brasileira de Kickboxing (“um nome sempre lembrado pelo partido”); e Eduardo Braga, filho do “rei” Roberto Carlos. Ainda não há definição sobre quais cargos eles disputarão.

O “baixinho”

O presidente do PSB carioca disse que Romário será eleito com uma "votação significativa"

O diretório do PSB no Rio de Janeiro está confiante na eleição do “baixinho” Romário, campeão mundial de futebol em 1994, para deputado federal. Segundo o membro da executiva estadual Leo Malina, “em geral, a temperatura está boa” acerca das possibilidades do craque.

“No Rio de Janeiro vamos fazer quatro deputados federais”, prevê o presidente do PSB fluminense, Alexandre Cardoso, secretário de Ciência e Tecnologia do estado. Ele disse à reportagem que Romário será eleito com uma “votação significativa”. “Ele vai cuidar muito da questão do esporte, vai ter um papel importante em épocas de Copa do Mundo no Brasil”, acrescentou Alexandre, destacando a experiência internacional de Romário em países como Espanha e Holanda, em times como o Barcelona e o PSV Eindhoven.

Alexandre rejeita a tese de que uma figura sem tradição política não pode exercer a atividade. “O que é um político? O Delfim Neto é economista”, exemplificou, em menção ao ex-ministro da Fazenda. “O Romário será representante do esporte. Lógico que ele não vai dar uma contribuição teórica, mas vai ser muito útil na discussão dos passes [direitos sobre o atleta], de questões práticas da legislação. Ele não vai falar sobre energia nuclear, da mesma forma que um doutor em energia nuclear não vai falar de futebol.”

Para o secretário de estado, a Câmara deve ter pluralidade. “Não pode essa elite achar que a Câmara deve ser só de doutor.”

Figuração

Para o cientista político Leonardo Barreto, as celebridades que se lançam na política “ficam perdidas” em meio ao processo legislativo. “São pessoas sem experiência e que contam apenas com a popularidade. Certamente vão encontrar duríssimas dificuldades [nos respectivos postos]”, disse Leonardo. “Acabam por ser parlamentares bastante duvidosos. Nenhum deles [candidatos-celebridade] se destacou no exercício de seus mandatos.”

“Essas pessoas vão acabar servindo apenas para compor votação. Como eles não têm atividade reconhecida, vão acabar seguindo liderança e fazendo figuração.”

Pesquisador do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Leonardo aponta qual seria o principal prejudicado com a eleição de “famosidades”. “São os próprios eleitores. Eles vão ficar sem voz no Congresso, seus estados não estarão devidamente representados”, observa o especialista, acrescentando que apenas um “processo de depuração” do eleitorado pode impedir a ascensão das pseudo-celebridades à política, uma vez que “eles têm direitos políticos como qualquer outra pessoa”.

“É bom enfatizar que isso não acontece só no Brasil”, acrescenta o pesquisador, citando o exemplo do governador da Califórnia (EUA), o astro de Hollywood Arnold Schwarzenegger – o “governator”, irônica alusão à trilogia por ele protagonizada O Exterminador do Futuro (ou, em inglês, Terminator). “De certa maneira, isso faz parte do jogo.”

O secretário de Comunicação do PTB discorda do cientista político. Para Ênio, “não há problema algum” no fato de cantores, atores, jogadores de futebol ou demais figuras conhecidas disputar cargos eletivos. “Todos viam o Frank Aguiar com reserva. Ele teve atuação brilhante no Congresso”, exemplificou, lembrando que o artista relatou “com êxito”, na Câmara Federal, o projeto que cria o Plano Nacional de Cultura.

“É um caráter subjetivo. Você não pode avaliar um artista como político a partir do momento em que você não o conhece”, acrescentou Ênio, dando outros exemplos, desta vez estrangeiros, de políticos-celebridade competentes. “Ronald Reagan era visto como canastrão na arte de representar, mas foi um grande presidente dos Estados Unidos. Arnold Schwarzenegger é um governador competente. Não há óbice nenhum. Se o candidato vai defender o ideário partidário e tem qualificação, não importa se é cantor, jogador de futebol ou artista.”

 

Fonte: Congresso em Foco

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